Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025 (Reprodução)

Créditos da imagem: Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025 (Reprodução)

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Globo de Ouro segue a retomada de prestígio com boa premiação

Fernanda Torres foi uma entre vários vencedores justos na noite de domingo

Omelete
3 min de leitura
06.01.2025, às 08H26.
Atualizada em 06.01.2025, ÀS 09H17

Não é segredo para ninguém que acompanha as premiações do cinema norte americano que o Globo de Ouro perdeu muito do prestígio nos últimos anos. Engolido por escândalos de corrupção, queda de audiência e uma série de indicações extremamente duvidosas, a premiação perdeu espaço e o selo de “prévia” do Oscar que ele tanto carregava - ainda que nunca fizesse tanto sentido. 

Em 2025, no segundo ano sob nova administração (que também ainda segue envolvida em temas, digamos, polêmicos), o Globo de Ouro ao menos seguiu a tendência de uma retomada do prestígio de outrora. Retomada essa que se iniciou ano passado, quando consagrou Oppenheimer e Succession, por exemplo. Este movimento, por mais que abra espaço para questionamentos como qualquer votação, está alinhado com quase todas as grandes premiações de Hollywood - o Emmy consagrou Sucession e o Oscar Oppenheimer. Esse ano, até agora, parece que a lógica seguirá.

No último domingo, assim como boa parte dos prêmios de 2024 e as indicações de 2025, o Globo consagrou Emília Perez com quatro estatuetas, entre elas Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Atriz em Comédia ou Musical, para Zoe Saldana. O longa francês, mas falado em espanhol e com elenco praticamente todo estadunidense, levou o prêmio de Atriz em Cannes (para o elenco inteiro) e o prêmio do Júri - além de ter indicações no Critics Choice Awards, associações de críticos de vários estados americanos e muito provavelmente do Oscar. Ou seja, a tendência de 2024 se repete em 2025.

Outro filme que o Globo consagrou, e talvez seja o maior vencedor da noite, foi O Brutalista, de Brady Corbet, que levou Melhor Direção, Melhor Filme de Drama e Melhor Roteiro. Em Veneza, outro festival de renome, o filme levou o Leão de Prata e outros quatro prêmios especiais do júri. Os críticos de Nova York, outra associação importante, elegeu o filme e o protagonista Adrien Brody como os melhores do ano, e o Critics Choice o indicou para praticamente todas as grandes categorias. E, na parte de TV, com as vitórias de Bebê Rena, Xogum e Hacks, muito do Emmy foi repetido - e isso não soa mal para o Globo.

As surpresas, para alegria geral da nação brasileira, vieram nas categorias de atuação feminina, com a vitória de Demi Moore por A Substância, e Fernanda Torres por Ainda Estou Aqui. Em um ano com excelentes atuações, como de Nicole Kidman em Babygirl e Cynthia Erivo em Wicked, a verdade é que seria difícil dizer que alguma indicada seria injustamente premiada. O fato é que tanto Moore quanto Torres tiveram papéis difíceis, são atrizes que estavam fora dos holofotes e mesmo assim saíram premiadas. Ponto positivo para o Globo de Ouro, pois independente da situação e até dos filmes em si, a atuação de ambas virou praticamente unanimidade.

Neste raciocínio, não será surpreendente ver a dupla no Oscar, apesar da concorrência acirrada - afinal, desde 1988, com Shirley McLaine (que empatou com outras duas atrizes) uma vencedora do Globo não é indicada ao Oscar. Fato é que, com a premiação do último domingo, o Globo de Ouro, ainda que possua um caminho árduo até recuperar o prestígio de outrora, fez boas escolhas. Se não totalmente justas ao menos estão mais alinhadas com o que a indústria, críticos e o próprio público entende ter mais valor e qualidade.

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