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HQ: <i>Blade - A lâmina do imortal</i>

HQ: <i>Blade - A lâmina do imortal</i>

02.02.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15
Blade - A lâmina do imortal
4 ovos!

Há quase dois anos, a Conrad Editora, então no auge do sucesso de vendas do mangá DragonBall, prometeu publicar um dos mais interessantes gibis de samurai da atualidade: Mugen no jonin (O habitante do infinito) ou, como é conhecida nos Estados Unidos e na maior parte do mundo ocidental, Blade of the immortal.

Porém um loooongo período se passou e nada aconteceu. Nesse meio tempo, a Conrad terminou a publicação de DragonBall, demitiu editores, reduziu sua produção (mas aumentou seus preços!) e até cancelou (o termo usado foi teve a publicação temporariamente interrompida) um de seus mangás, Dr. Slump. Poucas pessoas acreditavam que Blade viesse realmente a ser publicada.

Porém a editora tardou mas não falhou. Blade já está nas bancas e deve ter periodicidade quinzenal! Parabéns à Conrad por cumprir suas promessas - se bem que ainda há outros títulos prometidos e ainda não publicados. Fica, então, a dúvida: Valeu a pena a espera?

O mangá em si claramente valeu. Blade conta a história de Manji, um samurai sem mestre transformado em imortal por vermes que habitam seu corpo e cicatrizam qualquer ferimento. As criaturas foram um presente da sacerdotisa Yaobikuni, que prometeu a Manji libertá-lo da imortalidade depois que matar mil homens maus. A chance de o fazer surge quando Manji encontra a jovem Rin, cujos pais foram mortos pelo renegado Anotsu e seus psicóticos discípulos, que pretendem destruir todos os estilos clássicos de esgrima do Japão em favor se seu próprio estilo Itto-Ryu. Manji e Rin então iniciam a caça a Anotsu e seus homens.

A história destoa muito de uma típica HQ de samurai. Manji e a maior parte das outras personagens importantes desprezam o sagrado código de conduta dos samurais (Bushido), falam gírias (e palavrões!) modernos e usam armas e trajes que nenhum guerreiro feudal ousaria empregar. No entanto, o autor Hiroaki Samura faz isso com criatividade e ironia, obtendo um resultado superior a, por exemplo, Samurai X. Manji é um Wolverine samurai que luta com figuras exóticas e absurdas como o vilão Kuroi Sabato (Black Sabbath em japonês!), mas a história tem a dose certa de drama e seriedade para equilibrar o humor. Não vai mudar a vida de ninguém, mas é uma das HQs mais legíveis e divertidas das bancas!

Ajuda muito a magnífica ilustração de Samura, que alterna lápis e nanquim com surpreendente naturalidade e cria cenas de grande impacto com uma freqüência assustadora. Ele pode não ser o melhor desenhista de mangá publicado por aqui (Takehiko Inoue de Vagabond é páreo duro), mas é certamente um dos mais competentes.

Com esse tipo de material em mãos, a Conrad colaborou fazendo uma edição bastante caprichada. Temia-se que a arte pudesse sofrer os problemas de reprodução que afetam 90% das HQs publicadas no Brasil, mas a editora se superou e a reprodução nacional, especialmente nas seqüências desenhadas a lápis, ficou superior às de vários outros países (Estados Unidos inclusive!). Além disso, o mangá teve tradução de alta qualidade e, para coroar o esforço, ainda inclui mini-posteres coloridos no interior das capas dobráveis! Ótima iniciativa!

Todavia, nem tudo são flores. Para manter os preços baixos, a editora publicou o gibi no mesmo papel de qualidade inferior em que publica a maior parte de sua linha atual. Não me parece uma decisão das mais brilhantes. O mangá é claramente voltado para uma faixa de público mais seleta e não tem grandes chances de vender os centenas de milhares de exemplares de um DragonBall, qualquer que seja seu preço de capa. O Vagabond da mesma Conrad, com papel superior, custa algo em torno de um real a mais e é destinado a um público bem similar. Posso entender as razões da Conrad em publicar One piece dessa forma, mas fazer o mesmo com Blade é um desperdício.

O título também ficou esquisito. Blade - A lâmina do imortal parece um daqueles filmes do SBT em que o nome em inglês é seguindo de um subtítulo que é apenas a tradução do original. Por que não utilizar apenas um ou outro? Mistério. E a exclusão do of the immortal deixa para os desavisados a impressão de que a série se refere a um certo caçador de vampiros da Marvel Comics...

No cômputo geral, é um dos títulos mais interessantes do mercado. Poderia sair em papel de melhor qualidade (e duvido que isso afetasse as vendas...), mas as numerosas outras qualidades da edição nacional superam esse pequeno problema.

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