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Crítica

O Feiticeiro de Terramar | Crítica

Clássico de Ursula K. Le Guin é equilíbrio perfeito entre aventura e fantasia

23.09.2016, às 13H44.

Quando pensamos em grandes nomes da ficção científica e fantasia, a primeira associação que fazemos são autores como J.R.R Tolkien, Isaac Asimov, C.S Lewis, H.G Wells, entre tantos outros. Porém, em um cenário dominado por representantes masculinos, uma notável exceção começa a ter sua obra reconhecida no Brasil: Ursula K. Le Guin, norte-americana de 86 anos, vencedora de 5 Locus, 4 Nebulas, 2 Hugos e tida como uma das mais maiores escritoras de fantasia e ficção científica de todos os tempos.

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Após o lançamento do celebrado Mão Esquerda da Escuridão pela Aleph em 2014, os leitores brasileiros agora podem conhecer o trabalho e a importância de Ursula na fantasia com O Feiticeiro de Terramar, primeiro livro do Ciclo Terramar que finalmente chega ao mercado editorial do país através de belo trabalho da Arqueiro com ilustração de capa criada por Ursula "SulaMoon" Dorada e comissionada especialmente para a edição nacional.

Publicado originalmente em 1968, o livro narra a história de Ged, um menino que deixa uma das ilhas do Arquipélago de Terramar com o objetivo de aperfeiçoar as habilidades que descobre ainda na infância e se tornar um grande feiticeiro. A inteligência e perspicácia de Ged o fazem se destacar rapidamente entre seus colegas, porém o menino carrega consigo a arrogância típica de jovens prodígios. Em determinado momento, Ged perde a cabeça durante uma competição e executa um feitiço proibido, e as consequências desta ação trazem mazelas profundas na vida do aprendiz. Ged então inicia uma peregrinação por todo o arquipélago em busca de uma solução, em uma dura jornada que o fará se transformar o menino em homem.

Ao mesmo tempo que desenvolveu um dos mundos mais complexos e vivazes dentro do gênero fantástico (brilhantemente adaptado pelo Studio Ghibli em 2006), Ursula conseguiu fazer da jornada de Ged uma aventura introspectiva e emocionalmente complexa. A maioria das fantasias e obras do gênero alcançam o clímax com a vitória do protagonista contra uma força exterior - dragões, exércitos, monstros. No entanto, ao colocar Ged em sua jornada, Le Guin faz o inverso e leva o protagonista e consequentemente o leitor rumo a um caminho de autoconhecimento e crescimento pessoal.

Certa vez, quando perguntada sobre a importância do gênero Young Adult, gênero no qual O Feiticeiro de Terramar se encaixa, Ursula disse:  "Eu amo saber um livro vai ser vendido para os adolescentes, porque eles são leitores fantásticos. Eles levam o que lêem muito a sério. Eles estão à procura de orientação para descobrir como viver". A frase resume precisamente as qualidades que fazem de O Feiticeiro de Terramar um grande livro: É uma obra escrita para pessoas que estão amadurecendo, mas que também trata sobre o amadurecimento em si.

Nota do Crítico
Ótimo

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