3%, a série distópica brasileira da Netflix, volta em 27 de abril para sua segunda remessa de episódios e muita coisa deverá mudar em relação ao primeiro ano - não só na história, mas também em termos de produção. O Omelete esteve no principal set de filmagem da nova temporada e conferiu o que deverá evoluir na nova fase da trama. De acordo com Tiago Mello, produtor executivo da atração, e com Pedro Aguilera, criador e showrunner, o foco principal está em uma expansão de universo: enquanto o primeiro ano se passa basicamente no processo de seleção, o segundo mergulhará no Continente e no misterioso Maralto.
"Na primeira temporada a gente conhece muito do universo a partir do processo, que é ponto central desse mundo dividido, e na segunda a gente não quis repetir a mesma história de novo e expandir muito mais dos dois mundos, entrando de cabeça do Maralto e no Continente", conta Aguilera, antes de enumerar alguns dos núcleos que terão destaque nos episódios inéditos. "A gente sempre viu tudo muito de relance e agora a gente mergulhar no mundo da igreja, da milícia, da causa, da divisão de segurança do Maralto. Isso foi o legal, dar mais concretude pra esse mundo".
Enquanto na primeira temporada, a locação principal foi a Arena Corinthians, na Zona Leste de São Paulo, para o segundo ano foi utilizado um enorme complexo no Brás, no Centro Expandido de São Paulo, para gravar algo em torno de 60 a 70% de todas as cenas dos novos episódios. O lugar, uma construção industrial desativada, serviu como a espinha dorsal do Continente, onde estão dois dos protagonistas, Joana (Vaneza Oliveira) e Fernando (Michel Gomes). “A gente tem mais de 20 cenários aqui e três galpões de arte. Construímos ainda uma estrutura de estúdios, onde, ao longo da série, a gente grava mais de 20 cenários. A gente só saiu para fazer o Maralto”, conta Mello.
Finalmente, o Maralto
O Maralto, fonte principal de curiosidade dos fãs do primeiro ano e onde estão Michele (Bianca Comparato) e Rafael (Rodolfo Valente), terá um visual que relaciona a lógica da sustentabilidade com avanços tecnológicos. Para chegar no resultado esperado, a equipe da série filmou no Instituto Inhotim, pólo de arte contemporânea localizado em Minas Gerais. É a primeira vez que o local serve de locação para uma série - Inhotim já foi cenário de documentários sobre o próprio espaço, mas nunca foi usado por uma obra de ficção. Além disso, para construir a imagem paradisíaca do Maralto, foram filmadas cenas em Guarujá, no litoral paulista, e em Atibaia, que serviu de locação para o CRT da série, um centro médico para onde são levadas as pessoas doentes.
“O Maralto é paradisíaco, é uma ilha, é verão, não tem aquela cara de futuro que a gente está acostumado a ver na maioria das produções, sem querer ser pretensioso como se a gente tivesse inventando algo totalmente novo”, contou o diretor de Arte Valdy Lopes. “Uma preocupação na primeira temporada era ver qual seria cara brasileira do futuro e às vezes a gente pensa o futuro de uma maneira muito estetizada ou tudo muito branco. A gente usou as cores e coisas que são bem focadas na natureza.”
Pedro Aguilera conta que a concepção do Maralto partiu de uma pesquisa extensa com diversos profissionais. "A gente conversou bastante sobre o Maralto mesmo antes de escrever os roteiros da primeira temporada. Sempre foi nossa intenção que o Maralto fosse um lugar bom de verdade, sem esquecer que ele está fundamentado em um processo extremamente injusto. Seria fácil se o Maralto fosse um lugar péssimo, a gente deveria se esforçar em pensar um lugar que a gente realmente gostaria de viver. Nessa segunda temporada, a ideia é ver como os personagens vão lidar com isso após atravessar o processo, que lado eles vão se posicionar em relação à manutenção do status quo."
Crescimento na produção
Além da quantidade de cenários, tudo parece ter aumentado na série. De acordo com Mello, isso esbarrou até na quantidade de personagens. “A gente tem nessa temporada 65 personagens na série, a primeira teve cerca de 40. A história pediu que tudo aumentasse”, contou Mello. “A gente teve uma cena com 100 figurantes, outra com 240 figurantes - foi o maior número de pessoas em cena nessa temporada”. Entre o elenco principal, há ainda vários rostos novos, como Fernanda Vasconcellos, Maria Flor, Cynthia Senek, Laila Garin e Samuel de Assis vivendo personagens que vão desde militares do Maralto até os mitológicos fundadores do Processo.
Sobre isso, inclusive, há outra expansão: nas linhas de tempo da nova temporada. Se a ponto de partida da primeira temporada é mais de um século após o fim da civilização, o segundo ano dá dois passos para trás e mostrará as origens do controverso Processo e a criação do Maralto. Além disso, o primeiro episódio retorna uma semana antes do próximo Processo, cerca de um ano após o fim da temporada anterior. Isso, é claro, não significa que o público ficará incólume ao que aconteceu no meio do caminho: a trama voltará em flashbacks para mostrar esse intervalo de tempo oculto.
3% é um thriller ambientado em um futuro pós-apocalíptico, onde somente 3% da população é aceita em uma sociedade privilegiada após todos serem submetidos a um processo intenso e competitivo. A primeira temporada já está disponível na Netflix. A nova temporada estreia em 27 de abril.