Durante a Campus Party em São Paulo, o Omelete conversou com Adam Howard, que entre outros trabalhos foi supervisor de efeitos visuais em Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), concorrente ao Oscar neste domingo em nove categorias, incluindo melhor filme.
Howard conta que foi contratado principalmente para costurar os planos-sequências, e dar a impressão de que o longa de Alejandro González Iñárritu de fato acontece em um plano só. Eles preferiram fazer a união dos cortes enquanto filmavam ao invés de tentar resolver na pós-produção. "Eu segurava um monitor onde passava o plano anterior e outra pessoa segurava a câmera, e mexíamos os corpos como um só", diz Howard. Pelo trabalho, a equipe ganhou um prêmio da Visual Effects Society entre longas em live-action, no começo deste mês.
Apesar de não ter participado da pós-produção de Birdman, Howard explica como foi feita a cena em que Riggan caminha ao lado de Birdman, ambos interpretados pelo ator Michael Keaton. "Havia um dublê vestido como Birdman em cena. Eles filmaram o Michael com várias câmeras e projetaram em um mapa 3D para depois colocarem no rosto do dublê." Já os efeitos de objetos voando, bastante usados no filme, podem ser feitos de várias formas; Howard conta que a cena do vaso foi feita com um cabo puxando-o. Já em uma cena mais complicada, em que mais coisas voam, o efeito é adicionado na pós produção.
Adam Howard também trabalha em filmes onde os efeitos são quase imperceptíveis, como Última Viagem a Vegas, Os Estagiários e Casamento Grego. Nesse tipo de produção ele diz que os efeitos geralmente são mais simples, como colocar uma cidade diferente nas janelas de uma casa ou adicionar mais pessoas para um efeito de lotação em uma boate. Ele compara blockbusters cheio de efeitos com essas produções menores: "Gosto dos dois, é muito divertido trabalhar em um filme de 40 milhões de dólares, mas tem que se ter cuidado ao gastar o dinheiro porque ele vai embora rápido. Mas os realmente divertidos são os filmes menores em que você tem que ser mais criativo". Adam conta que a menor equipe que já teve continha três pessoas, em A Rede Social, mas que também já trabalhou em times com 600 pessoas.
X-Men Origens: Wolverine foi um dos marcos da carreira de Adam Howard, quando o filme teve uma versão sem os efeitos especiais vazada na web. Ele conta que isso afetou seu trabalho porque havia uma marca d'água de uma companhia de efeitos visuais na cópia pirateada; o FBI se envolveu no caso, fechou várias empresas envolvidas, interrogou pessoas e levou computadores para investigar o vazamento. "No fim não foi um problema porque minha equipe não estava envolvida no vazamento, mas isso acabou atrasando o cronograma", lembra. Ele conta que os estúdios melhoraram mais a segurança na troca de arquivos digitais com empresas de efeitos visuais depois desse ocorrido.
Nos dois últimos filmes de Crepúsculo, Howard também fez parte do time de efeitos visuais. Quando perguntado sobre o efeito estranho no rosto de Renesmee, a filha bebê de Bella e Edward, disse: "Eles escolheram a atriz [Mackenzie Foy], na época acho que ela tinha uns 11 anos, e eles queriam poder mostrá-la desde bebê até os 26 anos, então preferiram usar o mesmo rosto ao invés de contratar diversas atrizes. O bebê ficou meio estranho, mas eu não estive envolvido nisso, então estou tranquilo!", brinca.