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É o fim da era da diversidade étnica na Marvel?

Editora debate publicamente sua queda nas vendas e executivos colocam panos quentes

03.04.2017, às 18H08.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Depois de levar derrotas mensais da DC Comics no levantamento das HQs mais vendidas da distribuidora Diamond Comics desde metade do ano passado, a Marvel Comics chegou a um encontro com revendedores americanos na semana passada sob um clima de discussão de relacionamento. Como o site ICv2, especializado em coletar os números do mercado, foi convidado a assistir ao evento, boa parte dessa discussão se tornou uma controvérsia na mídia.

Ao ICv2, o vice-presidente sênior de vendas e marketing da Marvel, David Gabriel, disse que os revendedores atribuem a queda nas vendas, entre outros motivos, à diversificação étnica dos super-heróis da casa. "O que nós escutamos [dos revendedores] foi que as pessoas não queriam mais diversidade. Não queriam heroínas femininas. Foi isso que escutamos, acreditemos ou não. Não sei se isso é a verdade, mas foi o que identificamos nas vendas", diz Gabriel, em referência à queda gradual que a Marvel tem sentido desde outubro, enquanto o projeto editorial Rebirth da DC faz sucesso com a retomada do "feijão com arroz" em suas HQs, como a volta do Superman pré-Novos 52.

A declaração - assim como outras, em que os executivos falam dos bastidores da Marvel e de estratégias envolvendo sagas e a distribuição de trabalho a desenhistas - caiu mal junto aos profissionais da indústria e na imprensa americana, no mesmo dia em que a revista Forbes publicou um perfil do editor-chefe Axel Alonso exaltando justamente a busca da Marvel por mais personagens de minorias étnicas. Em seguida, também ao ICv2, Gabriel voltou atrás: "Nós também estivemos ouvindo de lojistas que recebem bem e celebram nossos novos personagens e títulos, e querem mais! Isso revigorou sua base de consumidores e ajudou-lhes a crescer. Então temos dois lados dessa história, e a única mudança que faremos é garantir que não percamos o foco no nossos heróis centrais".

Enquanto parte da indústria questiona os números da Diamond Comics - que detém o monopólio da distribuição a comic shops e livrarias mas não interfere no mercado de HQs digitais, onde frequentemente se nota mais diversidade demográfica entre os leitores - a Marvel já esboça uma volta a histórias mais tradicionais. A recém-anunciada minissérie Generations vai colocar heróis tradicionais como Steve Rogers, Tony Stark e mesmo personagens falecidos como Wolverine e Capitão Marvel lado a lado com seus recentes substitutos - no caso, Sam Wilson como Capitão América, Riri Williams como titular da série do Homem de Ferro, X-23 como Wolverine e Carol Danvers como Capitã Marvel.

Hoje, algumas séries de personagens "de minoria", como a Ms. Marvel com Kamala Khan e a HQ da Garota Esquilo, representam sucessos pontuais na Marvel junto ao público que frequenta convenções e gera discussões sobre suas séries. É provável que Secret Empire, saga sobre a transformação do Capitão América em um agente da HYDRA, com forte carga política (Steve Rogers toma o poder e institui um regime fascista com a HYDRA nos EUA), seja ums das últimas jogadas da atual Marvel no sentido de tornar seu universo de heróis mais engajado e politizado como um todo. Vamos ver como o mercado responde à minissérie, que começa a sair com um número zero em abril.

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