Foram revelados ontem os indicados ao festival de quadrinhos de Angoulême, na França, um dos mais importantes do ocidente. Se o Eisner Awards é o "Oscar" da categoria, Angoulême é o Festival de Cannes.
São cinquenta álbuns indicados (!), dos quais seis especificamente para os prêmios do patrimônio (dado a reedições de obras clássicas, como Little Nemo e Golgo 13, que aparecem na categoria). Os outros 44 concorrerão a sete prêmios. Um é o de melhor álbum, outro é de "revelação" (álbum de um autor iniciante) e os outros cinco são os "essenciais". Basicamente, um álbum ganhador de um "essencial" torna-se recomendado pelo júri como um dos melhores do ano.
Este ano, não há prêmios específicos de melhor roteiro ou arte ou qualquer outra coisa.
Fazem parte do júri o presidente Lewis Trondheim, Christophe Arleston (o roteirista de Lanfeust) e diversas pessoas ligadas à área. A média de idade é bem mais baixa do que o habitual desses júris (o mais velho parece ser o próprio Trondheim, que mal tem 40 anos!), então esperem surpresas!
A seleção oficial pode ser conferida neste link, mas destacamos algumas indicações interessantes, como o Black Hole de Charles Burns, o Gyo do Junji Ito (ambas séries de terror com um espírito curiosamente similar, apenas das enormes diferenças temáticas e de serem de "escolas" totalmente diferentes!), Jacarandá (mangá em que Tóquio é destruída por um Jacarandá gigante. Sério!), o Marquês de Anaon do nosso amigo Fabien Vehlmann, o recém-lançado no Brasil O Fotógrafo e meu favorito, Universal War One.
Surpresas? A não indicação do vencedor do prêmio RTL (Landru, do Cahbouté), do novo álbum do Davodeau (que, após ter levado todas no ano passado, está sendo curiosamente ignorado este ano) e, a grande surpresa, do vencedor do prêmio da crítica, Les Petits Ruisseaux! Aliás, NENHUM indicado ao prêmio RTL foi selecionado pelo júri! E bem poucos do prêmio da crítica! Todo mundo sabe que o quadirnhista Trondheim detesta os críticos, mas...
Curiosamente, a editora Futuropolis, que está sacudindo o mercado editorial europeu, teve apenas dois indicados, ficando atrás até de diversas editoras "comerciais"!
Mas que ninguém pense que a seleção foi injusta! Tem de tudo aí: HQs franco-belgas, italianas, americanas e japonesas. Material mainstream e alternativo, infantil e adulto, realista e, diabos, até super-heróis (o Nova Fronteira do Darwin Cooke!). Eclético pra caramba.
Vamos ver no que vai dar...