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Oz - Mágico e Poderoso | Crítica

Colagem de referências, Oz - Mágico e Poderoso não se compromete

07.03.2013, às 17H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Para um filme que, contratualmente, não poderia mencionar O Mágico de Oz do cinema - o livro de L. Frank Baum está em domínio público mas o longa de 1939 é de propriedade da Warner - até que Oz - Mágico e Poderoso (The Great and Powerful) da Disney faz referências consideráveis ao clássico do Technicolor.

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O prelúdio não se limita a estabelecer a história de Oscar Diggs (James Franco), o mágico charlatão de circo do Kansas que é transportado para a Terra de Oz. O que o diretor Sam Raimi e a Disney fazem é transitar nos limites da lei para associar os dois filmes, mas sem configurar quebra de direitos. Então o espectador não verá os sapatinhos de rubi, por exemplo, que no livro de Baum eram de prata, mas a bruxa com o rosto verde, queixo e chapéu pontudos - que o filme de 1939 inventou - aparece aqui. Como bruxas pontudas e verdes já viraram parte do imaginário do século 20, a questão judicial se dilui (ou pelo menos a Disney torce por isso).

A questão é que Oz - Mágico e Poderoso parece muito mais um filme calculado para juntar pedaços bem-sucedidos de outros filmes do que, propriamente, um exércício autoral. Dos cavalos de diferentes cores ao visual da Cidade das Esmeraldas, tudo lembra vagamente O Mágico de Oz de 1939, mas há elementos também de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton - que fez US$ 1 bilhão para a Disney em 2010 -, como sugerir um filme de guerra dentro de uma fantasia 3D, e até um elogio às origens do cinema, igual a Hugo Cabret.

Em meio às colagens, Oz - Mágico e Poderoso soa como um retrocesso, um filme que se esforça demais para ser deslumbrante o tempo todo, mas que não aproveita a profundidade que a estereoscopia oferece. É como se fosse um filme antigo usando a tecnologia de hoje, como se Avatar não tivesse existido para mostrar o beabá do novo 3D.

Talvez exista aí, nessa opção por um teatrinho de chroma-key, um componente de nostalgia, e Oz - Mágico e Poderoso, filme que já tem seus defensores, certamente pode ser visto sob esse viés. Mas a impressão que fica, pelo menos para este fã de Sam Raimi, é que o potencial do diretor foi mal aproveitado.

Porque não há nada mais oposto ao impulso frenético do cineasta do que esse cinema de câmeras aéreas e panorâmicas que a Disney usa para encher os olhos do seu público. No limite, são estilos incompatíveis: os planos-sequências de deslumbramento não combinam com os zooms nervosos e a montagem rápida de Raimi. Temos aqui um cineasta que sempre usou a câmera objetiva da forma mais subjetiva possível, como um olho tenso, que não permite perspectivas isentas, e ao mesmo tempo a fantasia Disney exige aquela câmera que passeia, aquela câmera turista.

Nas cenas de ação, nas escolhas de maquiagem, Sam Raimi coloca o seu dedo monstruoso no caldo, mas de resto, infelizmente, Oz - Mágico e Poderoso é um filme que não suja a mão, que não se compromete.

Nota do Crítico
Regular
Oz - Mágico e Poderoso
Oz the Great and Powerful (3D)
Oz - Mágico e Poderoso
Oz the Great and Powerful (3D)

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 127 min

Direção: Sam Raimi

Roteiro: L. Frank Baum

Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams, Zach Braff, Bill Cobbs, Joey King, Tony Cox, Stephen R. Hart, Abigail Spencer, Bruce Campbell, Ted Raimi, Toni Wynne, Rob Crites, Martin Klebba

Onde assistir:
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