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Queens Of The Stone Age | Analisamos Villains faixa a faixa

Banda flerta mais com sintetizadores mas ainda é capaz de fazer rock de fôlego

25.08.2017, às 13H21.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

O Queens Of The Stone Age lançou nesta sexta-feira o seu sexto álbum de estúdio, Villains. Com produção de Mark Ronson, o disco traz a promessa de um som mais dançante mas a banda de Josh Homme ainda é capaz de fazer um rock de fôlego. Na galeria abaixo, analisamos Villains faixa a faixa:

"Feet Don't Fail Me"

Em pouco mais de dois minutos, a faixa de abertura de Villains muda de estilo umas três vezes e desafia a expectativa do ouvinte. Começa estabelecendo uma atmosfera, com as cordas afrouxadas da guitarra de Josh Homme ainda se aquecendo, dando lugar ao sintetizador de new wave inglesa, depois de volta a um riff mais anos 2000, e por fim se estabelecendo na batida dançante, que dá o tom dessa fase mais malemolente da banda. A produção de Mark Ronson já se faz sentir na mistura, eclética e imediatista.

"The Way You Used to Do"

Neste faixa Mark Ronson se deixa pautar pelo referencial da banda ao invés de impor os seus. Ou seja, o primeiro single do disco evoca o rockabilly, as guitarras de Dick Dale e o som californiano dos antepassados do QOTSA. No disco, "The Way You Used to Do" sai sem sujeiras, sem muito peso, pensando num público mais amplo, e deve ficar melhor ao vivo.

"Villains of Circumstance"

Josh Homme quer ser o nosso Elvis e pelos primeiros vídeos de Villains - como o clipe de "The Way You Used To Do" divulgado no dia do aniversário da morte do Rei - essa pretensão se oficializou. Em "Villains of Circumstance", a faixa mais romântica do álbum, entendemos que a ambição não é descabida; a voz de Homme segue potente, melancólica, e a orquestração ao fundo torna esta de fato uma faixa épica como as de Elvis no fim de carreira. O fim é bem forte, trocando as muitas camadas de som por um solo de guitarra angustiado. Apesar dos altos e baixos, Villains termina triunfante.

"Hideaway"

Villains começa a perder o gás em mais esta balada, porque parece que a parceria da banda com Mark Ronson - marcada principalmente no flerte com os sintetizadores, mais presentes do que em ...Like Clockwork - não encontra uma afinidade natural com o som orgânico da banda, embora insista bastante na busca. É uma faixa que se parece mais com o Duran Duran recente produzido por Ronson do que com o Duran Duran das antigas.

"Domesticated Animals"

Josh Homme canta sobre revoluções, queimar pontes e sobre instigar uma geração jovem que perdeu o tesão. As cordas no refrão tentam dar à faixa um tom épico que soa forçado, porque o resto da música patina meio indeciso no ritmo que quer ter, e não oferece esse crescendo que o refrão precisaria e que justificaria a letra "incendiária".

"Un-Reborn Again"

Permanecer jovem ou morrer antes de envelhecer é o tema mais antigo do rock, e é curioso ver como o QOTSA retorna a esses temas com uma sensibilidade própria, com letras e ecos sonoros que dão um aspecto sinistro, sobrenatural, às tentações da juventude. A banda já tratou isso como um pesadelo sonoro outras vezes (especialmente em Lullabies to Paralyze) e agora Josh Homme parece focar seus contratos de juventude eterna com o Diabo (como a própria capa de Villains sugere) no lado da fama e da luxúria. 

"Fortress"

Outra que emula o pós-punk e a new wave inglesa, mas desta vez sem pesar muito nos sintetizadores e com um teclado mais atmosférico. "Fortress" lembra "The Killing Moon" do Echo & the Bunnymen e é, até aqui em Villains, a faixa mais bem resolvida na sua vocação comercial e na mistura do referencial oitentista com o estilo característico do QOTSA, cujas baladas ganham potencial quando a voz de Homme e sua guitarra se entendem na melancolia.

"Head Like a Haunted House"

Com um começo que lembra "3's & 7's" e as canções mais velozes da banda, a faixa imediatamente evoca os tempos em que Josh Homme se desafiava compondo riffs complexos para rock de consumo rapidíssimo. Se ainda existisse Guitar Hero, "Head Like a Haunted House" seria um daqueles estágios finais do jogo, e esta faixa deve ser o mais próximo que a banda já chegou de soar como o Dead Kennedys.

"The Evil Has Landed"

Típica faixa que a banda usaria para fechar um show. É possível ter uns déja vùs em "The Evil Has Landed" do desert rock original do QOTSA na forma como a guitarra parece dar voltas e voltas em torno do seu riff, uma insistência sonora que sempre serviu no som da banda para hipnotizar e extenuar os fãs. A questão é saber se o próprio Josh Homme ainda tem gás para esse tipo de duelo e de fato ser o nosso Elvis da estamina.

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