A Marvel dedicou seu painel na San Diego Comic-Con 2019 para apresentar o line-up de projetos da Fase 4, e logo na timeline algo chamava a atenção: daqui para frente, o MCU não será mais exclusivo do cinema, mas sim compartilhado com as séries de TV do Disney+. O que parece fortalecer essa relação entre meios é WandaVision e a continuação de Doutor Estranho, batizada de Doctor Strange in the Multiverse Madness. Mas o que esperar desta união improvável? Se a Marvel realmente estiver falando sério sobre seu potencial transmídia, nada melhor para provar isso do que a adaptação de um dos melhores e mais renomados arcos das HQs: Dinastia M.
Antes de tudo, é preciso observar os sinais. O novo filme de Stephen Strange ainda não teve muitas informações reveladas, mas o seriado da Feiticeira Escarlate já foi alvo de muitas conversas de bastidores. Elisabeth Olsen declarou anteriormente que o programa terá uma estética de 1950 (como se pode observar no logo) e terá a presença do Visão (como sugere o título). É aí que as coisas ficam interessantes, com fortes rumores apontando que o herói de Paul Bettany retornará em uma espécie de adaptação de “Visão”, HQ de Tom King que mostra o personagem “criando” uma família tradicional norte-americana para ele mesmo, tentando levar uma vida normal.
Pela sua morte pelas mãos de Thanos, não há chances do Visão voltar dos mortos. Portanto não é absurdo apostar que Wanda será a responsável por imaginar uma realidade melhor para si própria - até o nome da série pode ser entendido como “Visão de Wanda” -, mas considerando o estado emocional que ela se encontra após uma série de traumas, é difícil acreditar que isso pode ter um final feliz - e assim vêm a oportunidade de levar “Dinastia M” para as telas.
Originalmente publicada em 2005, Dinastia M foi uma minissérie da Marvel em que a Feiticeira Escarlate, tomada pela noção de ter perdido seus filhos, perde o controle e volta contra os demais heróis, criando realidades paralelas “perfeitas” para cada um deles - até que alguns começam a perceber o disfarce. A saga é considerada uma das melhores não só da personagem, como também do Universo Marvel, e enquanto o MCU não tem a mesma vastidão de heróis ou então mesmas motivações para Wanda, todas as bases estão lá.
Uma possível adaptação sofre por ser complexa o bastante para não ser propriamente explicada em um único filme, mas também importante demais para ser usada em uma série derivada de streaming. Agora a união dos dois? Talvez possa funcionar.
Insanidade do multiverso
Entender o papel do Doutor Estranho nisso tudo pode se tornar muito especulativo, mas é certo que, num eventual descontrole da Feiticeira Escarlate, só alguém com muito conhecimento de outras dimensões ou magia seria capaz de enfrentá-la e voltar tudo ao normal. Mesmo assim o processo não deve ser nada agradável. Não só o título ressalta que o Mago Supremo terá de lidar com o caos de inúmeras realidades diferentes, como também Benedict Cumberbatch revelou durante o painel na SDCC 2019 que vê a sequência como “o primeiro filme de terror do MCU”.
Após algo colossal como Ultimato, é difícil imaginar a Marvel apostando suas fichas em um conflito grandioso cheio de camadas, como Dinastia M, nas telas do cinema. Guerra Infinita, por exemplo, necessitou de uma década de preparação e também uma certa simplificada nas particularidades da trama das HQs. A mesma técnica pode se aplicar aqui: buscar o essencial da história original e incorporar no contexto dos personagens do Universo Cinematográfico. Considerando que tanto Wandavision quanto Doutor Estranho 2 estão marcados para 2021, o primeiro experimento de testar novas adaptações em menor escala pode não demorar muito para chegar.