Borat 2: Fita de Cinema Seguinte chegou ao Amazon Prime Video fazendo um enorme barulho. A volta do repórter do Cazaquistão vivido por Sacha Baron Cohen demorou quase 15 anos para acontecer e, como esperado, misturou o humor anárquico do personagem com situações do mundo real. Considerando que o forte do personagem é a interação com pessoas reais, reunimos abaixo as oito melhores e mais absurdas pegadinhas do novo filme.
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[Cuidado com spoilers de Borat 2]
A entrevista com Rudy Giuliani
O clímax de Borat 2 é sem dúvidas a entrevista que Tutar (Maria Bakalova) faz com Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado e aliado do atual presidente Donald Trump. Ao longo da conversa, o político bebe com a garota e chega a tocá-la algumas vezes. Quando o papo chega ao fim, os dois vão para um quarto e Giuliani deita em uma cama e coloca a mão para dentro da calça na área dos genitais. Nesse momento, Borat invade o quarto vestindo lingeries e gritando que a garota “tem 15 anos e é muito velha” para o político.
Após a gravação da cena, Giuliani chegou a chamar a polícia e fez um boletim de ocorrência acreditando que se tratava de um assalto. Após o lançamento do longa, o político foi ao Twitter dizer que a cena é uma “completa fabricação”, alegando que estava apenas ajeitando a camisa após retirar o microfone usado na falsa entrevista.
Canções no protesto pró-armas
Outro momento marcante do filme é o protesto pró-armas organizado por um grupo extremista. Para a cena, Borat se disfarça como um cantor chamado Country Steve, sobe ao palco para cantar uma canção que acusa o ex-presidente Barack Obama de odiar os EUA, afirma que a pandemia do novo coronavírus é uma farsa e ainda leva parte dos manifestantes a realizar uma saudação nazista - dentre outros absurdos.
Para a gravação da cena, Sacha Baron Cohen vestia um colete a prova de balas, já que o protesto estava repleto de pessoas armadas com fuzis e pistolas. Em entrevista a Stephen Colbert, o ator revelou que manifestantes perceberam que se tratava de uma pegadinha e tentaram agredi-lo após uma perseguição. Uma filmagem revelada por Baron Cohen mostra sua fuga, em que quase é pego após entrar no trailer de sua equipe.
Interrompendo o discurso do vice-presidente dos EUA
A primeira grande pegadinha pública de Borat 2 acontece no CPAC, uma conferência organizada por políticos conservadores dos Estados Unidos. A motivação de Borat para invadir a convenção era entregar sua filha como “presente” para o vice-presidente Michael Pence, que faria um discurso no local. A sequência já começa insana quando Sacha Baron Cohen tenta “se misturar” aos presentes vestindo uma túnica da Ku Klux Klan, notório grupo supremacista branco do país.
Depois de entrar no resort em que a convenção está acontecendo, o ator se veste como Donald Trump para fazer a “entrega”. Na cena, Borat coloca Tutar nos ombros e invade a convenção gritando “Michael Pênis (sic), eu trouxe uma garota para você”. Em meio a vaias e gritos de “mais quatro anos” - em referência à possível reeleição de Trump -, Borat é contido pelos seguranças e levado para fora. A pegadinha foi real e chegou a ser noticiada por veículos dos Estados Unidos ainda em fevereiro deste ano.
Conhecendo uma sobrevivente do Holocausto
Após uma briga com sua filha, Borat decide pôr fim à própria vida. A “solução” encontrada por ele foi ir até uma sinagoga e esperar por um atentado. Essa ácida piada de Sacha Baron Cohen, que é judeu na vida real, faz referência ao número de tragédias que aconteceram nos EUA nos últimos anos. Ao chegar no templo, ele conhece Judith Dim Evans, uma sobrevivente do Holocausto que mesmo com as constantes piadas ofensivas de Borat apenas lhe oferece compaixão e amparo. A cena termina com o reporter cazaque “celebrando” a confirmação de que o genocídio realmente aconteceu ao descobrir que Evans o sofreu na pele.
Na vida real, essa cena marcou uma das poucas vezes em que Sacha Baron Cohen saiu do personagem. De acordo com o Deadline, após a filmagem ele fez questão de explicar a Judith Dim Evans que é um ator judeu interpretando um personagem ignorante. O astro dedicou Borat 2 à sobrevivente, que morreu antes do lançamento.
Vale lembrar que essa cena logo depois de uma discussão em que Borat “descobre” em um grupo negacionista no Facebook que o Holocausto nunca ocorreu. Uma clara cutucada na participação das redes sociais na propagação de discursos de ódio, pauta que o ator Sacha Baron Cohen leva muito à sério na vida real.
Quarentena com conspiracionistas
Após a visita à sinagoga, Borat encontra ruas completamente vazias por conta da quarentena. Vagando em busca de informações, ele conhece Jerry Holleman, um homem que lhe explica que as pessoas estão confinadas em casa por conta do novo coronavírus. Revelando ao estranho que não tem uma casa, Borat lhe pede abrigo e passa cinco dias na casa de Holleman e seu amigo Jim Russell.
No período em que passa quarentenado com a dupla, Borat ouve todo o tipo de conspiração, desde o envolvimento dos democratas na disseminação do coronavírus até a família Clinton torturar e matar crianças para tomar sua adrenalina. Ao The New York Times, Sacha Baron Cohen relembrou esse como um dos momentos mais difíceis da produção. “Acordava, tomava café, almoçava, jantava e ia dormir como Borat (...). Não podia ter um momento fora do personagem”.
Visita à clínica antiaborto
Fora do espectro político, talvez o momento mais insano de Borat 2 tenha sido a visita do repórter e de sua filha Tutar a uma clínica antiaborto. Na história, a garota come por engano um cupcake enfeitado com um bebê, e para “tirar a criança”, eles vão até um hospital administrado pelo pastor Jonathan Bright. Com um texto cheio de duplo sentido, a dupla faz o religioso acreditar que se trata de uma gravidez fruto de um abuso incestuoso.
Claramente contrário ao aborto, Bright afirma que não vai realizar o procedimento, alegando que a criança é um presente de Deus e que ninguém tem o direito de tirá-la, posição que mantém mesmo após entender que a situação era, na verdade, resultado de um abuso.
Tutar na convenção de mulheres do Partido Republicano
Após passar um tempo com uma babá, Tutar acaba entrando em uma reunião de um grupo de mulheres associadas ao Partido Republicano. No enredo do filme, é nesse momento que a garota descobre que é falsa uma antiga lenda de uma garota que foi devorada por sua própria vagina após se masturbar. Depois da chocante descoberta, a garota sobe ao palco para alertar as presentes de que homens mentem, e pede para que elas se toquem - com direito a uma espécie de tutorial cheio de detalhes.
Considerando que o Partido Republicano é o lado conservador do espectro político norte-americano, não é de se estranhar que o público presente tenha ficado bastante chocado com a fala da garota. Após interrompê-la algumas vezes, uma das participantes da reunião a expulsa de forma indireta, pedindo para que alguém “chame um Uber” para a jovem.
Baile de debutante
Não há como fazer um filme do Borat sem humor escatologico, e o principal momento desse subgênero é sem dúvidas o baile de debutantes ao qual o repórter casaque leva a filha Tutar. Disfarçados como uma família europeia, eles se misturam aos presentes até o momento da dança, quando fazem uma coreografia que se aproveita das vestes sujas de sangue menstrual da garota para realizar a dança da “lua sangrenta”. O resultado obviamente é o choque geral entre os presentes, que ficam assustados e enojados com o que veem.