No programa de hoje falamos tudo sobre o Shazam! Ele já trocou de nome, já foi coadjuvante e até rival do Superman, mas agora está preparado para ganhar os holofotes com um filme solo estrelado por Zachary Levi. Um dos personagens mais antigos das HQs, a história dele começa no início da década de 40.
Nessa época, os heróis começavam sua ascensão nos quadrinhos. A DC era o grande expoente com o Superman e o Batman, mas em fevereiro de 1940, a editora Fawcett colocava em circulação a segunda edição da revista Whiz Comics e nela estava um herói que prometia rivalizar com esses gigantes dos quadrinhos. De roupa totalmente vermelha, uma capa amarela curtinha e um relâmpago dourado no seu peito aparecia o... Capitão Trovão. Não era o melhor nome, tanto que antes do lançamento ele virou o Capitão Marvel!
Bill Parker e C. C. Beck, os criadores do personagem, pensaram em uma história até que simples: um dia, o jovem Billy Batson, um pobre órfão que trabalhava como jornaleiro, estava vendendo seus jornais no metrô da cidade quando uma figura misteriosa o chamou e mandou que o seguisse por um túnel. Lá, o jovem encontrou uma grande câmara e em um trono de pedra estava um mago chamado Shazam. Ele explica para o menino que luta contra as forças do mal desde a época dos egípcios e precisava que ele virasse seu sucessor. Então, ao gritar o nome do mago, o garoto se transformava em um herói.
Pela primeira vez, uma história explorava elementos mágicos que até então ainda não haviam sido trabalhados em uma história de herói. Shazam são as letras iniciais de alguns personagens míticos da história e cada um deles emprestou algum poder ao heróis: de Salomão, recebeu a sabedoria; de Hércules, a força; de Atlas, o vigor físico; de Zeus, o poder; de Aquiles, a coragem; e, de Mercúrio, a velocidade. Isso seria suficiente para o sucesso do herói, mas o que mais encantou o público foi a identificação com Billy Batson.
Apesar de virar um homem heroico nos moldes de Fred MacMurray, que você pode não conhecer, mas era um dos grandes galãs da época, o herói mantinha a inocência do jovem Billy. Tudo isso somado fez com que rapidamente a HQ se tornasse um sucesso de público tão grande que não demorou para o quadrinho ser um dos mais vendidos dos EUA, ultrapassando até mesmo o Superman em popularidade chegando a vender 2 milhões de HQs mensais contra 1 milhão do herói original. Por isso, não demorou para o personagem fazer história em outras mídias.
Em 1941, o personagem se tornou o primeiro herói dos quadrinhos a ganhar uma versão live-action. Estrelada por Tom Tyler e Frank Coghlan Jr., As Aventuras do Capitão Marvel contou com 12 partes e apareceu seis meses antes da animação do Homem de Aço. Parecia que o Shazam iria dominar o mundo, mas todo esse sucesso incomodou a principal rival da Fawcett.
No mesmo ano em que sua série era lançada, a National Periodical, que era o nome da DC na época, abriu um processo judicial contra a editora do Capitão Marvel – acusando o herói de ser um plágio do Superman. A batalha se estendeu por anos e acabou apenas em 1953 com um final um tanto quanto trágico: em 1953, a Fawcett decidiu fechar as portas por conta do baixo número de vendas, abandonar as histórias em quadrinhos e focar em outras atividades. A decisão da justiça nunca foi revelada e por conta disso o herói foi jogado no limbo.
O fechamento da editora fez com que o herói fosse esquecido. Seu nome foi comprado pela Marvel e parecia que ele seria uma nota de rodapé na história dos heróis. Porém, a mesma editora que o tirou do mercado acabou o trazendo de volta: a DC. A editora comprou os direitos do personagem no início dos anos 70 e o colocou de volta aos holofotes agora com um novo título: Shazam. Não demorou para ele chamar a atenção de redes de televisão e logo CBS decidiu produzir um novo live-action que durou três anos. Porém ele era um pouco diferente dos quadrinhos.
O seriado mostrava Billy Batson e um homem conhecido como Mentor viajando pelos EUA, parando de cidade em cidade entrando nas mais diversas aventuras. Não era a adaptação mais fiel, mas ajudou o personagem a ganhar uma nova vida junto ao público. Ele voltou a ser conhecido, voltou a ter histórias constantes e... não embalou.
A verdade é que o herói virou um personagem secundário na DC Comics. Apesar da editora ter feito o herói o único a ser capaz de enfrentar o Superman, pois deixaram o herói sensível à mágica, ele perdeu cada vez mais espaço nos quadrinhos. Ele ainda teve destaque em algumas minisséries especiais e no clássico O Reino do Amanhã, onde uma versão adulta de Billy Batson era controlada por Lex Luthor e teve uma luta épica contra o Homem de Aço. Contudo, ele estava fadado a ser apenas um bom coadjuvante até a chegada da fase dos novos 52.
Geoff Johns, que já havia revolucionado o Aquaman ao lado de Ivan Reis, assumiu o personagem junto com Gary Frank e apresentou sua história para uma nova geração ao mesmo tempo que resgatou personagens importantes da história do personagem, como o Adão Negro, o Doutor Silvana e a família Shazam, que são seus irmãos adotivos que se transformam quando o herói compartilha seus poderes. A história durou apenas algumas edições, mas foi o necessário para chamar a atenção da Warner.
Um filme do Shazam sempre foi um sonho do estúdio, que planejava uma adaptação desde os anos 2000, mas ela sempre empacava. Em 2014, quando o diretor David F. Sandberg e Zachary Levi entraram para o projeto, o longa finalmente saiu do papel e, agora, chegará na telona com um clima de Quero Ser Grande misturado com o mundo de heróis.
O filme promete mostrar um lado mais leve do Universo DC e sua estreia está marcada para o dia 5 de abril.