Desde que despontou em Dia de Treinamento, Antoine Fuqua nunca correspondeu à carreira que se esperava dele. Se no filme que rendeu um Oscar de Melhor Ator a Denzel Washington o cineasta revelou uma pegada autoral, cheia de promessa para o futuro, seus demais longas não passaram do lugar-comum.
Invasão à Casa Branca
Invasão à Casa Branca
Em Invasão à Casa Branca (Olympus Has Fallen), Fuqua se anula de vez, abraçando a natureza do projeto, que se limita a imitar o clássico Duro de Matar em quase todos os sentidos.
O roteiro dos estreantes Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt acompanha um ex-oficial do serviço secreto, vivido por Gerard Butler, que tem a chance de se redimir de um erro do passado quando torna-se a única esperança dos EUA contra terroristas norte-coreanos que tomam a residência oficial do presidente (Aaron Eckhart), a Casa Branca, em Washington.
O filme entrega exatamente o que é esperado: o "pistoleiro solitário" escondendo-se pelos corredores enquanto elimina, um por um, seus oponentes cheios de recursos das maneiras mais variadas possíveis. E tome tiroteios competentes, explosões e frases de efeito, com o "sangue da terra" fazendo o que os burocratas são incapazes. O que surpreende mais é a violência, que não é exagerada mas não se furta em mostrar o que está efetivamente acontecendo, sem desviar a câmera. Em tempos em que a censura 13 anos - que não permite sangue - impera, tornando raro esse tipo de cena no cinema de ação, é revigorante ver algo "adulto" em um filme do gênero.
Gerard Butler não é nenhum Bruce Willis, mas segura bem o filme, que tem os bons apoios de Eckhart, Angela Bassett e Morgan Freeman. Os ótimos atores não têm muito o que fazer, mas suas cenas, mais carregadas de tensão, fazem um contraponto a toda a pancadaria.
O único ponto de Invasão à Casa Branca que não tenta emular Duro de Matar é o tom. Não há qualquer bom humor no filme, algo que, aliado ao tema, evidencia o sentimento de insegurança vigente nos Estados Unidos. Afinal, as cenas iniciais trazem à mente o 11 de setembro e, com a iminência de uma guerra contra a Coreia do Norte, a produção de blockbusters do país está cada vez mais abundante de filmes em que o presidente - a instituição maior da democracia - é colocado em perigo. G.I. Joe: Retaliação o trocou há menos de 15 dias. Invasão à Casa Branca o fez refém e, a seguir, outro filme de título quase igual no Brasil, Ataque à Casa Branca, voltará a colocar sua residência sob a mira de um exército. Em todos eles, apenas um pequeno grupo isolado (não é por acaso que Gerard "Leônidas de 300" Butler está no filme) resta entre a manutenção do "modo americano" e a aniquilação nuclear total.
Bons tempos em que tudo o que John McClane precisava impedir era um assalto.
Invasão à Casa Branca | Cinemas e horários
Invasão à Casa Branca | Omelete Entrevista Antoine Fuqua e Gerard Butler
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: 16 anos
Duração: 120 min