ATENÇÃO: Spoilers de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder a seguir!
O sexto episódio da segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder foi mais fundo do que nunca na cosmologia única do universo criado por J.R.R. Tolkien. A trama da série localizada na ilha humana de Númenor tem trazido, desde o primeiro ano, um conflito ético e religioso entre os habitantes: alguns, liderados por Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e conhecidos como Fiéis, se apegam a tradições antigas que incluem relações amigáveis com os elfos da Terra Média e uma crença nos deuses conhecidos como Valar; outros, representados por Pharazôn (Trystan Gravelle), advogam por uma postura isolacionista e não dão crédito às tradições religiosas tradicionais.
Com a ascensão de Pharazôn ao trono, vista logo nos primeiros episódios da segunda temporada, os Fiéis começaram a ser perseguidos e silenciados. Elendil (Lloyd Owen), no entanto, se recusou a reconhecer o novo rei, e por isso foi enviado para “Julgamento por Abismo”, um costume antigo no qual o acusado é jogado ao mar para ser capturado por uma enorme criatura aquática, que supostamente tem o poder de julgá-lo inocente e culpado em nome dos Valar. Em um ato de liderança sacrificial, Míriel tomou o lugar do seu fiel súdito de última hora, e a tal criatura a capturou apenas para devolvê-la à costa intacta, “provando” assim que os Valar a consideravam inocente.
Mas o que são os Valar, afinal? Na cosmologia de Tolkien, eles são basicamente os governantes do mundo, criaturas míticas enviadas por Eru Ilúvatar (o equivalente de Deus em O Senhor dos Anéis) para moldar o universo inicialmente criado por ele. Os Valar são quatorze, ao todo, cada um deles sendo responsável por um aspecto do universo - Manwë é o Rei dos Ventos, Varda é a Rainha das Estrelas, Ulmo é o Rei dos Mares, Aulë é o Rei das Terras, e por aí vai -, com a exceção de Melkor, mais tarde rebatizado Morgoth, que foi contra as ideias de seus irmãos e, em sua revolta, acabou sendo banido e se tornando o primeiro Lorde das Trevas.
Ao contrário dos deuses da mitologia grega ou romana, os Valar de Tolkien raramente se metiam nos assuntos das raças da Terra Média após sua criação. Escondidos em Valinor, as mesmas terras de onde os elfos surgiram antes de migrar para a Terra Média, eles só se fizeram conhecidos algumas vezes durante as Eras descritas por Tolkien. Uma delas foi justamente para derrotar seu irmão rebelado, Morgoth, e outra foi para enviar os Istari (conhecidos como magos, raça da qual Gandalf e Saruman fazem parte) para tentar libertar a Terra Média do punho de ferro de Sauron - uma figura que eles já conheciam muito bem.
Isso porque os Valar um dia já foram os “chefes” de Sauron, quando ele era um dos Maiar - seres mágicos de ordem menor, também criados por Eru Ilúvatar, desta vez para ajudar os Valar em suas respectivas missões. Sauron, então chamado de Mairon, era discípulo de Aulë antes de ser corrompido por Melkor e se juntar a ele em sua missão de levar as trevas à Terra Média. Basicamente qualquer outro ser de grande poder que existe na mitologia de Tolkien fez parte dessa ordem dos Maiar, incluindo Gandalf, Saruman e os Balrog.
Enfim, a cosmologia complexa de O Senhor dos Anéis mostra a dedicação lendária de Tolkien aos detalhes, e o seu uso na sérieindica que a série está mesmo obstinada em conquistar os fãs da franquia. Os Anéis de Poder está disponível para streaming no Prime Video - os novos capítulos são lançados semanalmente, sempre às quintas-feiras.