Arsène Lupin é o grande ídolo de Assane (Omar Sy), e não à toa ele é uma figura muito presente na série da Netflix. Seja nos momentos fanboy do protagonista e do detetive Guedira (Soufiane Guerrab), seja nos mínimos detalhes dos seus esquemas mirabolantes, o ladrão de casaca criado pelo autor Maurice Leblanc no início do século XX acaba funcionando praticamente como um aliado de Assane, assim como é Ben (Antoine Gouy) e outros tantos personagens que orbitam seu universo.
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Logo, não faltam em Lupin referências e easter eggs ao clássico personagem da literatura francesa. Confira a seguir as principais delas:
[Atenção: a lista contém spoilers!]
Os (muitos) disfarces
Assim como Arsène Lupin, Assane é um grande entusiasta dos disfarces. No seu esconderijo, ele tem todo tipo de roupa e acessório para fazê-lo passar despercebido pelas pessoas. Seja como um investidor, um hipster entendido em tecnologia ou um entregador. Um garçom, um senhor de idade ou um bombeiro descolado. Não importa. Ele está sempre preparado para surpreender a todos com seu visual.
Os pseudônimos
Assane não tem medo do perigo mesmo, porque ele presta homenagem ao ladrão de casaca até nos pseudônimos que escolhe. No início da série, por exemplo, ele adota o nome Paul Sernine, um anagrama a Arsène Lupin. Mais tarde, na Parte 2, ele coloca Ben para ajudá-lo num esquema usando o nome Horace Velmont, um disfarce que foi usado por Lupin no conto A Aliança de Casamento.
Raoul
Até na hora de batizar o filho, Assane não abriu mão de uma boa referência a Lupin. Mas com o menino nascendo no dia 11 de dezembro, data do aniversário do autor Maurice Leblanc, é quase como se o cosmos tivesse conspirado a favor dele mesmo. Depois de Claire vetar as opções mais óbvias, isto é, Arsène e Maurice, o casal chegou num consenso em Raoul, o nome do meio do clássico ladrão.
O monóculo e a cartola
A cartola e o monóculo de Arsène Lupin não fazem parte do guarda-roupa de Assane no dia a dia. Na realidade, o protagonista da série da Netflix é mais chegado a uma boina e um par de tênis estiloso. No entanto, o visual do ladrão de casaca é sim representado em Lupin, ao final da primeira parte, quando a família vai a Étretat. Lá, como muitos turistas, Raoul (Etan Simon) zanza pela cidade com ambos os acessórios e uma capa --razão pela qual depois fica tão difícil encontrá-lo.
Inspetor Ganimard
Na Parte 1, Assane e Guedira encarnam a relação de gato e rato que Lupin e o Inspetor Ganimard têm nos livros, isto é, embora Guedira consiga sim desvendar alguns dos esquemas do ladrão, ele acaba sempre um passo atrás dele, virando até motivo de chacota entre seus colegas. A Parte 2, porém, torna essa referência ainda mais explícita, com Ganimard virando um codinome para Guedira.
Arsène Lupin contra Herlock Sholmes
Uma das principais referências da Parte 2 de Lupin são os contos do livro Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, que coloca o personagem de Maurice Leblanc contra um adversário à sua altura: o icônico detetive inglês Herlock Sholmes. Sim, você leu direito. Esta é uma versão paródica do icônico herói de Arthur Conan Doyle, adotada após o autor britânico se irritar com a apropriação de seu personagem. Nessa coletânea, há dois contos, ambos citados nominalmente na temporada: A Mulher Loura e A Lâmpada Judaica. Enquanto a série ressignifica o primeiro mudando um pouco o papel da figura da misteriosa personagem-título, o segundo aparece como um objeto cênico nada ordinário.
813
Outra menção importante à obra original de Leblanc é o livro 813, última história do ladrão de casaca que menciona Sholmes. O número em si é referenciado diretamente na senha do celular do inspetor Guedira e no quarto em que Dumont (Vincent Garanger) esconde Raoul. No entanto, a trama do conto, em que Lupin é acusado de assassinato e tenta comprovar sua inocência, é justamente o dilema de Assane na Parte 2 da série.
Teatro Châtelet
O embate final entre Assane e Hubert Pellegrini (Hervé Pierre) na Parte 2 acontece no Teatro Châtelet. A escolha não foi à toa. O local foi palco da primeira adaptação teatral com Arsène Lupin, em 1910.
"Gentleman Cambrioleur"
A trilha sonora que embala a vitória de Assane é "Gentleman Cambrioleur", de Jacques Dutronc, outra referência muito bem pensada de Lupin. Na música, Dutronc canta: "Ele é o maior dos ladrões / Sim, mas ele é um cavalheiro / Ele vai tomar seus queridos bens / Sem sequer usar uma arma / [...] O ladrão de casaca / É um bom homem". Os versos são inspirados, claro, em Arsène Lupin, mas cabem muito bem também para descrever o herói da série.
Courbet
O pintor Gustave Courbet é a inspiração de um disfarce criado por Assane para um de seus aliados. A conexão entre o artista e as histórias de Arsène Lupin está em um de seus quadros mais conhecidos, Falésias de Étretat, que retrata a cidade francesa mais associada ao personagem de Leblanc.
Marius Jacob
Além de Sherlock Holmes, uma das figuras que Maurice Leblanc usou de inspiração para criar Arsène Lupin foi o anarquista Marius Jacob, figura que Raoul aparece estudando ao final da Parte 2. Adepto do ilegalismo, Jacob foi um ladrão conhecido, principalmente, pelo seu humor. Está aí uma característica que ele compartilha tanto com Lupin, quanto com Assane.