Como Bradley Cooper: 10 atores que se entregaram aos papeis - e perderam o Oscar

Austin Butler (Elvis)

O trabalho de Austin Butler como Elvis Presley na cinebiografia Elvis, sua extensa preparação para o papel e (talvez especialmente) as consequências dele já viraram uma espécie de lenda urbana da era da internet. O ator foi hospitalizado por exaustão aguda logo após as filmagens, e não perdeu o sotaque e o jeitinho de falar de Presley até hoje, embora já tenha até contratado um profissional para ajudá-lo com isso.

Apesar dessa dedicação quase obsessiva à missão de retratar Presley nos cinemas, Butler acabou não conseguindo a estatueta de Melhor Ator do Oscar 2023 - isso apesar de ter vencido o BAFTA e o Globo de Ouro daquele ano.

Perdeu para: Brendan Fraser, por A Baleia.

Riz Ahmed (O Som do Silêncio)

Os anos que precederam o lançamento de O Som do Silêncio viram Riz Ahmed traçando uma trajetória ascendente como astro de primeira grandeza em Hollywood - e, simultaneamente, um de seus melhores jovens atores. Para interpretar um baterista de rock que está perdendo a audição, Ahmed passou oito meses em preparação intensa: 2h por dia aprendendo língua de sinais, 2h por dia aprendendo bateria, 2h por dia com um personal trainer, e o restante do dia com seu professor de atuação.

O resultado foi um batalhão de indicações a prêmios, incluindo ao Oscar de Melhor Ator, mas pouquíssimas vitórias - só o Independent Spirit Awards, entre as cerimônias mais destacadas da temporada, escolheu Ahmed como o melhor do ano. Felizmente, o ator ganharia um Oscar no ano seguinte (2021), pelo curta-metragem The Long Goodbye.

Perdeu para: Anthony Hopkins, por Meu Pai.

Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)

Daniel Day-Lewis é conhecido por sua dedicação inflexível aos personagens que interpreta, e a última performance do ator antes da aposentadoria não foi diferente. Para interpretar o estilista Reynolds Woodcock no drama dirigido por Paul Thomas Anderson, Day-Lewis passou um ano aprendendo alfaiataria com Marc Happel, e se tornou prodigioso o bastante nesta arte para reconstruir vestidos clássicos de grifes como Balenciaga.

Como recompensa pelo esforço, Day-Lewis recebeu indicações a quase todas as grandes premiações do ano, mas levou poucos prêmios para casa. Não que o ator tenha sentido falta - ele é, afinal, o dono de outros três Oscar (por Meu Pé Esquerdo, Sangue Negro e Lincoln).

Perdeu para: Gary Oldman, por O Destino de uma Nação.

Natalie Portman (Jackie)

A evocação impressionante que Natalie Portman faz da voz, maneirismos e expressões de Jacqueline Kennedy na cinebiografia Jackie não veio naturalmente - ela passou horas a fio estudando gravações da ex-primeira dama dos EUA, é claro, além de ler as muitas biografias dela disponíveis no mercado, mas também trabalhou extensamente com uma treinadora de dialeto para encontrar o tom certo para a voz da personagem.

No fim das contas, no entanto, a temporada de premiações ficou dividida entre Emma Stone (La La Land) e Isabelle Huppert (Elle), enquanto Portman teve que se contentar com uma vitória solitária no Critics Choice Awards.

Perdeu para: Emma Stone, por La La Land: Cantando Estações.

Hugh Jackman (Os Miseráveis)

Acostumado a preparações físicas rigorosas para suas performances como Wolverine, Hugh Jackman se dedicou ainda mais ao papel de Jean Valjean na adaptação cinematográfica de Os Miseráveis. O ator perdeu 7 quilos para viver Valjean durante seu aprisionamento, e ganhou 30 (!) quilos a seguir para interpretá-lo em fase mais próspera - já para preservar sua voz, ele renunciou ao café e passou a beber até 7 litros de água por dia, além de tomar banhos frios e passar horas em uma sauna todos os dias.

Apesar do sucesso de crítica e público do musical, Jackman caiu em uma temporada de premiações absolutamente dominada por Daniel Day-Lewis (Lincoln), o que limitou e muito suas vitórias. Mas pelo menos ele levou um Globo de Ouro, né?

Perdeu para: Daniel Day-Lewis, por Lincoln.

Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn)

Esqueça Ana de Armas - a Marilyn Monroe definitiva dos cinemas (quer dizer, depois da própria Marilyn Monroe) é Michelle Williams, que encarnou a estrela em Sete Dias com Marilyn após passar dois anos em preparação. Segundo a própria atriz, esse período implicou muitas leituras, incluindo de diários e cartas pessoais nunca reveladas de Monroe, além de extenso trabalho com um coreógrafo para aperfeiçoar os movimentos (especialmente, o andar) da personagem.

Apesar de ter vencido o Globo de Ouro e o Independent Spirit Awards de Melhor Atriz, e de ser a ampla favorita dos críticos naquele ano, ela acabou perdendo o Oscar para a Margaret Thatcher de Meryl Streep, que garantiu sua terceira estatueta com a performance.

Perdeu para: Meryl Streep, por A Dama de Ferro.

Leonardo DiCaprio (O Aviador)

Antes de sua vitória por O Regresso, a falta de Oscar de Leonardo DiCaprio era talvez a maior piada da comunidade cinéfila nas redes sociais. Uma das derrotas mais emblemáticas do ator foi por O Aviador, cinebiografia do magnata hollywoodiano Howard Hughes dirigida por Martin Scorsese. DiCaprio passou meses estudando casos de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) para retratar com fidelidade o distúrbio sofrido por Hughes, inclusive com o médico Dr. Jeffrey M. Schwartz, da universidade de Los Angeles.

Infelizmente, um outro ator exemplarmente dedicado a um personagem real estava no caminho de DiCaprio na temporada de premiações - Jamie Foxx, que evocou Ray Charles com excelência em Ray. Sobrou para DiCaprio somente o Globo de Ouro.

Perdeu para: Jamie Foxx, por Ray.

Salma Hayek (Frida)

Para Salma Hayek, Frida foi um trabalho de quase uma década. No início dos anos 1990, ela já estava mandando testes gravados em fitas VHS para o diretor Luís Valdez, que desenvolvia a cinebiografia na HBO - mas foi só após ficar famosa nos EUA, com Um Drink no Inferno, que ela começou a buscar ativamente o financiamento para tirar sua versão do filme do papel, fazendo acordos com descendentes de Frida Kahlo e reunindo um elenco coadjuvante que incluía Alfred Molina e Geoffrey Rush.

Apesar da atitude empreendedora de Hayek em seu projeto dos sonhos, e da performance memorável que ela entregou como Frida, não dá para dizer que ela tinha alguma chance no Oscar - especialmente levando em conta que nenhuma mulher latina venceu o prêmio de Melhor Atriz até hoje!

Perdeu para: Nicole Kidman, por As Horas.

Tom Hanks (Náufrago)

Em uma das transformações físicas mais famosas da história do cinema, Tom Hanks ganhou 23 quilos para gravar as primeiras cenas de Náufrago, antes do personagem Chuck Noland ficar preso em uma ilha deserta. Logo depois, ele perdeu todo o peso e deixou a barba e os cabelos crescerem para adquirir a icônica aparência desgrenhada do protagonista na ilha. Para completar, o ator ainda sofreu um corte na perna que infeccionou e levou a uma hospitalização.

Apesar de tudo isso, 2001 era o ano de Russell Crowe, que se tornou um mega astro incontornável com Gladiador. Hanks chegou a levar o Globo de Ouro, mas o resto da temporada foi dominado por Crowe.

Perdeu para: Russell Crowe, por Gladiador.

Tom Cruise (Nascido em 4 de Julho)

A dedicação de Tom Cruise ao papel do veterano de guerra Ron Kovic em Nascido em 4 de Julho foi tanta que o próprio Kovic presenteou o ator com sua Medalha de Bronze, uma das honrarias mais altas do exército dos EUA. Isso foi resultado de um ano de preparação, visitando hospitais de veteranos e passando horas ensaiando cada uma das cenas do longa de Oliver Stone ao lado do próprio Kovic.

Tendo em vista o status de super astro de Cruise e o tipo de performance que ele entregou, as chances de Oscar eram grandes… mas tinha um Daniel Day-Lewis no meio do caminho, entregando uma de suas performances mais emblemáticas em Meu Pé Esquerdo, outro papel fisicamente exigente que ele encarou valentemente.

Perdeu para: Daniel Day-Lewis, por Meu Pé Esquerdo.