Aqui Dentro e Lá Fora

Agora, as colunas AQUI DENTRO e LÁ FORA se fundem e ganham uma periodicidade semanal. Era um projeto antigo e que vai servir pra gente dar mais vazão para as coisas que saem no Brasil e manter você também atualizado sobre o que está acontecendo longe das nossas bancas.

Vamos lá?

AQUI DENTRO: Gourmet

O QUÊ: Álbum em mangá sobre um homem em busca de várias experiências culinárias pelo Japão. Lançado este ano pela editora Conrad.

QUEM: Taniguchi é um dos mangakás mais respeitados do mundo,premiado no Japão e na França pelos trabalhos que desenvolve desde a década de 70. Já publicou Seton e O Livro do Vento no Brasil. Masayuki Kusumi é o criador do personagem principal de Gourmet e do conceito das histórias.

POR QUÊ: Como me disse um amigo, Gourmet dá fome.

Não simplesmente fome, mas fome daquela grande variedade de comida japonesa com nomes impronunciáveis ou combinações de ingredientes que você nunca comeu - e imagina que nunca vai comer, a não ser que visite o Japão.

Gourmet, fique avisado, segue uma fórmula - ou, melhor, receita: 18 histórias de oito páginas cada, em que o personagem principal, um pequeno empresário japonês, está com fome, procura um restaurante, faz seu pedido e come. Todas as histórias são exatamente assim. Em algumas ele tem lembranças do passado, em outras fala das pessoas que encontra nos restaurantes, em muitas reclama da porção de arroz (muito pouca ou demais).

Mas em todas a fórmula é: fome - restaurante - pedir - comer. Não há um grande arco narrativo conectando as histórias. Nem uma conclusão: a última história é apenas outra refeição.

Há um outro trabalho de Taniguchi, The Walking Man, em que o personagem principal larga o emprego porque precisa caminhar. Não por exercício, nem para uma aventura pelo mundo. Mas só caminhar, dar voltas na vizinhança, na floresta próxima, ver as coisas com calma. Cada pequena história é sobre uma caminhada.

Em Gourmet, talvez a intenção seja apenas registrar a variedade da cozinha japonesa - principalmente a de rua, que você encontra nos locais mais improváveis. O álbum não mostra restaurantes luxuosos nem refeições caseiras. Talvez seja algo da estética japonesa e eu esteja tentando entender com cérebro de ocidental. Ou talvez não se deva buscar sentido nessa opção de Taniguchi por simplesmente contar histórias de um homem que almoça.

O fato é: fiquei com fome. Aquele vaporzinho que sai de cada prato meticulosamente desenhado nas páginas dá uma vontade de sair correndo para descobrir um restaurante novo. Só não sei onde vou encontrar takoyaki.

ONDE E QUANTO: Nas livrarias. O preço sugerido é de R$ 26,90. Compre aqui

LÁ FORA: Ultimate Comics

O QUÊ: Depois de nove anos e uma grande queda nas vendas, a Marvel cancelou todas as séries Ultimate e relançou a linha. As primeiras duas séries mensais são Ultimate Comics Spider-Man e Ultimate Comics Avengers.

QUEM: Brian Michael Bendis continua no roteiro de Spider-Man, agora com David Lafuente nos desenhos. Mark Millar está em Avengers, tentando recuperar o bom desempenho que teve em Supremos; a série tem desenhos de Carlos Pacheco.

POR QUÊ: Nenhuma das séries relançadas da linha Ultimate concluiu suas histórias de abertura. Mas, assim como no primeiro lançamento da linha, elas mostram mês a mês a que vieram. E talvez o que esperar pela frente.

Ultimate Comics Spider-Man teve realmente grandes mudanças, como prometia Brian Bendis. Peter Parker ainda é o Aranha, ainda vive na casa da Tia May e vai ao colégio, mas há surpresas tanto para quem acompanha o drama adolescente dos amores e amizades de Peter quanto em suas aventuras contra vilões.

A novidade entre os vilões é o surgimento de Mysterio, versão Ultimate. Diferente do original, ele tem pretensões de dominar o crime em Nova York, e começa lançando-se direto contra Wilson Fisk, iniciando uma luta pelo poder. Outro personagem novo é Mortalha, que até agora age como um novo herói em Nova York (e não tem relação alguma com a versão do Universo Marvel usual).

O destaque da série é o novo desenhista David Lafuente, que dá estilo e ritmo de mangá (mesmo com uma detalhada colorização europeia de Justin Ponsor) às páginas. Alguns leitores, porém, estão reclamando dos estranhos cabelos de Peter Parker, certinho atrás e longo na frente, como duas presas cobrindo seu rosto.

Ultimate Comics Avengers, nova criação da linha, mostra uma equipe de operações secretas dos Supremos - que inclui alguns membros da equipe original. A primeira missão: deter a I.M.A., versão Ultimate, que tem o Caveira Vermelha como um de seus operativos. E há uma relação muito especial entre o Caveira e Capitão América.

Os roteiros não empolgam tanto quanto Supremos, que tinha velocidade e apelo próprios (a sátira política ainda aparece, mas bem mais tímida). O problema principal está nos desenhos de Carlos Pacheco, pouco inspirados ou muito apressados - Pacheco é um ótimo desenhista, como demonstra todos os seus outros trabalhos.

Uma minissérie, Ultimate Comics Armor Wars, também já começou, por Warren Ellis e Steve Kurth. O foco é em Homem de Ferro, numa narrativa criativa e maluca típica de Ellis. Vale a pena ver a versão Ultimate de Modok.

Pela frente, vêm não uma, mas DUAS séries de Jeph Loeb. Terror para a crítica, o autor infelizmente sempre atrai massas de leitores com suas histórias. Ele foi o responsável por Supremos 3, bem como por Ultimato, ambas detonadas pelos críticos - mas que venderam mais que o esperado.

O relançamento da linha Ultimate, portanto, não empolga tanto quanto o lançamento original da linha. Resta a esperança de que as séries principais, Spider-Man e Avengers, continuem crescendo. Do resto, não dá para esperar muito.

ONDE E QUANTO: Nas comic shops. Cada edição custa US$ 3,99 (R$ 7,00). Em abril e maio saem as primeiras coletâneas - Ultimate Comics Spider-Man: The World According to Peter Parker e Ultimate Comics Avengers: Nex Generation. Ambas em capa dura, custarão respectivamente US$ 24,99 (R$ 44) e US$ 29,99 (R$ 53,00).