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American Born Chinese, Deathblow, The exterminators, New Avengers, The Spirit

03.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 23.11.2016, ÀS 07H02

American Born Chinese

Exterminators 12

New Avengers 26

The Spirit 1
Na coluna semanal LÁ FORA, o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

AMERICAN BORN CHINESE

A graphic novel de Gene Luen Yang tornou-se um dos grandes lançamentos de 2006 ao concorrer a uma das premiações literárias mais importantes dos EUA, o National Book Award. Mesmo não ganhando o prêmio, tinha gente dizendo que era o maior reconhecimento que os quadrinhos já haviam tido no país. E que Yang, afinal, merecia.

Mas sabe quando você pega um livro ou gibi, cheio de recomendações, e não entende o que as pessoas viram nele? Pra mim, American Born Chinese foi mais um caso.

São três histórias paralelas: a do Rei Macaco, personagem de uma fábula chinesa; a de Jin Wang, garoto de descendência chinesa que chega a uma nova escola; e a de Danny e Chin-Kee, contada em forma de sitcom (à la Primo Cruzado, inclusive com risadas enlatadas), estrelando o pior dos estereótipos chineses. As três narrativas fundem-se no capítulo final.

Lembrei das boas HQ que o Maurício de Souza produzia mais ou menos no início da Turma da Mônica. O tema do preconceito geralmente surgia, em histórias inteligentes e com metáforas espertas, que não subestimavam o público infantil.

American Born Chinese é também sobre preconceito, mas mais sobre aceitar suas raízes. A reviravolta do final é um recurso inteligente, que dá peso à obra. Mas ela ainda é infantil, e talvez superável por aquelas boas histórias da Mônica.

De qualquer forma, é uma leitura excelente se você tem uns 12 anos e mais que 2 neurônios. Se você já passou da fase, acho que deveria buscar algo com mais conteúdo.

DEATHBLOW 2

Brian Azzarello e Carlos D’Anda estão trilhando caminhos bem interessantes com esta série. Mas como foram apenas duas edições até agora, e a história é daquelas que sai a conta gotas, ainda é cedo pra ter certeza se o material é mesmo digno de alarde. Fica aqui a anotação para que você mantenha suas antenas em pé para conferir o que está acontecendo com o soldado Deathblow.

THE EXTERMINATORS 12

Los Angeles, pelo que dizem seriados como Six Feet Under e HQs como Desolation Jones, é um microcosmo que esconde o que há de mais bizarro na Terra. The Exterminators, a série da Vertigo que está completando um ano, é mais um conto sobre o local.

A bizarrice da cidade aparece do ponto de vista de um desinsetizador, Henry James. Uma invasão de baratas inteligentes está formando-se, e James tem alguns vislumbres do caos que a cidade está prestes a enfrentar. Sua jornada começa com parceiros excêntricos (um cowboy espiritual, um homem-rato, um lutador de luta livre, um chefe que foi torturador de Pol Pot) e leva-o a lugares inesperados. Numa das últimas edições, ele visitou uma espécie de biblioteca onde os associados são submetidos a fantasias de submissão de acordo com sua preferência literária - e havia uma infestação de aranhas na sala Lewis Carroll.

Exterminators não tem roteiros (o estreante Simon Oliver) ou desenhos (não há desenhista fixo) fantásticos, mas é feita de várias dessas pequenas grandes idéias. São os pontos que fazem da série uma ótima opção de leitura inteligente.

NEW AVENGERS 26

O que Brian Bendis trouxe aos quadrinhos mainstream foi a ousadia dos quadrinhos independentes. Bendis fazia experimentos de narrativa fantásticos nos seus primeiros trabalhos, como Jinx, e trouxe-os com sucesso para séries como Alias. Até o Homem-Aranha Ultimate, seu trabalho mais pop, tem alguns toques de experimentalismo - já saiu aqui a edição contada como livro infantil?

Esta edição de New Avengers é mais uma prova da força do escritor. Qual foi a última vez em que você viu uma revista dos Vingadores dedicada a um drama romântico, e ainda por cima desenhada (por Alex Maleev) em um estilo bem fora do convencional?

Bendis não só escreve quinhentas páginas de quadrinhos por mês, ele ainda acha tempo para explorar sua versatilidade. Esse cara merece mais elogios do que já tem.

BATMAN / THE SPIRIT e THE SPIRIT 1

No encontro dos clássicos e sexagenários personagens, Darwyn Cooke e Jeph Loeb optaram por diversão como palavra-chave. O crossover é o pontapé para o lançamento de uma nova série do Spirit, na DC, por Cooke - e o que Will Eisner buscava, em 90% das histórias de seu principal personagem, era diversão.

O Comissário Gordon e o Comissário Dolan são convidados para o Encontro Anual da Sociedade de Criminólogos da América - um alvo óbvio para todos bat e spirit-vilões. A partir daí, você sabe o resto: os cruzamentos entre as femme fatales P’Gell e Mulher-Gato, os parceiros Ébano e Robin e os dois personagens principais... Mas Cooke e Loeb sabem que você está esperando isso, então aproveitam para brincar com suas expectativas.

Na nova série do Spirit, duas coisas chamam atenção. Primeiro, Cooke sabiamente decidiu não imitar ou homenagear Eisner. A narrativa é cookiana, clássica (se você ainda não leu A Nova Fronteira, apresse-se). A segunda coisa é a correção política de Ébano, que perdeu seus traços característicos (considerados racistas) em troca de uma versão sem graça. Mais um mau exemplo do politicamente correto atrapalhando os quadrinhos.

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