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Crítica

Gavião Arqueiro #1-6 | Crítica

Herói da Marvel ganha um gibi verdadeiramente tarantinesco

29.01.2013, às 16H55.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H52

"Clint Barton, a.k.a. Gavião Arqueiro, tornou-se o maior perito em arco e flecha que o mundo já viu.

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Aí ele entrou nos Vingadores.

Isso é o que ele faz quando não está nos Vingadores."

Quase todas as edições de Hawkeye têm este textinho na página de créditos. O que é o personagem e qual o propósito da série estão resumidos num tom levemente irônico, mas preciso. Fica de piscadela para quem sabe que, desde sempre, foi difícil mostrar o Gavião Arqueiro à parte dos Vingadores e de explicação retinha para quem acabou de conhecer o personagem no cinema.

A sinal verde para a série, afinal, foi este: quem curtiu o Gavião de Jeremy Renner naquele filminho bilionário poder encontrar gibis com ele. Mas a série, felizmente, virou muito mais que isso.

O caso é que a Marvel conseguiu dois autores de primeiro escalão para comandar a revista: o roteirista Matt Fraction, que já passou por X-Men, segurou Homem de Ferro e Thor quando estes estavam no cinema e atualmente também está no Quarteto Fantástico (fora ter carreira de quadrinhos autorais, como Casanova); e o desenhista espanhol David Aja, que fez poucas mas invejáveis páginas na editora, principalmente na série do Punho de Ferro.

Tanto Fraction quanto Aja optaram pelo caminho da virtuose. Fraction pega tramas simples - Gavião tem que salvar vizinhos de gangue russa, fita que mostra Gavião assassinando terrorista vai ser leiloada entre supercriminosos, Gavião salva garota bonita de bando de matadores - e complica seu próprio trabalho contando elas de forma não-linear e recheando de diálogos hipsterzinhos.

Aja, por sua vez, vai de páginas com vinte quadros, diagramas explicativos em desenho técnico, referências a Mazzucchelli e Crepax. Duas sacadas hilárias circularam bastante pela internet: a página em que o Gavião nu tem suas partes censuradas pela sua fuça clássica e outra em que os personagens caem na perspectiva isométrica de Double Dragon. Confira ao lado.

(Até nas edições que Aja não desenhou, a 4 e a 5, Javier Pulido encarna Steve Ditko e segue o padrão esforçado de Aja.)

O resultado (sem trocadilho) é certeiro. Um gibi verdadeiramente tarantinesco (no abuso das referências, no texto, na montagem bem sacada), que fala tanto com leitores novos quanto antigos, e diferente de tudo que a Marvel tem colocado no mercado. Já dá para começar em apostar em pilhas de troféus no Eisner - como aconteceu com Demolidor em 2012 (por sinal, Hawkeye é supervisionada pelo mesmo editor, Steve Wacker). Diante da tendência de lugar-comum que assola a imensa maioria de quadrinhos de super-herói, realmente merece.

As seis primeiras edições serão reunidas numa coletânea em março - obrigatória para quem ainda não leu nada.

Nota do Crítico
Bom

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