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Prometheus | Crítica

Vamos falar sobre sexo?

07.06.2012, às 15H57.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Prometheus, o prelúdio de Alien - O Oitavo Passageiro que conta a história de uma expedição espacial a bordo da nave que dá nome ao filme, marca não só o retorno de Ridley Scott à franquia e ao gênero da ficção científica depois de 30 anos, como também responde a uma das mais perturbadoras questões que assolam a humanidade: afinal, quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?

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Há outras perguntas, claro, como aquela feita pelo escritor Erich von Däniken no livro de 1968 Eram os Deuses Astronautas?, que Scott diz homenagear com o filme. Embora Prometheus aborde as supostas origens extraterrestres da raça humana, porém, é de maternidade, em particular, que trata todo Alien. E este prelúdio, assim como os demais longas da série, reorganiza de um modo menos sutil e mais calculado as metáforas feministas propostas em O Oitavo Passageiro.

Sem Ellen Ripley (que segundo o cânone nasceu na Lua terrestre em 2092, um ano antes da chegada da nave Prometheus à lua LV-223 nos confins do universo), temos agora como protagonistas a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e a executiva Meredith Vickers (Charlize Theron). A primeira acredita que a humanidade veio de alienígenas e quer conhecê-los, já Meredith busca resultados mais práticos na viagem que a empresa dela, a Weyland, financia com base nos estudos de Elizabeth.

Credulidade e racionalidade opõem as duas, mas como estamos no terreno de Alien há mais diferenças em jogo. Elizabeth diz ser estéril e se ressente de não poder ter filhos, enquanto Meredith se orgulha de seu sexo; quando o piloto negro e forte da Prometheus dá em cima da fria loira, ela só cede na hora em que o homem questiona se ela não seria, na verdade, uma robô. Como em todo Alien, a afirmação pessoal é acima de tudo uma demonstração do sexo - o que consequentemente leva à questão materna e ao velho nó do ovo e da galinha.

O retorno não só de Scott mas também do suiço H.R. Giger, o criador do design do alien original, como consultor em Prometheus rende uma nova leva de símbolos - das cobras fálicas ao "engenheiro" (nome dado ao criador da raça humana) retratado como um ultramacho, com seus músculos definidos - então os desafios às mulheres só aumentam. Estamos em um sci-fi de terror sobre violações e fecundações, afinal, e há uma cota de secreções viscosas a atingir. O 3D valoriza essa variedade de texturas quando as ressalta da tela - não só as gosmas mas também o vapor, o metálico, o terroso - e torna Prometheus mais táctil, mais imersivo.

De resto, convém não esperar nenhum milagre do cinema. Prometheus reproduz o primeiro Alien não só no subtexto, mas também na estrutura, que envolve novamente um contato prometéico com o desconhecido, que então gera um castigo do espaço a ser resolvido com muitos sacrifícios. Descontados os atalhos apressados da narrativa, os diálogos literais e os desencontros de continuidade (Prometheus não se encaixa perfeitamente com a situação em que encontramos o Space Jockey em Alien), o filme tem seus momentos.

A cena do "parto", especialmente, é linda, com a injeção de anestesia paralisando a câmera à altura dos olhos da pessoa deitada, que então assiste ao resultado do seu desafio aos deuses. Nesse sentido, Prometheus, embora tenha toda uma vocação para a megalomania, é muito coerente com outros Alien, que não são mais do que contos de cautela sobre o horror de ser mulher em um universo de homens.

Nota do Crítico
Bom
Prometheus
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Prometheus

Ano: 2012

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 126 min

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Jon Spaihts, Damon Lindelof

Elenco: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba, Guy Pearce, Logan Marshall-Green, Sean Harris, Rafe Spall, Emun Elliott, Kate Dickie, Branwell Donaghey, Patrick Wilson, Vladimir Furdik, Benedict Wong, C.C. Smiff, Shane Steyn, Ian Whyte, John Lebar, Lucy Hutchinson, Anil Biltoo, Giannina Facio, Louisa Staples

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