Stephen Ross Gerber, escritor de quadrinhos que foi uma das forças criativas da Marvel na década de 70, faleceu no último domingo aos 60 anos. Ele sofria de fibrose pulmonar e estava na lista de espera por um transplante desde o ano passado.
A criação mais memorável de Gerber é Howard, o Pato, uma das figuras bizarras dos quadrinhos dos anos 70: um pato falante, de terno, sempre com um charuto na boca, que criticava a cultura e a política dos EUA em aparições esporádicas nos quadrinhos de terror da Marvel. O personagem fez tanto sucesso que ganhou revista própria, tira de jornal e, em 1986, um adaptação para o cinema. Segundo o historiador dos quadrinhos (e amigo de Gerber) Mark Evanier, Howard era uma representação autobiográfica de seu criador.
howard, the duck
Foi a partir de Howard que Gerber envolveu-se na briga por direitos autorais nos quadrinhos. Quando a Marvel colocou outro escritor na tira do pato, Gerber processou a editora, pois tinha contrato para ser o único roteirista do personagem. Ele acabou sendo demitido da Marvel e chegou a um acerto com a editora fora dos tribunais.
Nos anos 80, colaborando apenas esporadicamente com os quadrinhos, Gerber envolveu-se com desenhos animados na Hanna-Barbera. Criou Thundarr, o Bárbaro, e trabalhou em séries como Comandos em Ação, Transformers e Caverna do Dragão. Nos anos 90, ajudou a criar o universo de heróis da editora Malibu e colaborou com a Image.
Mais recentemente, ele chegou a escrever uma última minissérie de Howard para a Marvel (dentro da linha Max - inédita no Brasil), criou a elogiada série Hard Time para a DC (já concluída) e vinha escrevendo histórias do Sr. Destino para a minissérie Countdown to Mystery. Ele estava trabalhando nos últimos números da mini enquanto hospitalizado em Las Vegas, antes de falecer.
Gerber é uma figura ímpar para os quadrinhos estadunidenses. Seus roteiros fugiam da mesmice das HQs Marvel dos anos 70 (e inclusive da Image dos anos 90), com muita ironia e crítica social. Também foi um dos primeiros a se revoltar contra editores e editoras, não querendo ser apenas um mero roteirista, mas um defensor de seus direitos como criador. Foi esta personalidade fora dos padrões que o levou a comentar o avanço de seu problema de saúde em seu blog, ao longo de 2007, mantendo o bom humor.
Foi esta personalidade que também nos garantiu uma série de histórias memoráveis.