Que o streaming se tornou a nova TV, muita gente já suspeitava, mas agora, uma nova reportagem aponta que a própria Netflix sabe que se tornou a segunda tela de muitos usuários e quer manter até mesmo os consumidores mais desatentos a par do que está acontecendo na tela. Segundo um longo ensaio publicado na revista N+1, a plataforma está cada vez mais focada na audiência casual, até mesmo pedindo para que roteiristas façam os personagens anunciarem, em voz alta, o que estão fazendo:
"Vários roteiristas que trabalharam para a Netflix me disseram que uma observação comum dos executivos da empresa é: 'Faça este personagem dizer o que está fazendo para que os espectadores que estão assistindo ao programa de forma casual ou com ele de fundo possam acompanhar a história'"
A publicação usa um dos filmes mais recentes da plataforma, Um Desejo Irlandês, estrelado por Lindsay Lohan, como exemplo. No roteiro, a personagem relata o dia de amores que passou junto de um amante:
"Passamos um dia juntos. Admito que foi um dia lindo, cheio de paisagens dramáticas e chuva romântica, mas isso não lhe dá o direito de questionar minhas escolhas de vida. Amanhã, eu me caso com Paul Kennedy".
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O repórter ainda ressalta que essa forma de narrar a trama, quase que como um audiobook, ou uma rádio novela, é bem descrita em uma das tags entre as trinta e seis mil microcategorias da Netflix, que oferece um nome adequado para esse tipo de conteúdo: "Visualização casual".
Para quem cresceu com a TV aberta ligada ao fundo "para fazer companhia" e buscava novas opções, parece que a plataforma encontrou, nessa atividade de assistir passivamente, um novo filão de mercado para explorar. Seja para os nostálgicos ou para aqueles que estão descobrindo a "companhia" dos conteúdos agora.