Em maio de 2018, fãs de Lucifer foram pegos de surpresa quando a Fox, emissora responsável pela série, cancelou a produção apesar de sua popularidade e do gancho deixado em seu episódio final. Ciente da grande – e barulhenta – base de fãs espalhada pelo mundo, a Netflix acertou o retorno da série, garantindo duas novas temporadas cerca de um mês após o corte. Dois anos depois do susto, a produção estreia sua quinta temporada, com uma sexta já garantida no streaming.
“[A renovação] foi como ganhar na loteria”, disse ao Omelete Aimee Garcia, que vive a espirituosa Ella no programa. A atriz lembra que estava na Alemanha para uma convenção quando recebeu a notícia do cancelamento e decidiu afogar as mágoas com “um cone enorme de sorvete”. Para Garcia, os dias seguintes ao “fim” de Lucifer fizeram o elenco e os produtores perceberem o sucesso do seriado mundo afora. “Nós recebemos mensagens de amor nas redes sociais e as pessoas começaram a lutar para que o programa fosse resgatado. Ficamos muito impressionados”. Segundo a atriz, os fãs brasileiros foram parte importante do movimento que levou à renovação da série.
Comparando o cancelamento pela Fox como um término de relacionamento, DB Woodside não guarda mágoas da emissora. “Às vezes, o fim é ótimo pra quem tomou um fora”, brincou o ator de Amenadiel. “Cancelar [Lucifer] foi a melhor coisa que eles poderiam ter feito pela série. O programa explodiu desde que chegamos à Netflix e somos extremamente gratos por isso”. Assim como Garcia, Woodside cita os fãs “leais” como principais responsáveis pela renovação. “Nós estamos no ar hoje por causa deles. Não importa o quão grande ou popular o seriado fique, nós sempre seremos fiéis a esses fãs ‘originais’”.
O ator, no entanto, não esconde a surpresa de ver Lucifer chegar à sexta temporada, já que a quinta havia sido anunciada como a última. “Foi um pouco chocante, porque nós já tínhamos nos despedido e estávamos prontos para seguir em frente. Mas sejamos honestos: têm coisas muito piores do que ser chamado de volta para um trabalho que você ama”.
Membro original do elenco, Lesley-Ann Brandt sabe como poucos a popularidade da série ao redor do mundo. A atriz, que veio ao Brasil para a CCXP19, diz que já percebia o sucesso de Lucifer desde os tempos de Fox, mas ainda assim se impressiona com a maneira como é recebida quando vai a outros países. “As boas-vindas que eu recebi dos brasileiros foi incrível. Eu vivo de uma maneira meio anônima onde moro. Meus vizinhos não sabem com o que eu trabalho. Mas quando eu viajo, vejo o impacto da série, quantas pessoas nós tocamos. É muito legal e somos gratos por esse apoio”.
Ao longo de cinco temporadas, Brandt revelou diversas facetas de Maze, principal aliada de Lucifer (Tom Ellis) na série. De 2016 para cá, a demônio foi de uma assassina impiedosa e expert em tortura para uma amiga inseparável para Chloe (Laura German), Linda (Rachel Harris) e Trixie (Scarlett Estevez), uma transformação que a atriz não imaginava que aconteceria quando aceitou entrar na série. “Sempre queremos que nossos personagens sejam profundos e cheios de nuances, e explorar diferentes aspectos para que sejam bem desenvolvidos. Mas eu não sabia quanta humanidade nós veríamos [na Maze], então isso me surpreendeu em todas as temporadas”.
O irmão celestial do protagonista também pegou DB Woodside de surpresa. Inicialmente revelado como um rival de Lucifer, Amenadiel se entendeu com o anjo caído, com quem hoje tem uma ótima relação. “Quando eu entrei na série, me disseram que ele seria o grande vilão”, lembrou o ator, que disse que o crescimento do anjo o surpreendeu do mesmo jeito que surpreendeu os fãs.
“Nossos roteiristas são muito bons em virar personagens e tramas de cabeça para baixo”, comentou Garcia sobre a evolução muitas vezes inesperadas dos principais nomes de Lucifer. “Nesta temporada, Ella tem alguns dos momentos mais sombrios que a série já teve e você nunca espera que essa personagem leve que só quer abraçar todo mundo protagonize uma das cenas mais tensas já filmadas pro programa”.
A praticamente um ano de chegar ao fim, Lucifer verá Sandman, HQ clássica de Neil Gaiman que deu origem aos personagens, ganhar sua própria adaptação na Netflix. Quadrinista e fã confessa da obra, Garcia diz que vai “implorar” para a plataforma para conseguir uma participação na nova série. O entusiasmo é compartilhado por Woodside que, apesar de não ter o mesmo conhecimento do mundo das HQs que a colega, diz que “trabalharia para a Netflix pelo resto da minha vida”.
Brandt também não descartou o retorno, embora tenha uma exigência compreensível para retornar à pele da personagem que vive há cinco anos. Sem descartar pequenas participações em “um episódio ou dois”, a atriz disse que seu retorno só acontecerá “se eu achar que existe mais alguma história para contar e como querem contá-la. É sempre bom deixar um personagem quando ele está no auge”.