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Artigo

<i>O julgamento do incrível Hulk</i>

<i>O julgamento do incrível Hulk</i>

25.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14
O julgamento do incrível Hulk
4 ovos!

faltou
quebradeira

Hulk esmaga advogadozinhos

Audacioso, o Ninja Sem Medo

Com direito a logotipo...

... o bom amigo David Banner...

... e o paizão, Stan Lee.

Fazendo pose

Alguém aí reclamou que o longa-metragem Demolidor - O homem sem medo (2003) não foi muito fiel ao original das HQs? Então, talvez não tenha tido a oportunidade de assistir ao piloto da série de TV do diabinho. Levante a mão o infeliz que se lembra do filme dirigido pelo próprio Bill Bixby, o ator que viveu o Dr. Banner?

Como a audiência do filme anterior foi expressiva, em 1989 foi a vez do Demolidor arriscar a sorte ao lado do mostrengo. E olha que o Golias Esmeralda facilitou bastante para o estreante.

Audacioso é a mãe!

Percorrendo os Estados Unidos em busca da cura para sua maldição, David Banner chega a Nova Iorque. Afinal, no filme anterior, sua vida de paz e tranqüilidade tinha ido para o buraco após a visita de Thor.

Assumindo a identidade falsa de David Belson e portando uma generosa barba, faz questão de permanecer incógnito. Todavia, Banner é um pára-raios de encrencas. Para seu azar, entram no mesmo vagão de metrô em que se encontra, dois criminosos que acabaram de cometer um crime. Exultantes, os malacos resolvem dar em cima de uma moça. Aí você sabe, seguindo a cartilha do seriado antigo, primeiro, meio a contragosto, nosso protagonista intervém. Obviamente, leva uma sova e, após um esverdeamento básico, dá o troco nos meliantes.

Vencidos os oponentes, o Verdão volta ao normal, mas acusado de estar mancomunado com os marginais, vai para trás das grades. Aí é que entra você sabe quem. Encarregado do caso, Matt Murdock acredita na inocência do azarado protagonista do filme. Acontece que a única pessoa capaz de inocentá-lo é a tal moça assediada no metrô. Infelizmente, a dita cuja foi seqüestrada pelo mafioso Wilson Fisk, pois poderia identificar os bandidos que cometeram o crime, comprometendo seus negócios.

Para encontrá-la, entra em cena a identidade secreta de Murdock, o intrépido Audacioso!!!!??

O diabo veste preto?

A alcunha Audacioso foi cortesia da inspirada dublagem brasileira, mas, no fim, veio a calhar. Assim, o nome do Demolidor não foi manchado de vez por aqui.

Trajando um singelo colante preto com uma tela na frente dos olhos, o esquálido herói que mais lembrava um ninja em fim de feira parte em busca de informações. Em meio a chutes fuleiros e uma irritante mania de simular efeitos sonoros com a boca (Tchúú!) ao desferir seus potentes golpes na marginália, ele até interroga um tal de Turco - e possível referência ao Tucão, tradicional informante do herói nas HQs.

Pelo menos, o Demolidor continua cego e com seu sentido de radar (aqui, uma visão infravermelha muito da sem-vergonha). Entretanto, não espere muito mais. Nem chifrinhos para justificar o Devil do nome ele tinha agora. Ausentes também estavam o amigo Foggy Nelson, a secretária Karen Page e vários outros componentes do mito. Ao menos, porém, havia um vilão de peso. Ou quase O Rei é interpretado de maneira inacreditavelmente cafona por John Rhys-Davies , hoje mais conhecido como o professor Arturo da série Sliders e como o anão Gimli de O senhor dos anéis. Calvo, de cavanhaque, usando um elegantérrimo óculos escuro, certamente devia estar numa situação financeira muito precária para aceitar o papel.

E o Vermelhão? Digo, Pretão? Ele é vivido por Rex Smith, que sequer finge que é cego.

Você deve estar se perguntando quem é esse sujeito. Smith já protagonizou uma série de razoável sucesso no Brasil chamada Moto laser, exibida na rede Globo nos longínquos anos 80. Como de praxe, os heróis daquele tempo (Águia de Fogo, Supermáquina ) tinham um arsenal de veículos negros (Helicóptero, carro ). Smith combatia o crime pilotando uma motoca que saltava longe e disparava laser.

Não tenho dúvidas de que o uniforme do Demol (oops!) Audacioso foi reaproveitamento do seu antigo macacão de motoqueiro.

Cadê o Hulk que estava aqui?

Banner aparece no tribunal. Pressionado, perde o controle e vira aquilo que todos conhecem. Quebra tudo, inclusive o banco do júri onde Stan Lee, seu co-criador, aproveita para fazer a tradicional ponta. Arremessa um policial do edifício e estrangula o promotor. Aí acorda, vira o Hulk de verdade e escapa da prisão.

Eis aí o julgamento mencionado no título dessa infame película. Era tudo de mentirinha. E a fuga? Nem aparece. Tudo o que vemos são barras retorcida e os urros do Abacatão. Sabe como é, a verba do filme era microscópica. Anticlímax, não? Aguarde mais.

Depois o audacioso Demolidor encontra Banner e revela, sem mais nem menos, sua identidade secreta. Juntos os dois vão a um depósito abandonado (onde mais?) no qual Fisk esconde sua refém. Obviamente, era uma armadilha. Dotado de algumas caixas de som, o bandidão neutraliza a superaudição do herói cego, tornando-o vítima fácil de meia dúzia de capangas de quinta categoria. Banner, então, vira Hulk de novo, dá o tradicional chega pra lá nos bandidos e salva o inválido justiceiro. Este presencia a criatura voltar ao normal e descobre seu manjado segredo.

Mais amigos que nunca, o par até engrena uma conversinha vagabunda sobre seus superpoderes e vão novamente ao resgate.

Fisk reuniu em seu edifício a nata dos criminosos para mostrar o vídeo da demolição do Audacioso. Acontece que o herói surge no meio da tela pondo todo mundo para correr; inclusive o próprio Rei do Crime, que escapa num inacreditável hovercraft voador - cortesia de um defeito especial capaz de corar até o Chapolim Colorado.

E o Verdão? Não quebrou mais nada?

Não precisou. Banner só subiu pelas escadas, pegou a refém e saiu numa boa. Isso sim é sistema de segurança eficiente, hein? Finda-se, então, antes do terço final da película, a participação do Hulk. É ou não é anticlimático? Ingrato, o Demolidor usa mal e porcamente o espaço gentilmente cedido pelo anfitrião.

O resultado dessa falta de dinheiro e criatividade toda? Um filme ruim, abaixo do nível do programa do Hulk e fraco demais para alavancar uma nova série.

Graças a Deus! Cá entre nós, o que esperar de um filme no qual Banner usa barba e, ao se transformar no monstrão esmeralda aparece de cara lisa, retornando ao visual peludo logo em seguida?

O problema deste filme, em comparação ao que o precedeu é justamente abrir mão do Hulk em prol de uma história mais normal. O anterior foi menos despretensioso e mais divertido, apesar dos pesares.

A preocupação em dar espaço do Demolidor sacrificou a ação. E o que é pior: os dois eles nem brigam. Apesar de todas as falhas, a audiência razoável justificou a produção de um último longa-metragem no ano seguinte.

No Brasil, o filme foi lançado em vídeo anos atrás, mas encontrá-lo é um feito quase impossível. Mesmo saindo em DVD nos Estados Unidos, ainda não há previsão de que o mesmo ocorra por aqui.

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