Em entrevista ao Hero Complex, o quadrinista Frank Miller diz que finalmente terminou Holy Terror, graphic novel em que vem trabalhando pelo menos desde 2005 e que tem lançamento previsto para setembro nos EUA. Será a primeira publicação da nova editora Legendary Pictures.
A história começou como uma graphic novel do Batman, mas tomou outros rumos. Agora o protagonista é The Fixer (“o consertador”), ex-soldado que vai defender Nova York após um ataque terrorista. Na entrevista, Miller afirma que as 120 páginas da HQ serão de propaganda política descarada.
“Acima de tudo, eu sou quadrinista. Quando entrei nessa, me senti próximo do que Jack Kirby provavelmente sentiu quando criou o Capitão América”, diz o autor. Vale comparar a capa de Holy Terror – Fixer dando um soco num cara de turbante – com a da estreia do Capitão América – em que Steve Rogers dá um soco em Adolf Hitler.
“Tem algo de visceral na HQ, mas também tem um nível em que ela precisa ser entretenimento. E é certamente propagandística. Acho que essa é uma palavra muito abusada. Acho que muito do que eu leio na internet e nos jornais é propaganda. Todo mundo, do New York Times a Rupert Murdoch, tem seu ponto de vista e lança sua própria propaganda. Eles não se desviam dos fatos, mas o jeito como interpretam e abordam eles é radicalmente diferente”, explica Miller.
Para deixar o intento ainda mais claro, o lançamento está previsto para a semana em que os ataques de 11 de setembro completam dez anos. Miller quer mesmo causar polêmica: “Espero que ela mexa com as pessoas. Não estou aqui para suavizar as coisas. Estamos vivendo numa época terrível e fomos transformados por ela. Até minha decisão de tornar isso um projeto sem o Batman faz parte. Eu ia querer desenhar um cara correndo atrás do Coringa? Não. O negócio agora é outro.”
O quadrinista ainda explica que a HQ tem cenas bastante pesadas, e que agradece à Legendary por ter topado publicar tudo. Por exemplo: “Do nada, agulhas começam a ser lançadas pelo ar, numa imagem muito forte. Os homens-bomba se enchem de pregos e rolamentos e lâminas e essas coisas todas. Quando o meu herói encontra um prego no joelho de uma vítima, vem tudo à tona.”
Nas páginas que você confere na galeria, dá para perceber que Miller não teve que mexer muito na arte para “apagar” Batman (e a Mulher-Gato?) da história. O que ele diz é que os desenhos representam um novo estágio no seu estilo, a que ele dá o nome extreme cartooning. “Tem interlúdios onde há imagens – imagens cartunescas – de figuras contemporâneas, e elas não têm texto algum. São os leitores que vão ter que colocar as palavras ali.”
O projeto por enquanto ainda não tem editora no Brasil. Lá fora, vai sair em edição com capa dura, formato horizontal (como o de 300) e custar 30 dólares.