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Os lançamentos nos EUA

20.03.2006, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H32

DAREDEVIL #81

O que Brian Michael Bendis e Alex Maleev fizeram em Daredevil foi pegar a linguagem dos seriados de TV - dos bons seriados de TV - e transportá-la para os quadrinhos. Enquanto a lei reinante é de que os quadrinhos se inspiram no cinema, é preciso reconhecer que os seriados americanos evoluíram muito nessa última década, especialmente em termos de estrutura e diálogos. Ficaram mais complexos.

No cinema, você tem uma história que deve ser espichada em duas horas, e na qual (salvo raras exceções) nunca se tocará novamente. Num episódio de seriado, você tem que preencher uma hora com algo de início-meio-fim e ter desenvolvimentos significativos da grande história. Sem saber quando, e se, a grande história terá um fim (o que lembra muito as revistas de super-heróis, não é mesmo?).

No cinema você quer resumir grandes temas em duas horas de diálogos curtos e situações curtas. Na TV, você tem o conflito entre o tempo do episódio e o tempo da série como um todo. O roteiro tem que ser ao mesmo tempo muito rápido e muito lento. Quando se resolve esse problema, você tem séries excelentes como Sopranos, West Wing e outras.

Bendis trouxe isso para Daredevil. Em cada edição, ou em cada arco de histórias, havia início, meio e fim da abordagem de um tema específico referente ao herói. E em cada uma delas avançava-se também dentro da grande história - no caso, a revelação da identidade secreta de Matt Murdock. Os desenhos altamente expressivos de Maleev colaboravam com esse ritmo. Os vários quadros sem diálogo diziam muito de forma rápida, às vezes mais rápida que os diálogos certeiros de Bendis.

E, por fim, não há dúvida que esses quatros anos da série mexeram muito com o Demolidor. A dupla de criadores fecha sua grande história com um arco tenso, em que o Rei dá sua última cartada contra o Homem Sem Medo. E as coisas não se resolvem muito bem... Essa sacudida no herói não poderia ter vindo em melhor hora.

Já saíram as primeiras edições da nova equipe criativa, Ed Brubaker e Michael Lark. Certamente não é a mesma coisa, mas Brubaker tem um bom texto (Sleeper era excelente). Só falta criar em mim o entusiasmo que tinha pelas edições de Bendis e Maleev.

CAPTAIN AMERICA #14

Batman teve a sua, Homem-Aranha teve a sua, Super-Homem teve a sua, Wolverine também. É a vez do Capitão América ter sua Grande Aventura Cinematográfica.

O recém mencionado Ed Brubaker é o responsável por um intrincado roteiro envolvendo a morte do Caveira Vermelha, o Cubo Cósmico, um perigoso terrorista russo e - já não deve ser novidade para ninguém - a volta de Bucky, o parceiro mirim do Capitão que todos acreditavam morto desde a Segunda Guerra.

É uma história que, na verdade, ainda não acabou, mas vem avançando forte e concisamente desde a primeira edição da nova série. A edição 14 é um ponto de virada, em que você finalmente entende tudo o que aconteceu até agora. Falta então uma definição do que vai ser de Bucky e o Capitão.

Nos desenhos, Steve Epting (às vezes substituído por Michael Lark) adota um estilo clássico, com alguns momentos de maior dinamismo e expressividade. E certamente bastante escuro e misterioso. Fecha perfeitamente com o tom que Brubaker está dando à série.

BATMAN ANNUAL #25 / INFINITE CRISIS

Falando de parceiros mortos-vivos, também não deve ser novidade para você que Jason Todd pulou do túmulo, não é? A história de seu retorno vinha se arrastando em Batman, o título principal do homem-morcego, com Judd Winick escrevendo medianamente.

Por pressão de Crise Infinita, a história tinha que chegar a um fim. Pois é nessa edição anual (fazia tempo que não apareciam esses anuais) que tudo se explica. E é algo que não cola. Uma desculpa apressada, que se serve da conturbação atual do universo DC. O tipo de coisa que deixa decenauta revendo o valor de sua coleção e de se preocupar com cronologia.

Por falar em Infinite Crisis... A minissérie principal da saga segue muito bem. Tem algumas explicações furadas para coisas que vêm acontecendo na DC, mas você pode fingir que não vê. Geoff Johns tem que contar uma história magnânima, e escolhe ângulos especiais para fazê-lo. Não sou muito fã de Johns, mas ele manda bem na mini.

Enquanto isso, a qualidade despenca em todas as séries do Universo DC, como em Batman. Histórias apressadas, todas tentando criar algum grande evento para fechá-las antes do reset e do pulo para "um ano depois". Espero que isso signifique que os escritores estão guardando força e idéias para os eventos pós- Crisis.

RAPIDINHAS

Revelations (Paul Jenkins/Humberto Ramos, seis edições, Dark Horse) vem na cola de O Código DaVinci - um assassinato no Vaticano leva um detetive inglês a desvendar uma conspiração milenar. E o tal detetive é uma cópia barata de Dylan Dog. É plágio que não chega mais.

Spider-Man/Black Cat: the evil that men do (Kevin Smith/Terry Dodson, seis edições, Marvel) começou em junho de 2002 e terminou em janeiro de 2006. Smith não é muito de respeitar prazos... e seus roteiros de quadrinhos estão decaindo tanto quanto seus filmes. Como Jersey Girl, sobra um diálogo bom aqui e outro ali. O resto você joga fora.

Em Defenders (Keith Giffen e J.M. DeMatteis/Kevin Maguire, cinco edições, Marvel), a histórica equipe da Liga da Justiça acha seu lugar na Marvel. E parece que eles sempre deveriam escrever os Defensores. O ritmo das piadas atravanca um pouco o roteiro, mas o humor é de alto nível.

Quer uma ótima história do Batman? Supreme Power: Nighthawk (Daniel Way/Steve Dillon, seis edições, Marvel). O herói de Poder Supremo se envolve numa aventura bastante cruel e violenta contra um (a obviedade chega a ser irônica) palhaço assassino. Bom, mas ninguém quer mesmo esconder que Nighthawk é um plágio de Batman...

PÓSTUMAS

Na mesma semana em que a última edição de Fantastic Four/Iron Man: Big in Japan chegou às lojas dos EUA, Seth Fisher caiu de um prédio em Osaka e faleceu. Fisher era um ilustrador de imaginação fantástica, e Big in Japan (quatro edições, roteiro de Zeb Wells) foi prova disso: os heróis da Marvel andam por uma Tóquio detalhadíssima enfrentando bizarríssimos (e obrigatórios, no Japão) monstros gigantes. O artista fez diversos trabalhos, especialmente para a DC (especiais de Lanterna Verde e Flash foram publicados no Brasil), mas nunca teve um que lhe projetasse. Se foi, como tantos, antes do tempo.

E em Tomorrow Stories Special #1, o monumental Will Eisner finalmente recebe uma digníssima homenagem do monumental Alan Moore. Em uma história de Greyshirt, Moore (com Rick Veitch nos desenhos) revê toda a obra de Eisner, de A a Z, e mostra por que ele é um dos mais importantes fundadores (se não o mais importante) dos quadrinhos americanos.

TPBs

Em março:

CAPTAIN AMERICA: WINTER SOLDIER V1 (Marvel): já falei ali em cima. São as primeiras edições da nova série do Capitão, com o início da trama envolvendo Caveira Vermelha, o Cubo Cósmico e Bucky. Roteiro e desenhos de alto nível.

ULTIMATE IRON MAN V1 (Marvel): Orson Scott Card e Andy Kubert apresentam a difícil infância de Tony Stark no universo Ultimate. O que você faria se fosse um experimento científico de seu pai?

SEVEN SOLDIERS OF VICTORY V2 (DC): Segundo dos quatro volumes que reúnem a saga montada por Grant Morrison com heróis de terceira da DC.

BLACK PANTHER: WHO IS THE BLACK PANTHER (Marvel): As primeiras edições da nova série do Pantera Negra, com ótimo roteiro de Reginald Hudlin e a arte sempre fantástica de John Romita Jr.

DAREDEVIL: THE MURDOCK PAPERS (Marvel): as últimas edições de Bendis e Maleev já estão nessa coletânea, que coloca a vida de Matt Murdock de cabeça pra baixo.

INVINCIBLE: ULTIMATE COLLECTION V2 (Image): Reunindo uma tonelada de edições de Invincible essa megacoletânea traz 300 páginas do segundo capítulo da vida de Mark Grayson. E a visão diferenciada dos super-heróis de Robert Kirkman e Ryan Ottley continua.

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