Avengers Standoff: Assault On Pleasant Hill #1 | Crítica

Avengers Standoff: Assault On Pleasant Hill, a saga dos Vingadores da Marvel que ajuda a celebrar os 75 anos do Capitão América, começou apostando tudo no jogo de aparências. Esse jogo não só é a base da premissa como inclui uma reviravolta, ao final da primeira edição, que de fato parecia inesperada.

Não vamos entrar em detalhes ou spoilers aqui, mas vale dizer que o gancho promocional dessa saga - a oportunidade de colocar lado a lado os Capitães América Sam Wilson, Steve Rogers e o ex-Capitão Bucky Barnes - não se consuma ainda em Avengers Standoff #1, e a graça da reviravolta final é justamente ver frustrada essa expectativa. Quando tudo caminhava para um esperado despertar de Bucky (apresentado como protagonista da história nas primeiras páginas), o roteirista Nick Spencer pega o caminho inverso, depois de espalhar "arenques vermelhos" por toda a edição.

Enganar o leitor, que se descobre incapaz de confiar no que vê, é uma forma de tornar mais eficiente a premissa de Avengers Standoff, saga que segue o modelo de Stepford Wives, A Vila da série de TV Prisoner e outras tantas obras da cultura pop que falam de utopias de fachada e de paranoia. Desta vez o subúrbio americano perfeito até demais se chama Pleasant Hill, um lugar arborizado, com balões coloridos e animais de estimação (a fofura fica realçada no desenho arredondado e sempre meio cartunesco de Mark Bagley), que logo descobrimos ser a clássica fabricação para anestesiar o espírito.

Mais uma vez, a exemplo do que aconteceu em Guerra Civil, a Marvel parece pender para a torcida da desobediência civil, em outra saga que trata o governo e suas agências (aqui, a SHIELD de novo) como limitadores não apenas da ação dos heróis como também dos vilões. É difícil prever, a julgar apenas por essa primeira edição, que desdobramentos Avengers Standoff terá no Universo Marvel, mas como criação de suspense e de uma atmosfera de insegurança a saga começa com o pé direito.