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Os lançamentos de HQs no Brasil

17.10.2005, às 00H00.
Atualizada em 30.12.2016, ÀS 13H05
O espinafre de Yukiko
Frédéric Boilet - Conrad
3 ovos
X-Men 46 e X-Men Extra 46
Vários - Panini
3 ovos
Mulher-Gato: Cidade eterna
Jeph Loeb & Tim Sale - Panini
4 ovos
Orquídea Negra Neil Gaiman /
Dave McKean - Opera Graphica
5 ovos

Atendendo a pedidos, o Omelete tem agora uma coluna irmã para a LÁ FORA e mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes. Nesta edição: O espinafre de Yukiko, Orquídea Negra, X-Men Reload e Mulher-Gato: Cidade eterna.

O espinafre de Yukiko
Por Érico Borgo

Frédéric Boilet é considerado o precursor do Nouvelle Manga, um movimento que mistura elementos do quadrinho franco-belga e temas recorrentes do movimento cinematográfica da Nouvelle Vague às HQs tipicamente japonesas.

Apesar de tratar-se de premissa bastante interessante, o primeiro álbum desse movimento a chegar ao Brasil faz pouco para apagar minha impressão de que é pretensioso relacionar esse recém-nascido gênero de HQs à Nova Onda que renovou o cinema no final dos anos 50. A técnica, sem dúvida, é excepcional. Incrível mistura de fotografia com aquarela e nanquim. Mas comparar a história simples da HQ com a contestação rebelde e polêmica de um François Truffaut, um Jean-Luc Godard ou um Lois Malle, nem pensar.

Na história, recheada de sensualidade e erotismo, narrada e acompanhada em primeira pessoa, um quadrinhista francês se apaixona por uma garota japonesa em Tóquio. Em seu caminho, um concorrente.

O espinafre de Yukiko (L´épinard de Yukiko). Roteiro e desenho: Frédéric Boilet. Editora Conrad. 144 páginas (preto e branco). Formato 16 x 23 cm. 25 reais.

X-Men Reload
Por Érico Borgo

No meio do ano passado, a Marvel Comics promoveu o evento X-Men Reload para reformular os títulos mutantes e não deixar as boas vendas da fase de Grant Morrison declinarem. Essa fase chega finalmente ao Brasil e basicamente apresenta novas formações nas equipes de super-heróis e equipes criativas distintas.

Por aqui as aventuras podem ser acompanhadas em dois títulos: X-Men e X-Men Extra. Na primeira ficaram X-Men (de Chuck Austen e Salvador Larroca), New X-Men (de Nunzio DeFilipis/Chris Weir e Randy Green) e Os Fabulosos X-Men (de Chris Claremont e Alan David). Na outra, Excalibur (de Chris Claremont e Aaron Lopresti), as intocadas X-Táticos (Peter Milligan e Mike Allred) e Exilados (Chuck Austen e Jim Calafiore) e, claro, o filé: Surpreendentes X-Men, com roteiros de Joss Whedon e desenhos de John Cassaday.

A primeira impressão é que as mudanças foram uma grande tentativa de simplificar o universo dos Filhos do Átomo. Personagens conhecidos retornam, bem como a atmosfera de união que era tão bem explorada na saudosa fase de Claremont/Byrne. Dispensáveis mesmo são as histórias de Austen e Larroca. Essa equipe de segunda não convencia antes e parece que não vai mudar. Também não boto fé em Claremont, mas pretendo acompanhar um tempo para ver se desse mato sai coelho. Pelo menos em respeito ao que ele fez no passado e às ilustrações sempre agradáveis de Alan Davis.

O que parece realmente bom é Surpreendentes X-Men. Elogiadíssima por quem já leu, chama atenção de cara pelos desenhos de Cassaday. O sujeito é fantástico. Mas a história também promete... resta aguardar as próximas edições para uma idéia melhor da trama.

X-Men Reload: X-Men 46 e X-Men Extra 46. Roteiro e desenho: Vários. Editora: Panini Comics. 100 páginas (colorido). Formato americano. 6,90 reais cada.

Mulher-Gato: Cidade eterna
Por Marcus Vinícius de Medeiros

Desde que teve sua revista mensal lançada anos atrás pela DC Comics, durante a saga Queda do Morcego, até a reviravolta criativa que resultou em novo título pelas mãos do roteirista Ed Brubaker, a Mulher-Gato carecia de boas histórias. O potencial esteve presente: Selina Kyle é a eterna antagonista e interesse romântico de Batman, uma das bad girls mais sensuais dos quadrinhos e sua vida fora-da-lei encanta e se encaixa perfeitamente no mundo sombrio de Gotham City. Tirando alguns momentos mais inspirados das fases de Chuck Dixon e Devin Grayson, contudo, isso tudo foi desperdiçado numa série inócua que se sustentou apenas pelo carisma da protagonista.

Na minissérie Cidade Eterna, Jeph Loeb e Tim Sale aproveitam com louvor o potencial da personagem. A dupla se consagrou em obras intimistas que exploravam a essência de heróis como Super-Homem, Demolidor, Homem-Aranha e Hulk, mas foi com o universo do Homem Morcego que mais se destacou. Loeb criou uma mitologia própria para o herói nas séries O Longo dia das Bruxas e Vitória Sombria, fazendo a ligação entre o domínio do crime organizado visto em Batman: Ano Um, de Frank Miller, e os super-vilões característicos do Cavaleiro das Trevas. Justamente com os elementos apresentados nessas histórias, a dupla constrói a nova trama.

Em busca da verdade sobre sua família, Selina viaja, na companhia de Edward Nigma - mais conhecido como o Charada - à cidade de Roma. Os horrores e fascínios de Gotham a perseguem, todavia. A Mulher-Gato começa tendo enigmáticos sonhos com o Cavaleiro das Trevas e, quando visita o chefão mafioso Don Verinni, encontra o capo morto pelo veneno do Coringa. Após envolver-se com o assassino mais eficiente da Itália, a ladra também é vítima da arma congelante do Sr. Frio, além de ser atacada pela Mulher-Leopardo. Alguma coisa, definitivamente, não estava certa - para azar dela e sorte do leitor. Como de costume, Loeb e Sale apresentam, com bom humor e sensualidade, um mistério bem estruturado, ação na medida certa e o mais importante, um tratamento digno dado aos personagens.

Mulher-Gato: Cidade eterna (Catwoman: When in Rome). Minissérie em três edições. Roteiro: Jeph Loeb. Desenhos: Tim Sale. Editora Panini Comics. Formato americano. 52 páginas (colorido). 5,90 reais cada.

Orquídea Negra
Por Érico Borgo

Esta é a terceira Aqui Dentro e já temos um hors concours... o nome do escritor britânico Neil Gaiman apareceu nas três. Fãzice minha? bem... um pouco. Mas não tenho culpa que o excelente autor apareça mensalmente nas nossas lojas, mesmo sem novos trabalhos. Parece que tudo o que ele escreve vende adoidado aqui, assim as editoras se empurram pra ver quem consegue garimpar mais material ou republicar clássicos com maior qualidade.

Depois das desbundantes edições de Sandman, chega às livrarias outra edição luxuosa de uma obra passada de Gaiman e Dave McKean. Publicada originalmente em 1990 pela editora Globo, Orquídea Negra voltou há poucos anos em minissérie pela Opera Graphica. E é justamente essa reimpressão que ganha nova roupagem exterior (o conteúdo é exatamente o mesmo, já que os arquivos foram reutilizados), com capa dura, aplicações de verniz e papel nobre. Todas as frescuras a que a obra tem direito.

Orquídea Negra foi o primeiro trabalho de Gaiman e McKean para a DC Comics. Antes disso, dedicavam-se a alguns álbuns malucos sobre crimes, como Violent Cases. Na história, apresentam uma origem para a obscura personagem-título, mais ou menos o que Gaiman faria alguns meses depois com o Sandman. Não é necessário ter grandes conhecimentos sobre o Universo DC para desfrutá-la, contudo. Há breves participações de outros super-heróis, mas nada que confunda o leitor. A obra seminal de Gaiman no universo DC e precursora de muitas das idéias que ele teria em sua obra-prima, Sandman.

Orquídea Negra (Black Orchid). Edição especial. Roteiro: Neil Gaiman. Desenhos: Dave McKean. Editora Opera Graphica. 156 páginas (colorido). Formato americano. 43 reais.

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