Após muitos pedidos, reclamações e ameaças de defenestração de nossos 7 bilhões de leitores, a Lá Fora volta a ser... quinzenal! A partir de agora alternaremos semanas com nossa irmã caçula Aqui Dentro, chefiada pelo cozinheiro xará Borgo.
E a Lá Fora agora tem nova fórmula! Além das tradicionais resenhas, também vou começar a listar os lançamentos mais importantes saindo nos EUA no mês, entre séries, minisséries, graphic novels e TPBs. Sempre, é claro, com aquele comentário cretino que eu sei que você adora.
Como sempre, estamos aqui para levar críticas, sugestões e ameaças de defenestração. Quem sabe até um elogio ou um convite pra bater papo sobre gibi, de vez em quando. Seja como for, espero que você se divirta. Boa leitura!
TOM STRONG #36
Fim. A série fundadora da linha Americas Best Comics se encerra no número 36. E Alan Moore vai dando seu adeus a pequenos passos.
A edição cruza com as últimas histórias de Promethea, que já saíram faz algum tempo e que contavam o fim do mundo (ou do mundo ABC). Tom Strong e família passam por grandes revelações enquanto Millenium City e o resto do planeta começam a cair aos pedaços. Mas como estamos falando de Alan Moore, o fim do mundo nem sempre é o que parece.
Da linha ABC, ainda faltam sair algumas minisséries e especiais - nas quais a participação de Moore é quase nula. Há os próximos capítulos de Liga Extraordinária, um terceiro e último volume de Terra Obscura e algo mais com Top 10, se não me falha a memória. Depois, Moore volta para as sombras. E fica pra gente decidir se os quadrinhos ainda valem a pena sem ele.
DRAX THE DESTROYER #4 (de 4)
Esta minissérie já teve sua última edição publicada há algum tempo, mas só li agora. E é muito boa! E olha que não sou chegado em sci-fi e histórias "cósmicas".
Pra começar, não é o Drax "Hulk do espaço", aquele monstrão verde e monga das histórias do Surfista Prateado. Keith Giffen reformulou o personagem e o colocou no meio de um bando de fugitivos de prisão intergaláctica que cai na Terra e decide dominar os terráqueos. O problema é a cidadezinha do Alaska por onde eles resolvem começar.
A ironia fina de Giffen e sua sátira de vários filmes de invasões alienígenas é o que faz a mini se destacar. Não é uma comédia, só uma história bem contada em um gênero já gasto. E com um novo e ótimo desenhista: Mitch Breitweiser.
Drax começa a entrar em conflito com os propósitos de seus comparsas, e se junta a uma menina terráquea - a melhor personagem - para impedir os planos de invasão. O único problema é que a história não tem fim - termina num gancho para o evento cósmico da Marvel este ano, Annihilation. O qual, pela primeira edição já lançada, deve virar um clichezão que, talvez, com sorte, terá outras minis aqui e ali da mesma qualidade de Drax. Vamos ver.
PUNISHER VS. BULLSEYE #5 (de 5)
Se ainda lhe resta alguma dúvida de que Daniel Way quer ser Garth Ennis, elas acabam aqui. Punisher vs. Bullseye tem mortes estúpidas, tem closes pro personagem falar frases de efeito envolvendo algo de baixo calão, tem criminosos obrigados a passar pelo ridículo...
Ah sim: também tem Steve Dillon. Aí você sente mesmo que está lendo uma edição de Preacher.
Só falta Way aprender que Ennis é bem mais do que piadinhas infames.
THE PULSE #14
Ah, não. Brian Bendis despedindo-se outra vez? Pior que é isso mesmo. E mais: também é o fim da série.
O fim de The Pulse me pegou de surpresa. Claro, o título nunca ganhou muita atenção do próprio autor, demorava séculos para ter edição nova e imagino que não era dos mais vendidos. Mas tinha seu charme, e muito!
As primeiras edições pegaram pesado, com um ponto de virada na vida do Homem-Aranha. Depois a série se aquietou, com histórias mais intimistas: primeiro um ponto-de-vista diferenciado da Guerra Secreta, em seguida o nascimento do bebê de Jessica, em paralelo às investigações de Phil Urich por um lado obscuro do universo Marvel. E acabou aí, de repente.
Tem um epílogo em New Avengers Annual, daqui a algumas semanas, com o casamento de Jessica e Luke Cage. Mas agora o Bendis não tem mais seu espaço à la Alias para explorar historinhas menos "cósmicas" com personagens em histórias solo. A não ser que Spider-Woman, sua próxima série, seja bem melhor do que minha expectativa diz.
EM ABRIL, LÁ FORA
MOON KNIGHT #1 (Marvel): É o Cavaleiro da Lua! A Marvel tem ressuscitado uma por uma todas as séries que teve em sua história, mas parece que finalmente se deu conta de que é necessário investir um pouquinho pro troço dar certo. Então, contratou o romancista Charlie Huston (para mim, um ilustre desconhecido) e colocou o sensação David Finch nos desenhos. Parece bom.
INFINITE CRISIS #6 (DC): Não, ainda não é o final, mas a mini anda tão interessante que vale uma chamadinha. Segundo o preview: um herói vai morrer, algo grande vai acontecer e chutar a cronologia em um ano e alguém vai ter que escolher que mundo morre e que mundo vive. Mas o que interessa é que Geoff Johns e Phil Jimenez estão fazendo isso de um jeito inesperadamente legal.
THE TOURIST (Image): Um mochileiro encontra o lugar que sempre quis em uma vila escocesa, mas descobre que a sua felicidade ali depende dos criminosos que administram um lucrativo negócio de narcóticos. Isso, em algum momento, me lembra A Praia. A graphic novel tem Brian Wood nos roteiros, que sempre merece uma olhada. Nos desenhos, o novato Toby Cypress.
B.P.R.D.: THE UNIVERSAL MACHINE #1 (Dark Horse): As minisséries de BPRD - o Departamento pro qual o Hellboy trabalhava - não têm nada de revolucionário, mas são ótimas leituras. Mike Mignola usa sua imaginação macabra para inventar uma ameaça que assusta de verdade, John Arcudi dá um ritmo legal à trama e Guy Davis desenha, como sempre, muito bem. A nova mini é um "recolher de pedaços" após a devastação que aconteceu nas minisséries passadas.
TPBs
LITTLE STAR (Oni Press): Certamente um dos melhores trabalhos do ano, Little Star é uma mezzo autobiografia de Andi Watson vivendo entre fraldas, choro, mamadeiras e mais fraldas. Ou seja, como ser papai de primeira viagem, com toda irritação, toda decepção, toda angústia e, raramente, um sorriso que faz tudo valer a pena. Repito: é um dos melhores quadrinhos do ano.
CHALLENGERS OF THE UNKNOWN: STOLEN MOMENTS, BORROWED TIME (DC): Howard Chaykin pega a essência dos Desafiadores do Desconhecido, de Jack Kirby, dá toques de American Flagg e lança uma aventura maluca com uma nova equipe. Leitura bastante divertida, especialmente para quem gosta de Chaykin.
ASTONISHING X-MEN VOL. 1 (Marvel): As 12 primeiras edições da melhor X-série em anos recheiam essa edição em capa dura! Joss Whedon e John Cassaday não precisam reinventar os mutantes, nem fazer grandes revelações, nem matar ninguém - só provam que ainda há boas histórias para contar com Wolverine e companhia. E a edição luxuosa dá o nível que a série merece.