Após dois filmes completamente aquém das expectativas, os fãs da saga Percy Jackson apostaram todas as suas fichas na série do Disney+. Com o criador Rick Riordan nos bastidores, esperava-se uma adaptação incrivelmente fiel e cativante, mas não foi o resultado que o público viu nos oito episódios da primeira temporada.
A obsessão pela fidelidade foi uma faca de dois gumes para a produção, que, enquanto se dedicou quase que inteiramente a ser fiel aos livros, deixou de lado outros fatores extremamente importantes para ter sucesso. Entre direção, roteiro e duração, listamos os pontos de mais atenção na primeira temporada de Percy Jackson e os Olimpianos. Confira:
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Roteiro
Após uma temporada inteira de Percy Jackson e os Olimpianos, ficou claro que fidelidade não garante excelência. Por mais que várias cenas da série tenham ficado idênticas ao primeiro livro da saga, Percy Jackson e o Ladrão de Raios, boa parte dos diálogos não funcionaram na tela e os fãs mais ferrenhos podem ter tido a sensação de assistir a um “audiolivro”. Ao adaptar uma mídia para outra, é importante que a linguagem e os diálogos pareçam naturais naquele contexto, o que faltou em alguns momentos da primeira temporada.
Um segundo problema envolvendo o roteiro da temporada é um provável apego do autor com a própria obra. Talvez falte na sala de roteiro de Percy Jackson um editor para cortar fora algumas cenas que só servem para fazer volume, como o diálogo entre Annabeth e Hefesto, por exemplo.
Duração
Falando em cenas para fazer volume, é importante notar que elas só possuem essa característica pela curta duração dos episódios. Com pouquíssimos minutos de tela, cada minuto importa, e em meio a tanta falta de urgência do lado dos personagens, os momentos mornos não ajudam.
Para entregar um segundo ano superior, a Disney terá que investir em episódios mais longos, com cerca de 1 hora de duração, ou produzir uma temporada com mais episódios. O primeiro ano da série teve apenas oito capítulos, alguns com cerca de meia-hora, tempo insuficiente para desenvolver um livro com 400 páginas.
CGI
Um terceiro ponto que gerou muitas críticas foi o CGI. Nos primeiros episódios da série, incluindo o minotauro e a medusa, o trabalho não manteve o mesmo padrão dos demais filmes da Disney. Percy, como filho de Poseidon, manipula a água constantemente ao longo da série, mas em todas as cenas em que isso precisa acontecer, tudo passa muito rápido, talvez para economizar recursos. E, mesmo que essas cenas levem apenas alguns segundos, a qualidade gráfica ainda deixa a desejar.
Direção
Por fim, uma das principais questões envolvendo a produção foram as escolhas da direção. Todo o ritmo da série se mostra lento desde o primeiro episódio. A sensação é de que nada é urgente; nem mesmo quando Percy e seus amigos encaram a morte é possível sentir qualquer coisa em relação a isso. Indo além, a montagem final dos episódios também não funciona. As cenas são coladas de maneira brusca e, por vezes, separadas por fade-outs sem o menor sentido narrativo. Uma última mudança necessária talvez seja escolher um diretor fixo para a próxima temporada, para evitar que ela apresente tantas inconsistências como no primeiro ano.
Os oito episódios de Percy Jackson e os Olimpianos estão disponíveis no Disney+.