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Crítica

Dark Knight III: The Master Race #1 | Crítica

Início da minissérie traz um Frank Miller controlado, mas não impessoal

25.11.2015, às 18H33.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

"Kandor está cansada de ser pequena." É com essa frase, que deve ecoar por toda a minissérie, que termina a primeira edição de Dark Knight III: The Master Race. Não é difícil presumir que os kryptonianos diminutos de Kandor podem ser a tal "raça mestre" deste terceiro volume de O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Mas não é por isso que essa frase (presente na história secundária da edição, estrelada pelo Eléktron) é marcante, e sim porque ela sintetiza uma forma muito pessoal de Miller encarar suas narrativas.

Porque é uma frase descomplicada. É uma motivação mundana que não lembra em nada as justificativas elaboradas em que muitas HQs (especialmente aqueles que misturam fantasia com ciência) baseiam suas premissas. Kandor não quer aumentar porque o raio redutor de Brainiac vai perder seu efeito, nem porque algum índice subatômico matemático diz que Kandor se destruirá se continuar miniaturizada. Eles simplesmente estão... cansados de ser pequenos.

Miller entende que super-heróis e superseres em geral - assim como os deuses da mitologia grega - não são diferentes dos humanos normais nos seus sentimentos menos nobres. Heróis se enciumam, se aborrecem, guerreiam por vaidade, pelo prazer do combate. Esse é um componente que ajudou a tornar o seu Cavaleiro das Trevas tão cativante, e essa primeira edição de Dark Knight III mostra que esse elemento não mudou: super-heróis são capazes de atos grandiosos mas também podem (ou devem, na cabeça de Miller) tombar.

Não vamos entregar nada aqui, mas digamos que essa primeira edição dá um tom bastante interessante para a minissérie em relação a essa queda, da qual é sempre a missão dos heróis reerguer-se. Mulher-Maravilha e a ex-Robin Carrie Kelley, assim como a ainda Comissária de Gotham Ellen Yindel, são as inesperadas protagonistas de Dark Knight III #1, com Miller (ajudado pelo corroteirista Brian Azzarello) operando numa insuspeita chave feminista.

Se esse tema pode parecer uma novidade, os desenhos de Andy Kubert - que responderá pela arte de todas as oito edições - emulam o estilo consagrado de Miller na minissérie de 1986. Os leitores que rechaçaram a Cavaleiro das Trevas 2 de 2001 podem ficar relaxados: os quadros desconstruídos e o excesso de splashpages foram colocados de lado. Kubert se preocupa principalmente em manter o senso de dinamismo da ação com poucos diálogos de Miller, embora use menos quadros por página. (A minissérie de 1986 é famosa por ter até 16 quadros por página, frequentemente para dar um senso de continuidade e dinamismo maior na ação.)

Veja 50 capas de Cavaleiro das Trevas 3

É como se fossem aproveitados o escopo e alguns personagens da minissérie de 2001 - como os integrantes da Liga e os laços filiares do Superman - mas todo o layout remetesse à HQ de 1986, com a mídia ecoando o que acontece em Gotham (agora com personalidades atuais da TV como Jon Stewart e Bill O'Reilly em cena) e concessões a coisas mais modernas, como a interessante página em que os quadros reproduzem fotos de celular.

A impressão que fica, talvez prematura ainda, é que a DC Comics chegou a um formato para O Cavaleiro das Trevas que não ofenderá os puristas e nostálgicos nem desapontará quem espera a verve de Miller. O que temos aqui é um autor mais controlado, mas não descaracterizado.

Nota do Crítico
Ótimo

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