Francisco Solano López, quadrinista argentino mais conhecido pela criação do Eternauta - a HQ mais famosa do país -, faleceu nesta sexta-feira em Buenos Aires segundo o jornal Pagina 12. Ele tinha 83 anos.
Francisco Solano Lopez
O Eternauta
Solano López trabalhava nos quadrinhos desde 1953. Na mesma década conheceu o roteirista Héctor Germán Oesterheld, que seria seu parceiro de trabalhos por mais de vinte anos. Em 1957, os dois criaram o personagem O Eternauta para a revista Hora Cero, que acabou virando um marco na história do quadrinho argentino, misturando ficção científica e crítica política.
Foram tantas críticas políticas, aliás, que López foi morar na Espanha no final da década de 50 e depois mudou-se para Londres. Lá, trabalhou com editoras inglesas fazendo principalmente quadrinhos de guerra. Acabou por retornar à Argentina, retomou a parceria com Oesterheld e os dois fizeram uma nova versão do Eternauta. Mas o retorno terminou em tragédia: o colega roteirista foi preso e morto pela ditadura militar do país no final da década de 70, pelos quadrinhos críticos ao governo e por sua participação no grupo guerrilheiro Montoneros.
López mais uma vez refugiou-se na Europa, onde fez questão de continuar a publicar O Eternauta através de editoras italianas. De volta à Argentina alguns anos depois, retomou a carreira criando suas próprias ou colaborando com roteiristas locais como Ricardo Barreiro e Juan Sasturain. Morou também no Brasil e publicou um único álbum por aqui: Sangue Bom, com Allan Alex e Carlos Patati. Foi bastante lembrado durante as comemorações dos 50 anos do Eternauta, em 2007 e recebeu prêmios tanto na Argentina quanto na Espanha e na Itália.
O autor teve um AVC no início deste ano e estava em estado debilitado desde então. Segundo o Pagina 12, López tentou levantar-se sozinho da cama no domingo, 7 de agosto, caiu e bateu a cabeça, o que resultou em um coma que durou até hoje. O corpo será cremado.
Ainda inédito no Brasil, O Eternauta será publicado este ano pela editora Martins Fontes.