As "Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja". Essa é a tradução literal do título criado por Kevin Eastman e Peter Laird, mas, por algum motivo, a parte do "adolescentes" sempre parecia ser ignorada. Apesar do quarteto protagonista sempre ter sido "radical", espirituoso e até rebelde, raramente os vimos passando pelos traumas e dramas do período mais confuso de nossas vidas. Talvez por isso Tartarugas Ninja: Caos Mutante pareça tão novo mesmo quase 40 anos desde que os heróis de casca-grossa estamparam as páginas pela primeira vez.
Enquanto algumas adaptações, como a subestimada animação de 2012 ou a divisiva O Despertar das Tartarugas Ninja, tenham emulado essa juventude, elas às vezes soavam fingidas nas vozes de veteranos da dublagem. A aposta de Jeff Rowe e Seth Rogen em um quarteto protagonista da mesma idade que os personagens e sua confiança em permitir que os garotos improvisassem muitas de suas interações dá a Caos Mutante uma verossimilhança rara para a franquia, que completa 40 anos em 2023.
A opção por um traço quase infantil também faz sentido. Tão caótica quanto seu título indica, a produção, exibida na San Diego Comic-Con, tem algumas das formas, cores e designs mais bizarros já vistos em uma produção das Tartarugas. Ao mesmo tempo, há um carinho claro pela aparência clássica que os fãs aprenderam a amar ao longo de quatro décadas e adaptações nas mais diferentes mídias.
Tudo em Caos Mutante trabalha em prol da comédia. Cada detalhe das cenas de ação, flashbacks e pizzadas é rico e traz uma piada diferente para auxiliar na construção desse mundo ora encantador, ora grotesco idealizado por Rowe, Rogen e companhia. Afiado, o humor do filme é tão mérito dos cineastas quanto do carismático elenco principal, cuja liberdade para improvisar suas falas deu aos personagens personalidades divertidas e identificáveis.
Em apenas 20 minutos, Tartarugas Ninja: Caos Mutante já promete se tornar a versão favorita de muita gente. Pelo menos dos presentes no Hall H nesta quinta-feira.