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Coincidências acontecem? No mesmo dia em que a última edição do megaevento da DC em 2006, Infinite Crisis, chega às lojas, vem acompanhada dos primeiros tiros do megaevento da Marvel de 2006, Civil War. Infinite Crisis #7 e Civil War #1, dois dos lançamentos mais importantes do ano no mercado norte-americano, saíram nesta quarta-feira.
É claro que a Lá Fora teve que fazer um plantão.
O clímax da Crise Infinita é uma bagunça. Obviamente, é recheada de acontecimentos impactantes para o universo DC; na média, uns dois por página. Enquanto nas primeiras edições a proposta da mini era apresentada de uma forma mais simples, até com algumas metáforas para a falta de ética dos heróis contemporâneos, o final é um pega-pra-capar com muita coisa pra ser dita, que nenhum roteirista conseguiria estruturar para uma leitura agradável. Geoff Johns não conseguiu.
Tem mortes, muitas mortes (mas de ninguém importante, óbvio), tem quase-mortes, tem brigas cheias de raios e socos e personagens irados, tem algumas homenagens a cenas de Crise nas Infinitas Terras e tem heróis tomando grandes decisões, inclusive Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha tomando uma decisão conjunta muito mal-explicada.
Além disso, a edição tem quatro desenhistas: Phil Jimenez, George Pérez (quase indistinguíveis) e os brasileiros Ivan Reis e Joe Bennett, o que cria uma certa quebra de seqüência na revista. Bennett (acho que é dele, pois o desenho não é creditado) é o responsável por um quadro de página dupla que mostra os heróis mais importantes da DC atual - e que parece ter sido desenhado muito às pressas...
Em suma, o cross-over estava bem interessante no início, mas descambou para uma confusão na qual não entendi o que ficou alterado no Universo DC. A idéia, aparentemente, era só dar um novo estímulo para os leitores. As várias edições "one year later" esgotadas provam que a estratégia deu certo.
Enquanto isso, na Marvel...
Na Guerra Civil da Marvel, estamos na primeira edição, então Mark Millar navega num mar de tranqüilidade, usando toda a revista apenas para definir o palco do espetáculo. Tomara que isso não signifique uma edição 7 como a de Infinite Crisis, em que tudo tem que ser resolvido às pressas. Da mesma forma, espero que os fantásticos desenhos de Steve McNiven não tenham que ser apressados lá pelo final.
Como já mostravam os previews, tudo começa com uma aventura do grupo teen Novos Guerreiros em que as coisas dão muito errado, e o vilão Nitro explode não só os heróis, mas todo uma escola de uma pequena cidade norte-americana - em horário de aula. O pior de tudo: a aventura é toda capturada em vídeo, como parte do reality show estrelado pelos Novos Guerreiros.
As imagens na TV abastecem a sociedade norte-americana em uma cruzada contra os super-heróis. Nas ruas, as mesmas pessoas que antes pediam autógrafos agora jogam garrafas ou cospem nos supers. Um projeto de lei que obriga o registro de todos vigilantes, que já tramitava pelo legislativo dos EUA, ganha mais força para entrar em vigor.
O que os heróis acham? Alguns concordam com a lei, outros não. É essa divisão que vai levar à Guerra Civil. A edição acaba com o Homem-de-Ferro falando aos deputados para seguir com a promulgação da lei de registro, e que deixem que ele (junto de Reed Richards e Hank Pym) lide com o Capitão América - o mais ativo opositor.
Civil War está chamando a atenção da mídia norte-americana por ser uma crítica à política real de limitação das liberdades individuais do país - há poucas semanas, por exemplo, foi revelado um escândalo de escutas eletrônicas secretas mantidas pelo governo. Até super-heróis criticando Washington? Prato cheio para os jornais. O que deve refletir nas vendas.
Civil War tem sete meses pela frente, não só em sua minissérie, mas por quase todas as séries da Marvel (além de algumas minis paralelas). Infinite Crisis desemboca em 52, o ambicioso projeto da DC de uma maxissérie semanal contando todo o ano que se passou em seu universo após a Crise. A competição, portanto - e como sempre -, continua!
