A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os indicados ao Oscar 2022 nesta terça (8) e, apesar de algumas produções ainda não terem chegado no Brasil, muitos dos que concorrem à Melhor Filme já passaram por aqui - ou em streaming, ou nos cinemas.
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Para conhecer um pouco mais do que achamos sobre cada um dos indicados, reunimos abaixo alguns trechos das críticas dos filmes que já passaram pelo Brasil - com links para as críticas completas. Confira:
No Ritmo do Coração - No Prime Video
O texto da roteirista e cineasta passeia entre o humor e o drama, e nessa mistura consegue atingir o tom certo para construir momentos realmente emocionantes. Mas o grande trunfo do longa está, inevitavelmente, em seu elenco central, fortemente comprometido com a história e seus papéis. Jones, além de criar uma adolescente com quem a identificação é imediata, tem a potência vocal que o papel pede. Já Kotsur, Matlin e Durant - todos surdos na vida real, assim como seus personagens - entregam atuações cheias de nuances e momentos especiais, com o intérprete de Frank, em particular, se sobressaindo nas cenas cômicas - Leia a crítica completa.
Nota do crítico: 4/5
Não Olhe Para Cima - na Netflix
Se os dois longas anteriores de Adam McKay, A Grande Aposta (2015) e Vice (2018), apontavam sua sátira para a elite financeira e a elite política dos EUA, respectivamente, no caso de Não Olhe para Cima o alvo é mais familiar. Isso gera logo de cara uma sensação de dejá vù, que ao longo do filme se desdobra em comodismo. McKay diz ter escrito essa história - sobre cientistas que descobrem um meteoro em curso de colisão contra a Terra mas não são levados a sério por ninguém - antes da pandemia, e o timing não poderia ter sido mais perfeito, mas o fato é que a narrativa do apocalipse já está tão presente na nossa vida que tudo no filme parece só um ciclo repetido do já velho kkkcry - leia a crítica completa.
Nota do Crítico: 2/5
Duna - na HBO Max
Villeneuve cria para si mesmo um impasse ao se propor contar um épico de câmara: um filme que se pretende grandioso no escopo e no tom mas cuja ação transcorre essencialmente como um drama de intrigas palacianas. O minimalismo que o diretor persegue de forma obcecada faz Duna parecer por vezes uma versão de teatro do livro, em que todo o efeito dramático depende de como a performance do elenco preenche o espaço do proscênio. Villeneuve não prima pela encenação desses movimentos (o filme é especialmente frustrante nas coreografias de ação), o que esvazia Duna de potencial - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 2/5
King Richard: Criando Campeãs - na HBO Max
Os momentos em que King Richard: Criando Campeãs se ilumina são aqueles em que esbarra, quase sem querer, em uma verdade fascinante e incontestável da vida e carreira de Serena e Venus Williams: o triunfo da autodeterminação. Em grande parte pelo condicionamento do pai, Richard Williams, as tenistas sempre foram mulheres, atletas e figuras públicas que desafiaram a classificação alheia em favor de uma vontade inflexível, que pode ter frustrado quem tentava enquadrá-las numa narrativa convencional de superação, mas em última análise foi crucial para a trajetória fabulosamente vitoriosa das irmãs - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 2/5
O Beco do Pesadelo - no Star+
Ao aproximar mais O Beco do Pesadelo do horror - tanto o horror metafórico da memória quanto o horror físico, manifesto - Del Toro dá o passo fundamental para profanar o noir e injetar no gênero uma energia nova, que transcende o aspecto literal. É como se o diretor tivesse vislumbrado a possibilidade de fazer um noir bem reverente, cinefílico, e decidido dobrar essa aposta com um registro maneirista e por vezes metalinguístico (as cenas no consultório da terapeuta, com o gravador sempre em evidência, dispositivo que nos relembra da mecanicidade dessa realidade encenada e artificial, parecem saídas de um filme de Brian De Palma). Ironicamente, e não por acaso, O Beco do Pesadelo tem momentos de horror gótico que são mais eficientes que aqueles de A Colina Escarlate - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 4/5
Ataque dos Cães - na Netflix
Ator que ainda precisa se provar entre os grandes da sua profissão, Benedict Cumberbatch nunca foi tão desafiado quanto aqui, porque é em Phil que se concentra toda essa dimensão épica do comentário sobre o desejo, a tragédia e a violência. No passado, talvez fosse um papel ideal para um Marlon Brando, escrito por um Tennessee Williams, uma investigação de arqueologia para encontrar no coração as vulnerabilidades dos machões americanos. Ataque dos Cães não está distante de First Cow e são dois enormes faroestes feitos e lançados por mulheres em 2021 para analisar os EUA de um ponto de vista moral, mas se o First Cow de Kelly Reichardt é desafetado como um bom filme indie, Campion está em busca do relato retumbante, e a carreira de Cumberbatch tende a ser redefinida a partir deste filme, para o bem ou para o mal - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 5/5
Amor, Sublime Amor - no Disney+
Tratando-se de Spielberg, era esperado que seu Amor, Sublime Amor fosse tão grandioso quanto emocionante. Mas o que ele entrega é realmente um dos seus melhores trabalhos dos últimos anos -- e a prova de que, ainda que estejamos em uma fase de remakes vazios e sem propósitos, ainda existem motivos para revisitar grandes clássicos - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 5/5
Belfast - nos cinemas
Enquanto o novato Jude Hill rouba a cena como o pequeno Buddy, é nos heróis materno e paterno de Caitriona Balfe e Jaime Dornan que Belfast se destaca. Isso porque não somente os dois estão afiados em cada segundo de sua performance - ela em quieto desespero e ele em serenidade autoritária -, mas também porque a escolha de dois atores menos bombásticos para os pais de Buddy é certeira. Sem estrelato, é a humanidade e charme discreto da dupla que dá maior valor à direção de Branagh, capaz de engradecê-los com a câmera, e a combinação cria uma sinergia entre elenco e direção rara de encontrar.
Pesado no tema e leve na abordagem, Belfast é mais interessado na magia do olhar do que na tragédia de seus acontecimentos, mas também pulsa certo sentimento de culpa - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 4/5
Drive My Car - nos cinemas
Com um elenco perfeitamente afinado aos personagens, sem elos fracos entre si (pessoalmente, a performance de Lee Yoo-na reverberou mais fundo, mas cada espectador terá sua preferida), Drive My Car não se tornou o primeiro filme japonês indicado ao Oscar de melhor filme à toa. Não que o país não tenha tido obras dessa magnitude antes, porque é claro que teve, mas poucos filmes dos últimos anos, de qualquer lugar do mundo, entenderam tão bem a ânsia terrivelmente humana por conexão que se desenvolve em uma contemporaneidade tão consumida por cinismo.
Hamaguchi nos lembra que a arte, nas milhões de formas que ela toma em nossa vida, sempre estará aqui para suprir essa ânsia. É um lembrete mais que oportuno - leia a crítica completa.
Nota do crítico: 5/5
Licorice Pizza - nos cinemas
Nunca antes ficaram tão aparentes quanto em Licorice Pizza, por contraste, os instrumentos que PTA utiliza para hipnotizar o espectador com seus movimentos pendulares de câmera. Como a trilha do longa é feita essencialmente de canções de soul e rock, e os temas compostos por Greenwood soam aveludados e doces no registro de época, quem se responsabiliza pelo zumbido inquietante é a câmera. Não por acaso, nos close-ups ou nas panorâmicas, fica a sensação de que estamos revendo em ação um PTA da virada do século - ou melhor, um PTA já maduro mas que revisita seus filmes antigos porque afinal está fazendo aqui um longa sobre sua memória cinematográfica. (Essa impressão é evidentemente inflamada pela presença magnética em cena de Cooper, o filho do finado Philip Seymour Hoffman, ator de cinco longas de PTA.) - leia a crítica completa
Nota do crítico: 5/5