A ideia de revisitar a Terra Média sem a companhia dos hobbits soa, no mínimo, estranha. Depois de gerações de fãs serem introduzidas a este universo pelos olhares inocentes de Frodo e Sam, enquanto a dupla toma a difícil decisão de deixar o bucólico e tranquilo Condado para trás para destruir O Anel, é difícil dissociar essas criaturas à essência da criação de J. R. R. Tolkien. No entanto, quando o próprio autor deixa explícito que eles não fizeram nada de relevante até a Terceira Era, quando se desenrola toda a trama de O Senhor dos Anéis, que opções restam para uma série como Os Anéis de Poder, ambientada quatro mil anos antes? A resposta para os criadores da nova produção, Patrick McKay e J. D. Payne, foi apresentar ao público seus ancestrais, os pés peludos ("harfoots", no original).
- Já vimos! Os Anéis de Poder leva encanto de Tolkien a fãs e leigos
- [especial] Lá e de volta outra vez: Como O Senhor dos Anéis de Peter Jackson mudou a fantasia
Não restam dúvidas de que as duas espécies compartilham muitas semelhanças físicas, basta assistir a qualquer uma das prévias lançadas pelo Prime Video. Há, porém, ao menos um elemento que os distingue com clareza, como explicou ao Omelete a atriz Markella Kavenagh, a intérprete da “resoluta e curiosa” Nori Brandyfoot, durante a San Diego Comic-Con. “Diria que a principal diferença são suas circunstâncias. Os hobbits têm o Condado. Eles têm um lar. Os pés peludos estão no processo de encontrar esse lugar” — visão esta compartilhada com seu colega de elenco Dylan Smith, que interpreta seu pai e líder da comunidade, Largo Brandyfoot. “Os hobbits têm abundância. E a gente tem sorte se encontrarmos comida no nosso próximo destino”.
Veja, enquanto o restante da Terra Média vive o que parecem ser tempos prósperos, cada um no seu reino, os pés peludos temem pela escassez e, por isso, formam uma comunidade em constante movimento. “Carregamos uns carrinhos. Eles são as nossas casas e as levamos para onde quer que migramos", explicou Kavenagh sobre o estilo de vida deles que, por sinal, desagrada sua personagem. "Ela quer subverter a tradição para melhorar sua qualidade de vida. Ela acredita que assumir riscos é o jeito de conseguir isso — às vezes, colocando outros pés peludos em perigo".
Mas, mais do que nômades, Smith destacou que, para os criadores, era importante que tanto ele, quanto Kavenagh enxergassem que estas criaturas eram, na verdade, refugiados. “A essência era compreender por que vivíamos daquele jeito e pelo que estávamos lutando. Era mergulhar na noção de que são outros seres lutando por aqueles pequenos momentos de liberdade, de risada. São um povo vulnerável que luta pelo que há de mais simples no mundo: ter um coração amoroso e leve, em vez de um duro”.
Nesse sentido, ainda que tenham suas particularidades, Os Anéis de Poder escancarou para o ator qual é a essência de um hobbit e de um pé peludo: “tem algo no coração [deles]”. “Por que Tolkien os colocou nesse mundo, em que eles não têm o mesmo tipo de ação sobre a história como os outros mundos? O mal acontece e a gente sofre, sofre e sofre. É ali onde a chama se mantém acesa. E se essa chama apagar, acabou tudo, sabe?”.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder estreia nesta quinta-feira (1º) com dois episódios, no Prime Video.
O Omelete agora tem um canal no Telegram! Participe para receber e debater as principais notícias da cultura pop (t.me/omelete).
Acompanhe a gente também no YouTube: no Omeleteve, com os principais assuntos da cultura pop; Hyperdrive, para as notícias mais quentes do universo geek; e Bentô Omelete, nosso canal de animes, mangás e cultura otaku.