O trabalho de estréia do diretor Sam Raimi, Evil Dead segue cada vez mais cultuado e gerando interesse de fãs de terror e comédia. Mas se o cineasta até aqui ainda não retomou a trilogia no cinema, o mesmo não se pode dizer do seu interesse em licenciá-la para outras mídias.
Em julho chegou às bancas brasileiras um bom exemplo desse anseio cult por mais aventuras de Ash: A edição 59 de Marvel Max, da Panini Comics. Nela, a Marvel junta uma de suas mais inusitadas criações dos últimos anos, os Zumbis Marvel, com o heróico balconista maneta de Evil Dead.
A série de histórias, batizada "Origem Macabra", mostra o responsável pela infecção que tomou o planeta e transformou super-heróis em devoradores de carne humana. E, obviamente, onde há zumbis e espectros de qualquer natureza há também Ash, sua leal serra-elétrica e a espingarda de cano serrado.
A co-produção Marvel-Dynamite Comics, roteirizada por John Layman e desenhada pelo paulista Fabiano Neves (ótimo traço), é um besteirol bastante divertido, na veia do terceiro filme da série, quando as aventuras de Ash ganham proporções mais "épicas". Vale conferir, ainda que o mix de Marvel Max - que já foi uma das melhores revistas da Panini - esteja cada mês pior...
Evil Dead - O Musical
Outra das migrações de Evil Dead para outras mídias é o musical trash-cômico que leva a marca da série. Em visita ao Canadá, à cidade de Toronto - base da montagem teatral -, não resisti à tentação de conferir essa inusitada peça que termina por lá em setembro.
Trata-se de uma divertida homenagem ao filme original, que consegue ser ainda mais caricata que o terror. Evil Dead - The Musical não apenas satiriza o filme, como também o gênero dos suspenses-adolescentes e os musicais. Há a gostosona que vai ficando sem roupa conforme a história se desenrola, o jovem taradão, a irmã CDF - e todos questionam frequentemente suas próprias ações. "Devo acordar os outros para investigar o barulho estranho lá fora? Não... algo me diz que é melhor ir sozinha e completamente vulnerável", é apenas um dos diálogos que exemplificam isso.
Já os números de canto e dança são hilários pelas letras boca-suja, cheias de duplo sentido, e também pela maneira como evocam todos os outros musicais que você já viu (ou fez questão de não ver). Eles vão dos mais óbvios, como os que apresentam os personagens e a cabana onde eles ficam presos, aos bizarros e criativos, como o melhor de todos: "Todos os Homens da Minha Vida Foram Mortos Por Demônios Cardassianos". Preciso dizer mais alguma coisa?
Quanto ao elenco, o ator principal, Ryan Ward, é a cara do Bruce Campbell - que é homenageado mais de uma vez ao longo da peça. Aliás, as pequenas homenagens a Sam Raimi e suas criações escondem-se pelo cenário e no texto. Além disso, a história original ganhou personagens novos, pra povoar melhor o palco (e dar mais vítimas ao público, claro).
O design de produção é igualmente divertido, especialmente o interior da cabana, o cenário principal. O cenário repleto de recursos simples, que têm um quê de parque de diversões barato, mas absotutamente eficientes, especialmente na cena de possessão generalizada, que é digna de um Poltergeist.
Mas o grande barato é mesmo o final. Quando Ash enfrenta todos os demônios em cena de uma só vez, no segundo ato, começa um banho de sangue no palco. E digo isso literalmente. Sentei na "splatter zone", a "zona da sujeira", composta pelas duas primeiras fileiras a partir do tablado - e o sangue jorrou generosamente em todos ali. Felizmente, capas de chuva foram distribuídas no intervalo, poupando as roupas de quem se deu ao trabalho de vesti-las. Sim, porque o sangue espirra em jatos, jorros, chuva, gotículas e borbotões a cada estocada, corte e estripamento. Algumas pessoas deixaram o teatro cobertas de vermelho. Diversão garantida para quem aprecia um bom gore. Eu adorei.
E que Sam Raimi, que está voltando ao gênero que o consagrou com Drag Me To Hell, recupere sua fé nos demônios cardassianos e retome logo Evil Dead.