Uma das obras-primas de Alan Moore, escrita nos anos 80, Miracleman está "proibida" há mais de uma década por conta de uma pendenga jurídica. Mas isso pode mudar.
Na mesma época em que estava escrevendo Monstro do Pântano e Watchmen, Moore ressuscitou o personagem inglês dos anos 50 - uma cópia descarada do Capitão Marvel (Shazam) dos EUA - e desconstruiu o mito do super-herói: além de ter um parceiro mirim louco e sanguinário, Miracleman resolve assumir sua superioridade em relação aos homens e se torna rei do mundo.
Miracleman
É uma das HQs mais comentadas e menos lidas da história dos super-herói. E não acabou aí: após Moore, ninguém menos que Neil Gaiman, na época mais premiada de Sandman, assumiu a série para mostrar como um super-herói governa a Terra.
A falência da editora Eclipse, que publicava Miracleman, cortou as histórias de Gaiman pela metade. Além disso, criou um problema jurídico gigantesco, pois disputa-se de quem seriam os direitos autorais sobre o personagem após o fim da editora. A pendenga envolveu Gaiman, Todd McFarlane (que comprou a Eclipse falida), editores e autores ingleses que já tinham trabalhado com o herói e, em certo ponto, até o editor da Marvel Joe Quesada (que queria resolver tudo com a ajuda de Alan Moore).
Moore, agora, diz que o problema está sendo resolvido. Em entrevista ao site da loja Forbidden Planet, ele diz que Mick Anglo, criador do personagem nos anos 50, é o verdadeiro detentor dos direitos - e que até as histórias publicadas nos anos 80 ("mesmo que Mick tenha gostado delas", diz Moore) foram uso ilegal de seu personagem. Segundo as palavras de Moore, o caso parece já ter se resolvido na justiça.
"Acredito que esse negócio com Todd McFarlane, aquela coisa ridícula de ele dizer que o personagem era dele, foi retirada, então podemos seguir em frente. Acho que vão republicar algumas coisas minhas, mas não tenho certeza dos detalhes", diz Moore, que ressalta que Mick Anglo ainda é vivo (tem 92 anos) e precisa de dinheiro para tratar da esposa doente. Moore abriria mão de seu pagamento para deixá-lo a Anglo. Em função dessa urgência, coletâneas de Miracleman estariam sendo preparadas apressadamente.
"Também me perguntaram sobre a possibilidade de desenhos animados com Miracleman e eu falei 'não use meu nome e dê todo o dinheiro para Mick Anglo'", continua Moore. O autor também usou, com autorização, outro personagem de Anglo dos anos 50, Captain Universe, no recém-lançado terceiro volume de Liga Extraordinária.
Resta saber quem publicará o material e quando ele sairá. E mais: se Gaiman aceitaria encerrar a história que deixou inacabada nos anos 90. Aguarde novidades e fique na expectativa para que esse material - leitura obrigatória para quem gosta de Alan Moore, quadrinhos, super-heróis etc. - realmente veja a luz do dia de novo.