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Crítica

Ataque dos Titãs #1 | Crítica

Mangá de Hajime Isayama apresenta um ótimo conceito, mas peca na execução

06.12.2013, às 16H05.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H11

Ataque dos Titãs (Shingeki no Kyojin), de Hajime Isayama, é um dos maiores fenômenos recentes entre mangás. No seu Japão natal, foi a segunda série mais vendida de 2013, atrás apenas de One Piece. Nos Estados Unidos, cinco volumes ficaram na lista de graphic novels mais vendidas. Uma indicação no Festival D'Angoulême sacramenta o ano de Ataque dos Titãs, que agora tem seu primeiro volume lançado no Brasil pela Panini.

O mangá conta a história de Eren, sua irmã Mikasa e seu amigo Armin, habitantes de um mundo em que cidades foram muradas para impedir o avanço dos titãs do título, seres com alturas que variam de quatro a 15 metros que devoram pessoas sem razão aparente. A mãe de Eren é morta em um ataque dos gigantes e o garoto jura vingança, começando uma jornada para exterminar os monstros. Como o primeiro volume termina antes de uma grande reviravolta na trama (é como se fosse uma longa introdução ao universo da HQ), ainda não dá para entender direito os motivos que transformaram Ataque dos Titãs em uma febre.

O conceito criado por Isayama é bastante interessante e poderoso. Um mundo em que os humanos vivem enclausurados é interpretado como uma metáfora para a sensação de desesperança da juventude de hoje. Independente do que o mangaká quis mostrar com essa história, ele conseguiu construir um universo com potencial para ser explorado; os melhores momentos da HQ são justamente aqueles que explicam o que aconteceu com o mundo, o que os humanos sabem sobre os titãs e de que maneira foram criados sistemas de segurança para impedir os ataques dos gigantes.

Mas ao focar tanto no belo universo que criou, Isayama acabou negligenciando a construção dos personagens. Vemos o sofrimento de Eren e entendemos suas motivações, mas a nossa identificação com o drama do protagonista não é imediata. Podemos até admirar a silenciosa e durona Mikasa, mas também falta empatia à heroína. A série traz alguns bons ganchos, mas talvez o leitor retorne aos próximos volumes de Ataque dos Titãs por pura curiosidade, não porque nos importamos com esses personagens, necessariamente.

Outro fator que prejudica a leitura é o desenho. O próprio mangaká disse em entrevistas que seus traços são "amadorísticos", e isso fica claro logo nos primeiros momentos. As cenas de ação são um pouco confusas, e algumas páginas são desenhadas com um estilo diferente, como se um arte-finalista tivesse corrigido os erros. Não há nenhuma explicação sobre essas mudanças no estilo, que destoam muito do resto da HQ.

Este primeiro volume foi publicado no Japão em 2009, e desde então Isayama evoluiu muito, tanto na arte quanto na narrativa. O anime baseado em Ataque dos Titãs também ajudou a popularizar a saga dos gigantes. O mangá pode começar um pouco devagar, mas a vontade de saber o que acontece na história, especialmente após os acontecimentos mostrados nas páginas finais, deve garantir a volta dos leitores, apesar de tudo.

Nota do Crítico
Bom

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