Hits e solos de Slash valem o ingresso do Guns N' Roses no Rock in Rio

Nem tudo é um mar de rosas nas apresentações do Guns N' Roses, mas a banda tem lá suas armas para defender seu posto de headliner na noite desta quinta-feira (8), em sua quinta participação no Rock in Rio. Se a voz de Axl Rose já não é tão exuberante quanto nos anos 90 - e isso já é notório faz tempo -, o grupo ainda pode contar com os solos impecáveis de Slash, o repertório cheio de clássicos e a memória afetiva dos fãs.

Perto do que se viu em 2017, no mesmo Rock in Rio, é possível dizer que o vocalista fez melhores escolhas desta vez para chegar até o fim do show de 2h40 (quase uma hora a menos que o de cinco anos atrás). Ele optou por um tom mais grave sempre que possível, usou com moderação os falsetes e se manteve no limite da sua extensão vocal, empregando seus inconfundíveis agudos somente quando necessário. Além disso, o cantor tinha alguns momentos de descanso enquanto os demais integrantes da banda ganhavam o holofote, incluindo a hora em que o baixista Duff McKagan assume os vocais no cover de “Attitude”, do Misfits.

Axl também estava mais solto no palco, dançante, com fôlego para correr de um lado a outro, e demonstrou bom humor nas poucas interações com a plateia. "Como vocês estão? Vocês vêm sempre aqui?", perguntou, logo depois das duas primeiras músicas da noite, "It's so Easy" e "Mr. Brownstone". Mais tarde, ao apresentar a banda, fez graça ao "esquecer" de citar Slash, depois de anunciar McKagan, o guitarrista Richard Fortus, o baterista Frank Ferrer e os tecladistas Dizzy Reed e Melissa Reese. "Já foi todo mundo", disparou, antes de finalmente deixar o músico brilhar (e ser ovacionado) em mais um de seus solos marcantes. O único deslize do vocalista foi ter saudado "Brasília" em vez de Rio de Janeiro.

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O repertório da noite seguiu a linha do que o Guns vinha apresentando em seus shows mais recentes: vários hits, como "Welcome to the Jungle", "Live and Let Die" e "You Could Be Mine", costurando o roteiro e duas "novidades" - as faixas "Absurd" e "Hard Skool", sobras do álbum "Chinese Democracy", de 2008, que foram lançadas este ano em EP.

É uma pena que esse bloco, lá pela metade do show, tenha encontrado uma Cidade do Rock esvaziada. Depois de 1h da manhã de uma sexta-feira, era mesmo esperado que nem todo mundo ficasse até o final. Mas não deixa de ser curioso que, quando encerrou a penúltima apresentação do festival esta noite, o vocalista Damiano David, do Måneskin, tenha dito que era difícil tocar antes do Guns N' Roses, a quem chamou de "lendas". O que se viu, no entanto, foi o inverso: a plateia animada com a performance dos italianos deu lugar a um público disperso a maior parte do tempo durante o show principal.

Quem saiu mais cedo perdeu alguns dos maiores clássicos do Guns, que costumam ficar para o fim. A sequência de "Civil War", "Sweet Child o' Mine" e "November Rain" animou os fãs, que cantaram junto. Pouco depois, Axl surgiu em cena com bandeiras da Grã-Bretanha estampadas na camisa e no chapéu, durante "Knockin' on Heaven's Door", no mesmo dia da morte da rainha Elizabeth II.

O bis ainda reservava munição pesada como os hits "Patience" (que ganhou uma introdução de "Blackbird", dos Beatles, e gerou o coro mais bonito do show), "Don't Cry" e "Paradise City". Um prêmio e tanto para quem teve, afinal, paciência.

Setlist

It's So Easy
Mr. Brownstone
Chinese Democracy
Slither
Welcome to the Jungle
Better
Double Talkin' Jive
Live and Let Die
Estranged
Rocket Queen
You Could Be Mine
Attitude
Absurd
Hard Skool
Civil War
Sweet Child o' Mine
November Rain
Wichita Lineman
Knockin' on Heaven's Door
Nightrain

Bis:
Patience
Don't Cry
Paradise City