Peter Quini tornou-se um dos grandes nomes do Artists' Alley na CCXP. Desde o primeiro evento realizado em 2014, o ilustrador de 25 anos compra um pôster oficial da convenção e pede para todos os participantes assinarem a arte, que este ano foi criada pelo brasileiro Felipe Massafera em homenagem a Jack Kirby.
“A minha vontade era comprar um quadrinho ou alguma coisa de cada um. Mas é muita gente e é muito dinheiro. Aí falaram pra mim: ‘por que você não pega o pôster oficial e assina o nome de todo mundo?’. Mas falaram de brincadeira, acharam que eu não ia fazer. Falei: desafio aceito. O legal é que fui de mesa em mesa e fui conversando com todo mundo. No segundo ano fui de novo e, no terceiro, era muita gente e cheguei a ficar desanimado. Mas me falaram que eu tinha uma missão e então fui. E o legal é que as pessoas começaram a reconhecer”, afirmou.
Normalmente, quadrinistas estrangeiros cobram por um autógrafo, como é o caso de Humberto Ramos. Porém, ao ver o esforço e o trabalho de Quini, ele decidiu assinar sem cobrar nada. “Teve uma história engraçada esse ano que um dos participantes estava bebendo água e me viu. Então, ele veio correndo para assinar”, explicou.
Como precisa lidar com vários artistas, muitas vezes o jovem encontrou alguns mais indispostos do que outros. “Quando fui falar com o Simon Bisley [conhecido por seu trabalho em Lobo] a tradutora logo falou pra mim: ‘ele está meio bravo hoje’. Mas depois que viu decidiu colocar o nome dele também”.
Apesar de entrar em contato com diversos trabalhos, o jovem explica que não foi nenhuma HQ a sua maior recompensa de percorrer todo o AA ao longo destes quatro anos. Para ele, seu maior presente foi entender o quanto a comunidade de artistas é unida. “Em 2016 eu estava desempregado e sempre trabalhei com ilustrações. Por isso, decidi levar meu sketchbook para os caras verem e muitos deles começaram a me dar dicas do que fazer e do que falar pra encontrar um trabalho. Eu comecei a entregar meu currículo e fazer entrevistas do jeito que falaram e não demorou muito para conseguir um emprego. Então, a melhor coisa que eu encontrei não foi um quadrinho, mas sim entender que a comunidade é muito unida e se ajuda sempre”.
Por conta disso, o garoto agora incentiva outros a fazerem o mesmo e diz que já encontrou pessoas buscando a assinatura dos quadrinistas do evento. “Quem puder deve fazer isso, pois você entra em contato com muita gente boa”, finalizou.
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