 |
 |
 |
No último dia do festival de quadrinhos de Angoulême, foi revelado o nome do vencedor do Grande Prêmio do festival, que substituirá Régis Loisel (ganhador do ano passado) como presidente do festival no ano que vem. E ele é Zep, criador do sucesso Titeuf.
Com apenas 36 anos de idade, Zep (pseudônimo do suíço Philippe Chappuis) é talvez o mais jovem criador de HQs a receber o prêmio, consagração máxima da indústria de quadrinhos européia. Ativo desde tenra idade, criou o seu primeiro fanzine, intitulado Zep em homenagem ao grupo de rock Led Zeppelin, aos doze anos! Posteriormente, adotou o nome como seu pseudônimo. Depois, colaborou com diversas outras publicações, entre as quais a tradicional revista belga Spirou.
Inspirada em suas próprias lembranças de infância, sua grande criação, o enfant terrible Titeuf surgiu em 1993 pela editora Glenat. Seu primeiro álbum foi editado em P&B, algo bastante incomum na HQ européia, tamanha a falta de confiança da editora em seu trabalho. No entanto, as aventuras do moleque sempre curioso para descobrir as verdades da vida caíram no gosto das crianças francesas, que se identificaram imediatamente com a personagem e transformaram-na em ídolo e símbolo de sua geração. Titeuf imediatamente transformou-se em protagonista de desenhos animados, videogames e todo tipo de merchandising. Até ganhou sua própria HQ mensal (algo muito raro na França!), a revista Tchô!, que contém histórias dele e de diversas outras personagens infantis impulsionadas por seu sucesso. Protagonizou até mesmo um guia de educação sexual para crianças (!), Le guide du zizi sexuel, ilustrado por Zep.
Todavia, é nos álbuns que o sucesso de Titeuf pode ser medido. O mais recente (nono da série) teve uma tiragem inicial de um milhão e meio de exemplares! Calcula-se que, mesmo nos anos em que não se publicam novos álbuns (como em 2003), Titeuf venda um milhão de exemplares! Números estes que certamente serão inflados pela recente premiação.
Além de sucesso de público e crítica, Titeuf também participa de causas mais nobres. Recentemente, Zep envolveu sua personagem em uma campanha da Handicap International (uma associação de assistência aos deficientes), o que lhe valeu outro destaque em Angoulême: O Prêmio da Comunicação.
A premiação de Zep é um sinal da valorização da HQ infantil (que, afinal, é a única que forma novos leitores) e é muito bem-vinda nestes tempos em que todos parecem querer fazer quadrinhos adultos e muito poucos se lembram que um bom quadrinho infantil pode ser tão ou mais apreciado por adultos quanto por crianças. É caso de Tio Patinhas de Carl Barks, a Turma da Mônica de Maurício de Souza e o Titeuf de Zep!
