No final do mês passado, YourMan@Marvel, o informante online oficial da Marvel, deu uma notícia que me faz temer pela seriedade das recentes medidas da editora.
Em abril, como parte de celebração de seus quarenta anos, a Marvel, fará alterações no design das capas de seus principais títulos, o que exclui os selos Marvel Knights e Ultimate. A mudança vai trazer de volta dois signos tradicionais: a faixa no topo com os dizeres "Marvel Comics" e um circulo contendo a imagem da personagem no lugar da caixa de canto atual. Esses bottons eram corriqueiros nas revistas Marvel dos anos setenta. A idéia, segundo o fofoqueiro de plantão da editora, é dar "uma identidade própria aos títulos - um toque retro-kitsch mesclado com vibrações cyber, expressando a natureza moderna dos gibis". Não, meu caro leitor, você não leu errado. Ele disse mesmo essa sandice.
Mas ainda há mais. Além das mudanças cosméticas, a Marvel vai reverter uma jogada marqueteira de anos atrás. Após a nojeira de Heroes Reborn, várias séries antigas fora interrompidas e relançadas a partir do número um. Sabe como é: primeira edição sempre vende mais e tem gente que as vê como novidade. Tem otário pra tudo, né&qt;& Pois não é que agora o editor-chefe Joe Quesada afirma que quer ajudar os antigos leitores a manterem seqüenciadas as suas coleções estendendo para todos os títulos um detalhe que ele incorporou às capas da revista Daredevil desenhada por ele. Ao lado de sua assinatura em cada edição, vê-se um número misterioso. Por exemplo, a edição 14 traz o número 394. Essa é a numeração que o título teria se a série não tivesse sido descontinuada.
Desta forma, todos os títulos que foram relançados vão trazer dois números na capa. O atual do novo volume será o mais proeminente. Logo abaixo, com destaque menor, estará o que indica qual teria sido a edição caso o gibi não tivesse sido interrompido. Por exemplo, o gibi Peter Parker: Spider-Man vai ostentar um enorme 30 (edição atual do volume 2) e um menor 128 logo abaixo. Ou seja, o número 98, que foi a última edição do volume um mais trinta edições dá 128. Simples como engolir gilete e vidro moído, não&qt;&
Os títulos que vão apresentar numeração dupla a partir de abril serão Amazing Spider-Man, Peter Parker: Spider-Man, Fantastic Four, Thor, Iron Man, Captain America, Incredible Hulk, Avengers e Daredevil.
O papo-furado que acompanha essas novas medidas é o de que um design que contempla o futuro deve honrar, mesmo assim, o passado! Conversa pra boi dormir a parte, a decisão atiça um foco paranóide na minha cabeça. Se a Marvel diz estar tão preocupada em expandir sua atuação para as bancas e consequentemente atrair novos leitores, por que, então, toma medidas tão complexas que só agradam antigos fãs&qt;& Não que eu aprove reboots. Não gostei quando fizeram isso há três anos. Só acho pior a emenda do que o soneto.
E esse não é o único sinal de indefinição demonstrado recentemente pela editora. O vice-presidente Bill Jemas pôs em prática medidas que beneficiam o mercado especulativo, que ele anacronicamente garantiu, em nota oficial, querer estimular. Com isso, a editora vai reduzir o número de republicações e encadernações, com o que ela espera aumentar o valor de edições mais antigas e raras.
Aqui cabe a lembrança de que a especulação, cujo apogeu ocorreu no início da década de 90, foi a principal responsável pelo naufrágio do mercado de gibis americanos após 1994.
Onde a Marvel quer chegar acendendo uma vela para Deus (as bancas) e outra para o diabo (o mercado direto)&qt;& Com certeza, este humilde escriba engrossará as fileiras daqueles que duvidam da sinceridade de iniciativas como Ultimate Marvel Magazine.
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