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Oscar | Entendendo o Oscar - DIREÇÃO

Saiba como funcionam - e como evoluíram - as premiações de Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Montagem e Melhores Efeitos Visuais

Omelete
5 min de leitura
24.02.2012, às 15H54.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Para encerrar a nossa série de três artigos sobre as categorias do Oscar, depois de falar do som e da arte, resta comentar a direção visual. As categorias de Melhor Direção e Melhor Fotografia estão entre as mais antigas do prêmio da Academia - foram instituídas já na primeira edição, de 1928, ao lado de Roteiro Adaptado, Ator, Atriz, Direção de Arte e Melhor Filme.

Embora seja tão velha quanto o Oscar, a categoria de fotografia sempre provoca mal-entendidos. Cabe ao diretor de fotografia supervisionar (ou colocar a mão na massa, quando ele próprio faz a função de operador de câmera) o trabalho de câmera de um filme. É ele quem lida com os profissionais de iluminação, de gruas e trilhos, escolhe ângulos e enquadramentos - decisões que, frequentemente, os diretores dos filmes apenas ratificam. Não é só o público que confunde a estética de um longa como um todo, desde o design de produção até os efeitos visuais, com o trabalho do diretor de fotografia - a Academia também se deixa levar por aquilo que plasticamente é mais chamativo, como mostram os vencedores recentes do Oscar de Melhor Fotografia Memórias de uma Gueixa, O Labirinto do Fauno, Quem Quer Ser um Milionário? e A Origem, entre outros.

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Os Eleitos ganhou Melhor Montagem em 1984 com uma equipe de cinco montadores
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Amor, Sublime Amor, o primeiro Oscar de direção dado a duas pessoas
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Star Wars levou no ano em que Melhores Efeitos Visuais ganhou seu nome definitivo

Assim como em outras categorias, apenas o principal (ou principais) diretor de fotografia de um filme pode ser indicado - os realizadores inscrevem esses profissionais e cabe à Academia decidir se eles são mesmo os principais diretores de fotografia do filme em questão. Hoje é mais raro, mas no passado até dois ou três diretores terminavam premiados pela fotografia de um determinado longa. A última vez em que isso aconteceu foi em 1982, quando Billy Williams e Ronnie Taylor ganharam o Oscar pela fotografia de Gandhi.

O mesmo vale para Melhor Direção. Apenas em duas oportunidades a Academia premiou co-diretores de um filme: em 1961, quando Jerome Robbins e Robert Wise venceram por Amor, Sublime Amor, e em 2007, quando os irmãos Joel e Ethan Coen venceram por Onde os Fracos Não Têm Vez. Embora seja evidente pela própria lista de categorias do Oscar que o cinema é um trabalho essencialmente colaborativo, os diretores ainda são vistos como "donos" do filme - de todos os 85 longas que levaram o Oscar de Melhor Filme até hoje, 62 venceram também na categoria de Melhor Direção.

A regra que exige que as pessoas indicadas tenham exercido papel crucial em suas categorias também vale para Melhor Montagem - e costuma deixar de fora muitos montadores que trabalham em filmes vencedores mas não são creditados por seu trabalho. O montador é o profissional que recebe o material bruto da filmagem e encadeia as cenas; esse é o antepenúltimo passo na finalização de um filme, antes dos efeitos visuais e da mixagem de som. O trabalho do montador é importante porque é ele que - nem sempre acompanhado do diretor - escolhe quais tomadas usar de um determinado plano, quais takes descartar e onde e quando cortar. Há diretores como Martin Scorsese e Quentin Tarantino que terminam associados a apenas um montador - respectivamente, Thelma Schoonmaker e Sally Menke - enquanto nomes como Terrence Malick às vezes são ajudados por quatro ou cinco montadores em etapas diversas de um mesmo filme.

Já houve um caso de seis montadores serem indicados por um único filme (O Fugitivo, no Oscar de 1994) e clássicos do cinema como O Exorcista e Apocalypse Now inscreveram, cada um, quatro montadores na premiação. Nenhum deles venceu, porém. Em toda a história, o vencedor de montagem que tinha a equipe mais extensa foi Os Eleitos, com cinco montadores. A Academia parece enxergar a importância de uma boa edição para a Sétima Arte. Desde 1981, todo indicado a Melhor Filme é indicado também a Melhor Montagem.

Pela própria natureza das tecnologias, a categoria de Melhores Efeitos Visuais é, entre essas quatro, a que passou por mais mudanças ao longo dos anos. Originalmente premiava "efeitos especiais", depois entre 1964 e 1971 passou a chamar-se "efeitos especiais visuais". De 1972 a 1977, foi um Oscar excepcional (não era uma categoria fixa). Seu nome atual e sua posição definitiva na lista de categorias só veio a partir de 1978 - ano em que Star Wars venceu Contatos Imediatos de Terceiro Grau.

Outra peculiaridade ocasionada pelas mudanças tecnológicas é que essa categoria tem dois parâmetros definidos. O comitê que escolhe a primeira lista de dez finalistas - presidida por um profissional que a Academia aponta anualmente - deve julgar: 1) a contribuição dos efeitos visuais para o filme como um todo; e 2) a habilidade, a fidelidade e o nível de arte que alcançam as "ilusões visuais" (palavras oficiais da Academia, aspas nossas). Os membros desse comitê não assistem aos filmes em casa; é feito um encontro, uma projeção com trechos dos filmes, e todos eles deliberam até chegar à lista de finalistas. Assim como nas demais categorias, o comitê especializado faz essa peneira, mas quem vota para decidir o campeão são todos os membros da Academia.

Mais um cuidado que o Oscar toma com os efeitos visuais: pedir que os realizadores de um filme enviem, quando necessário, uma descrição por escrito explicando o procedimento usado para criar os efeitos, além dos trechos do filme, com no máximo 10 minutos. Como o número de profissionais envolvidos é muito maior do que nas demais categorias - basta reparar na imensidão de gente creditada ao final da sessão de um blockbuster - a Academia impõe um limite: os realizadores podem indicar até quatro pessoas, apenas, responsáveis pelos efeitos visuais de seus filmes. Nas palavras da Academia, Melhores Efeitos Visuais é uma categoria que premia artesãos; então "produtores, coordenadores e outros executivos só são elegíveis se forem também técnicos com responsabilidade criativa" sobre os efeitos de um filme pretendente à estatueta.

Uma última curiosidade: os trechos cedidos para a avaliação do comitê não são devolvidos aos estúdios. Esse material passa a ser propriedade dos organizadores do Oscar e é depositado no Arquivo de Filmes da Academia, que em troca garante que não usará esses trechos com fins comerciais.

Entenda também os Oscars nas categorias de ARTE e SOM

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