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A Opera Graphica Editora lançou mais um volume da Coleção Opera King. Desta vez, o destaque é a premiada personagem o Reizinho, criado em 1930 pelo artista norte-americano Otto Soglow, para ilustrar as páginas da prestigiada revista The New Yorker. Três anos depois, a criação de Soglow passou às tiras de humor publicadas na imprensa e distribuídas pelo King Features Syndicate, ali permanecendo até 1975, quando o autor faleceu.
Com um traço simples, mas sofisticado, Soglow conduzia as travessuras e peripécias cômicas de sua personagem quase sem precisar de palavras. Não que o Reizinho seja mudo: ele fala com seus súditos e serviçais. Mas ao leitor era vedado escutar sua voz. E nem é preciso, uma vez que o artista consegue, por meio de gestos e posturas transmitir as ações e sentimentos do pequeno e obeso monarca. Nesse sentido, ele se aproxima de outra personagem das tiras cômicas, Henry (conhecido no Brasil como Pinduca ou Carequinha, criado na década de 1930 por Carl Anderson), o garoto careca que também prescindia de elementos verbais para gerar situações humorísticas.
Nas tiras do Reizinho, o id tomou o poder. Soberano de um reino imaginário, localizado em algum lugar da Europa, ele se comporta como uma criança que não se rende aos imperativos de sua posição e às pressões da sociedade: espirra água nas costas de uma mulher durante uma recepção, desvia um desfile militar para comprar sorvetes, chupa pirulito escondido, empina pipas, dorme abraçado ao bichinho de pelúcia e encomenda ao escultor estátuas só para brincar nos jardins do palácio. Tudo o que faz e manda fazer é para seu deleite, como querem as crianças. Ele é, antes de tudo, uma criança em corpo de adulto que usa o poder que lhe foi concedido para fazer reinações.
Este volume dá prosseguimento à coleção que proporciona ao leitor de hoje contato com os principais artistas norte-americanos do século 20, criadores de personagens antológicas das tiras em quadrinhos, como Os Sobrinhos do Capitão, Popeye, Hagar, Pinduca, Recruta Zero, Mandrake, Betty Boop e Krazy Kat. E, para os mais velhos, serve para recordar o que melhor foi produzido na Nona Arte.
Coleção Opera King número 9 tem 100 páginas em preto e branco e custa R$14,90. A edição conta, ainda, com uma introdução escrita por José Sobral.
Roberto Elísio é pesquisador sênior do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. Jornalista, doutor em Comunicação pela ECA-USP, professor do Centro Universitário de São Caetano, é autor do livro Para reler os quadrinhos Disney (Editora Paulinas)
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