A coluna Pilha de Gibis está de volta, dessa vez com indicações de Primavera em Tchernóbil, de Emmanuel Lepage; Destino Adiado, de Jean-Pierre Gibrat e muito mais! Confira abaixo.
- Pilha de Gibis #1 | O que ando lendo por aí
- Pilha de Gibis #2 | Love Kills, Quando Você foi Embora e mais
- Pilha de Gibis #3 | Aquele Verão, Fabulosos e mais
Primavera em Tchernóbil (Geektopia), de Emmanuel Lepage - 5 ovos
O acidente na usina nuclear ucraniana em 1986 foi uma das maiores catástrofes daquela década. Mais de duas décadas depois, um grupo de artistas resolve visitar a região, que continuava semi-interditada. O autor Emmanuel Lepage, que na época tinha 19 anos, criou este livro-reportagem para mostrar o que ele viu por lá, das suas crises de ansiedade à descoberta de uma nova forma de ver a vida, em um lugar que viu tanta destruição. As artes são lindas e combinam os desenhos feitos por Lepage em Tchernóbil e o que fez depois, em seu estúdio para contar esta história, que sai aqui pela Geektopia. Além do relato, Lepage inclui na história um pouco da fantasia que as florestas e a radiação do local o fazem imaginar.
Destino Adiado (Pipoca & Nanquim), de Jean-Pierre Gibrat - 4 ovos
Parece que tudo o que a gente vê hoje em dia, de alguma forma, se reflete ao isolamento em que vivemos. Foi assim quando li Primavera em Tchernóbil e também em Destino Adiado. Este álbum de Jean-Pierre Gibrat conta a história de um jovem que tenta fugir das batalhas da Segunda Guerra Mundial se escondendo na cidadezinha onde passava suas férias, na casa de uma tia. O tempo sozinho, rodeado apenas pela paredes de seu esconderijo e os objetos do local, lembram estes dias em que vivemos trancados em casa pela pandemia. A Julien resta apenas a visão do mundo exterior, que inclui a bela Cecile, paixão antiga e mal resolvida, e o silêncio para não chamar atenção nem dos nazistas, nem dos franceses colaboracionistas. Virar as páginas atrás de respostas é a coisa mais fácil que existe. A arte de Gibrat é daquelas visões de esperança do que esperamos ver em breve. Mas pode não acontecer.
Existe Outro Caminho (Independente), de Douglas Lopes e Max Koubik - 4 ovos
Com o subtítulo A Primeira Geração do Rap Nacional - Pt. 1, este gibi independente foi também o Trabalho de Conclusão de Curso do roteirista Max Koubik e do ilustrador Douglas Lopes. De Curitiba (PR), os dois pesquisaram e agora contam a história do nascimento do rap em São Paulo, das quebradas para a São Bento; dos bailes para os primeiros discos; do individual para o coletivo. O texto vai complementando os desenhos, que não são realistas nem detalhados, mas têm muita agilidade e brinca muito bem com os enquadramentos, as perspectivas e as próprias páginas. Para quem, como eu, entende e conhece pouco da cena, é uma ótima porta de entrada. Compará-lo com o Hip Hop Genealogia seria como colocar lado a lado uma minissérie cheia de dinheiro com um curta-metragem independente. O início do trabalho está ali e a boa notícia é que a sequência já está a caminho.
X-Men Grand Design (Panini Comics), de Ed Piskor - 4 ovos
E já que estávamos falando do Hip Hop Genealogia, seu criador, Ed Piskor, tem uma nova obra lançada aqui no país. Trata-se do gigantesco X-Men Grand Design. Não vou me alongar muito no texto aqui, pois o Gabriel Avila já defendeu muito bem o título no seu artigo Por que eu te recomendaria X-Men Grand Design de Olhos Fechados. Só queria dizer que a HQ tem o poder mutante de mostrar ao leitor a complicadíssima linha temporal do homo-superior, algo que só tinha visto na série de desenhos animados da década de 1990. O bom é que este é apenas o primeiro volume e que em outubro teremos por aqui a segunda parte, com Saga da Fênix Negra e tudo!
Fujie e Mikito (Mino), de Yuri Andrey e Marcelo Costa - 2 ovos
A imigração japonesa é um tema que muito me interessa. Um de meus antepassados esteve no Kasato Maru, o primeiro navio japonês a aportar por aqui trazendo imigrantes vindos da terra do sol nascente. Por isso, peguei com bastante empolgação e curiosidade este Fujie e Mikito. O resultado, no entanto, acabou decepcionando. Falta ritmo à HQ, que certamente tinha material para ter o dobro ou o triplo de páginas, mas ao ser tão resumida acaba se tornando corrida demais e desinteressante.