Com 27.229 exemplares comercializados, Guerra Civil foi um dos 15 livros de ficção mais vendidos no Brasil em 2015. O romance, escrito por Stuart Moore com base nos quadrinhos de Mark Millar e Steve McNiven, se passa em uma linha do tempo alternativa, em que Peter Parker e Mary Jane nunca se casaram (estabelecida em One More Day, de J. Michael Straczynski e Joe Quesada,). O livro também atualiza os eventos da HQ, situando a história durante o governo de Barack Obama, não de George W. Bush.
Essa Guerra Civil levemente diferente é o carro-chefe da coleção oficial da Marvel na editora Novo Século, que conta com versões romanceadas de arcos conhecidos e histórias inéditas estreladas pelos heróis da Casa das Ideias. “São mídias diferentes, assim como na adaptação de um livro para o cinema. A base então é a mesma, mas a sensação é diferente. Sem o apoio da imagem, como nos quadrinhos, o leitor precisa usar a própria imaginação para construir a ação”, explica a editora Lindsay Gois sobre o formato que transforma ilustrações em parágrafos descritivos e balões de fala em diálogos.
O selo já publicou 10 romances no Brasil (veja a lista completa na galeria), sendo o último A Morte do Capitão América, uma adaptação escrita por Larry Hama baseada na HQ de Ed Brubaker e Steve Epting sobre as consequências da Guerra Civil. O lançamento próximo a estreia no novo filme da Marvel faz parte da estratégia da editora, que aproveita a divulgação do estúdio e o consequente aumento do interesse do público. Deadpool: Dog Park, por exemplo, chegou às livrarias em janeiro, em preparação para o lançamento do longa do mercenário tagarela no mês seguinte. O livro de Stefan Petrucha conta com uma trama original, em que Wade Wilson precisa salvar a humanidade de terríveis filhotinhos de cachorro.
O público desses livros pode ser divido em três grupos, segundo Gois: o fã de quadrinhos que quer complementar o seu conhecimento das histórias (já que essas versões trazem mais detalhes sobre eventos conhecidos das HQs); os fãs que conhecem a Marvel apenas pelos filmes; e o leitor de romances leves. O foco geral é o nicho geek, facilmente impactado pelas capas assinadas pelo ilustrador mineiro Will Conrad (artista oficial da Marvel e da DC). Nas livrarias, os romances são expostos no mesmo setor dos quadrinhos, o que chega a causar confusão entre consumidores desavisados. Há casos, por exemplo, de quem comprou Guerra Civil, o romance, esperando ver os heróis desenhados por Steve McNiven nas páginas.
Como Gois explica, é uma forma diferente de consumir o mesmo universo, dando espaço para imaginação do leitor no lugar do deslumbre com páginas super detalhadas. Um formato que é explorado há anos, com o primeiro romance da DC sendo lançado em 1942 (The Adventures of Superman, de George Lowther) e o primeiro da Marvel chegando em 1967 (The Avengers Battle the Earth-Wrecker, de Otto Binder). Na coleção atual da Novo Século, mais quatro títulos devem ser lançados em breve: Wolverine: Arma X, X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, Novos Vingadores: Fuga Extrema e Homem-Aranha e a Última Caçada de Kraven. A DC também conta com diversos romances, tendo anunciado recentemente um acordo com a americana Random House para produzir livros infantojuvenis estrelados por Batman, Mulher-Gato, Superman e Mulher-Maravilha - leia mais. Ainda não há planos, porém, de publicação no Brasil.
"- Agora você está mexendo com gente grande - disse Nitro.
A energia jorrou dele, consumindo primeiro Namorita. Ela arqueou um grito de dor, soltou um grito silencioso e então se dissolveu em cinzas. A onda de choque continuou se espalhando, envolvendo a câmera, o cinegrafista, o ônibus escolar. Radical, depois Micróbio. A casa e os três vilões espalhados no quintal dos fundos.
E as crianças." - Comparação dos quadrinhos de Guerra Civil com um trecho do romance de Stuart Moore (página 17).