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A Morte do Capitão América, Violent Cases, Halo Graphic Novel, Mulher-Gato e D.João Carioca

25.02.2008, às 23H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H33

Na coluna irmã da LÁ FORA, o Omelete mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes. Nesta edição: A Morte do Capitão América, Halo Graphic Novel, Violent Cases, Mulher-Gato: Um Crime Perfeito, D. João Carioca.

Halo Graphic Novel
Por Érico Borgo

O game que colocou o Xbox no mapa, Halo, um dos mais jogados atualmente nas redes do console, ganhou uma adaptação para os quadrinhos que é uma das mais bem-sucedidas da história da Nona Arte. O segredo do sucesso parece ser um só: os editores.

A equipe da desenvolvedora Bungie recusou-se a entregar o projeto da adaptação para uma editora qualquer, o que o descaracterizaria como tantas outras HQs baseadas em games. Ao manter o controle criativo, a empresa conseguiu reunir sua própria "equipe dos sonhos" para executar a graphic novel, com um excelente resultado.

Os envolvidos conseguiram não apenas manter a atmosfera do game, mas também ampliar sua história, algo tão desejado mas tão pouco alcançado nesse mercado e na prática das adaptações. Escaparam também do lugar-comum, ao não colocar aventuras estreladas pelo personagem principal da série, o Master Chief. Em Halo Graphic Novel fica a certeza de que ele existe, vive, mas o foco são mesmo outros cenários e personagens.

Pra começar, somos apresentados por Lee Hammock e Simon Bisley a um comandante dos alienígenas da Covenant e seu esquadrão - sua missão: impedir uma suposta invasão humana à nave cargueiro Infinite Succor. Na seqüência, Jay Faerber, Ed Lee e Andrew Robinson dão sua visão à manufatura da armadura Spartan, verdadeiro ícone da série. A terceira história, "Escapando da Quarentena", é a mais fraca. Tsutomu Nihei, criador de mangás, tem um belo traço, mas o texto sem qualquer diálogo não agrega nada ao universo de Halo. Funcionaria muito melhor como uma cena entre fases do jogo. Aqui, parece deslocada e gratuita. A edição termina com "O Segundo Amanhecer em Nova Mombasa", o auge da Graphic Novel. Brett Lewis e Moebius (sim, aquele Moebius!) mostram a cidade antes do jogo, quando ainda era cheia de vida, de intrigas e de civis. Sozinhos, os dois provam que é possível, sim, transformar um game em outra coisa. Sozinhos, eles mostram que um filme de Halo seria incrível nas mãos certas.

Completa a edição uma belíssima galeria de pin-ups por Geof Darrow, Glenn Fabry, Scott Fisher, John Van Fleet e Kent Williams, entre outros. Entre cada história há biografias de criadores e introduções situando a história dentro do game. Um belíssimo trabalho de edição.

(Halo Graphic Novel) Panini Books. Formato americano, 132 páginas. Colorido. R$ 19,90.

Violent Cases
Por Érico Borgo

Nem tenho idéia de quantas vezes reclamei nesses oito anos de Omelete que os primeiros álbuns de Neil Gaiman e Dave McKean permanecem inéditos no Brasil. Será que num mercado que consome qualquer coisa que o inglês criador de Sandman escreve não existe espaço para Signal to Noise, Mr. Punch e Violent Cases?

A resposta demorou, mas felizmente é "existe sim". Finalmente, Violent Cases chega ao país - e marca o melhor lançamento do currículo da HQManiacs Editora.

Trata-se de um belíssimo álbum capa dura, com lombada quadrada, costurada, impressão de primeira, cheirinho de gráfica boa... tudo a que o debute histórico de Gaiman e McKean tem direito.

A HQ data de 1987 e tem Gaiman como narrador, relembrando uma visita ao osteopata durante a infância. O médico lhe conta as aventuras de seu antigo emprego - como massagista de Al Capone. As memórias de infância começam a construir uma história, fictícia ou não, sobre gângsters e assassinatos.

Agora cabe aos fãs esgotarem a edição para que venham na seqüência Signal to Noise e Mr. Punch - trabalhos superiores da dupla, que em Violent Cases estava apenas começando a explorar a arte sequencial.

(Violent Cases) HQManiacs. Formato: 21,5 x 28,5 cm. Colorido. R$ 39,90.

Mulher-Gato - Um Crime Perfeito
Por Érico Borgo

Sempre achei a Mulher-Gato uma das piores personagens do universo do Homem-Morcego. Aliás, por mim Gotham City se restringiria à dupla Batman e Alfred e tantos vilões quanto a cidade suportasse. Nada de Robin, Batgirl, Caçadora, Oráculo, Bat-Mirim... companhias tiram um dos maiores apelos do personagem: a solidão.

Mas eis que Darwyn Cooke (do bacana DC: A Nova Fronteira) e o prolífico Ed Brubaker (Gotham City Contra o Crime), dois dos melhores escritores da atualidade, ocupam-se da reformulação da Mulher-Gato... e ela subitamente me parece muito mais interessante.

Um Crime Perfeito, edição lançada pelo selo Panini Books, de edições completas e com acabamento superior, reúne o especial Selina´s Big Score (uma trama-de-assalto que ficaria ótima nas telas), as edições 1 a 4 da revista Catwoman e histórias secundárias publicadas em Detective Comics 759 a 762. Nelas, Selina Kyle ganha não apenas um recomeço, mas também estofo - através de flashes de um passado cheio de interesse -, um elenco de apoio cativante (Slam Bradley é o típico anti-herói do cinema noir) e a chance de um futuro mais digno. Tudo através dos excelentes traços Mike Allred (X-Static) e o próprio Cooke.

(Selina´s Big Score, Catwoman, Detective Comics 759 a 762) Panini Books. Formato: 17 x 26 cm, com 232 páginas. Colorido. R$ 49,00.

Os Novos Vingadores 49
Por Érico Borgo

Terminou a Guerra Civil e chegou a hora do Epílogo tão alardeado na mídia e mundialmente divulgado: A morte do Capitão América.

O icônico super-herói, criado por Joe Simon e Jack Kirby em Captain America Comics 1 (março de 1941), encontrou seu fim depois de enfrentar nazistas durante toda a Segunda Guerra Mundial, submergir no gelado Atlântico Norte num ato de auto-sacrifício e ser descoberto e descongelado pelos Vingadores décadas depois, perfeitamente conservado. Como na lenda do Rei Artur, Steve Rogers (1917-2007) reapareceu no momento de maior necessidade de seu povo, liderando os Maiores Heróis da Terra e mantendo o país cuja bandeira estampava seu peito e escudo à salvo de ameaças externas.

Ironicamente, sua maior derrota não veio de fora, mas do próprio governo que ele orgulhosamente defendia. Ao posicionar-se contra a Lei de Registro de Super-Heróis e a favor da liberdade, o Capitão América tornou-se um fora-da-lei, defendendo os ideais do passado, quando os inimigos eram mais fáceis de identificar e a guerra tinha lados tão contrastantes quanto representativos da tal luta do "bem contra o mal". Ao posicionar-se contra o governo, o Capitão, ainda que personagem de ficção, mostra que há algo de podre no mundo e no país que ele representava.

Ed Brubaker - olha ele de novo aí (você leu a parte dessa coluna sobre a Mulher-Gato, não?) - encerra, assim, uma das melhores fases da história do super-herói. E mais... o faz sem pirotecnias, sem apelações, sem monstros espinhudos, sem colunas partidas ou campanhas espalhafatosas. Brubaker mata o ícone com uma história bem construída, cheia de significado e bastante honesta. Steve Rogers morre traído. Pelos amigos. Pela pátria. Mas não pela Nona Arte.

(Captain America 25) Panini Books. Formato americano. 108 páginas. Colorido. R$ 7,50.

D. João Carioca
Por Alexandre Nagado

Duzentos anos atrás, uma série de acontecimentos na Europa mudaria o curso da História de um certo país tropical colonizado por portugueses. Com uma manobra astuta que permitiu ao Príncipe Regente D. João VI escapar do avanço de Napoleão Bonaparte sobre Portugal, ele estabeleceu-se no Brasil, transferindo para cá a sede do Império. E veio trazendo sua trupe, como sua mãe, a Rainha Maria - a Louca, sua conspiratória esposa Carlota Joaquina (com seu famoso bigodinho) e milhares de outros, entre membros da corte, suas famílias e agregados. Uma vez estabelecido aqui, o monarca chegado em música, sombra e água fresca foi promovendo uma série de transformações na sociedade. Entre elas, a criação de instituições, o incentivo às artes e à cultura, a abertura ao comércio internacional e até a criação do Banco do Brasil. Um estadista bonachão, indeciso, esperto e bem-humorado, Dom João tornou-se uma figura folclórica e querida naquele tempo. Nos 13 anos em que viveu no Rio de Janeiro, acabou por converter-se em uma figura brasileiríssima, ajudando a compor o famoso "jeitinho brasileiro", para o bem ou para o mal. É essa aventura que é contada no álbum D. João Carioca - A corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821), lançamento da Ed. Cia. das Letras.

D. João Carioca apresenta grande riqueza visual e uma linguagem didática e objetiva. O roteiro e arte ficaram a cargo do premiado cartunista Spacca, que efetuou uma vasta pesquisa de elementos visuais, arquitetura e vestimentas, fazendo também numerosas citações a pinturas da época em diversas passagens. O resultado foi um trabalho de enorme beleza gráfica e muita expressividade. A pesquisa dos fatos históricos e a supervisão ficaram a cargo de Lilia Moritz Schwarcz, a idealizadora do projeto. O texto final acabou dividido pela dupla, que abordou diferentes aspectos da vida do país e as modificações causadas com a vinda de D. João e sua corte. Ao final, pode-se ver também que a vinda (e a partida) da comitiva portuguesa custou caro aos cofres públicos, originando um país falido antes mesmo da independência, que já começava a se delinear.

D. João Carioca é uma deliciosa aula sobre a História do Brasil, servindo como um guia para se entender o porquê das comemorações, neste ano, dos 200 anos da vinda da corte portuguesa. Seja como diversão, seja como obra de referência, uma leitura mais do que recomendada.

(D. João Carioca) Editora Cia. Das Letras. Formato: 21 x 28 cm, com 96 páginas. Colorido. R$ 33,00.

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