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Os Estados Unidos estão rapidamente se tornando a terra do quadrinho japonês. Desde que os lançamentos de encadernações de mangás no formato original (ou seja, com tamanho menor que o tradicional das HQs norte-americanas e a leitura de trás para a frente no estilo nipônico) começaram a fazer sucesso nas livrarias, graças ao trabalho de editoras como a Tokiopop, as vendas de quadrinhos nesses pontos chegaram a patamares nunca vistos.
O fato começou a atrair a atenção de empresas que não possuem tradição em publicação de HQs. A distribuidora de animês ADV Films, por exemplo, já anunciou o lançamento de uma linha de mangás para livrarias, incluindo séries como Those who hunt elves (cuja versão em animê é exibida no Brasil pela Locomotion). A editora especializada em livros japoneses Vertical Inc, que foi quem publicou nos Estados Unidos o livro em que se baseou o filme O Chamado, também entrou na jogada com o anúncio de que publicará o mangá Buda, clássico de Osamu Tezuka que conta a vida do fundador do budismo.
Mas a notícia mais impressionante é que a poderosa editora americana Random House fez um acordo com a editora japonesa Kodansha para lançar uma linha de mangás nos EUA! Ela será publicada pelo selo Del Rey da Random House (que já publicou vários dos livros baseados em Guerra nas Estrelas, por exemplo). Sinal de que os americanos estão levando o sucesso dos mangás a sério.
Mas as editoras americanas que já publicam histórias em quadrinhos japonesas também não estão sentadas de braços cruzados. A tradicional Viz Comics, pioneira do gênero e responsável pela versão americana da antologia de mangá Shonen Jump, também adotou o formato invertido da concorrência e derrubou seus preços para recuperar o terreno perdido. A Dark Horse, única das grandes editoras de quadrinhos americanas a investir sério no estilo, seguiu pelo mesmo caminho e anunciou novas séries de peso a serem publicadas nesse formato, como Trigun e a versão mangá de O Chamado, além de estar publicando clássicos como Lobo Solitário e os trabalhos de Osamu Tezuka em edições mais convencionais - com sentido de leitura americano. Mesmo a Tokiopop, líder do mercado, não fica quieta, anunciando novos lançamentos quase semanalmente (o mais recente é Fruit Basket, que é o gibi mais vendido no Japão nos últimos tempos) e, ainda mais impressionante, uma linha de mangás clássicos, que será encabeçada por Cyborg 009, de Shotaro Ishinomori.
A boa notícia desse enorme volume de lançamentos é que o americano típico está redescobrindo as HQs, depois de um longo período em que a mídia esteve relegada a segundo plano. Se as histórias em quadrinhos voltarem a ser uma forma de arte popular e bem sucedida nos Estados Unidos, inevitavelmente isso se repetirá em todo o mundo ocidental, incluindo o Brasil (fora países estranhos como França e Itália nos quais as HQs já são bem sucedidas).
A má notícia é que só os quadrinhos japoneses parecem estar se beneficiando desta nova Era de ouro. As HQs tradicionais americanas continuam vendendo muito mal. As vendas no mercado direto são pífias, os quadrinhos desapareceram das bancas americanas há anos (com exceção da imortal Archie Comics) e os lançamentos em livrarias não conseguem atingir o volume de vendas dos mangás.
A invasão dos quadrinhos orientais produziu resultados distintos nos países que atingiu. Na França, Itália e Brasil eles se tornaram apenas uma pequena porcentagem do total de quadrinhos vendidos, sem ameaçar o quadrinho local (antes que perguntem, no Brasil o quadrinho local em questão é Turma da Mônica). Mas na Espanha, cuja indústria local já estava em dificuldades, eles arrasaram a produção doméstica. Vale notar que a indústria de quadrinhos norte-americana já é frágil há muitos anos e, se não souber se adaptar para combater essa nova ameaça, pode estar vivendo seus últimos dias.
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