Séries e TV

Crítica

Arrested Development - 4ª Temporada | Crítica

Um saudável exercício mental aos orfãos da família Bluth

28.05.2013, às 01H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H25

Não foi um trabalho fácil reunir toda a família Bluth para a reunião, mas a Netflix conseguiu. A aguardada quarta temporada de Arrested Development trouxe de volta os nove membros do clã para uma intricada trama que exigiu mais de dez horas de uma tarde de domingo. Mas a maratona foi opcional, uma vez que Mitch Hurwitz, criador da série, veementemente aconselhou ir com calma.

Arrested Development

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Desfazendo um grande erro

Com 15 episódios, isoladamente centrados nos membros da família, o quarto ano de Arrested Development exigiu muito esforço de todos os envolvidos na série. Atores, roteiristas e produtores haviam seguido em frente com suas carreiras após o cancelamento, que aconteceu há sete anos. A dificuldade foi tamanha que há apenas uma cena em que os nove aparecem juntos, e ela ainda acaba diluída ao longo da temporada.

O formato proposto pela Netflix ajudou no desenvolvimento da trama, aprensentada como um filme de oito horas de duração. Complexa e cheia de flashbacks e flashforwards, foi necessário muita concentração para entender a linha temporal. Os quatro primeiros episódios são sofríveis, cheios de cenas picotadas e conversas que não fazem sentido. No entanto, são eles que dão base ao resto da história que, apesar de ficar mais acessível, não se torna mais fácil.

Um monstro de roteiro

A trama principal mostra a interação de um ou mais personagens, sejam eles da família Bluth, do elenco de coadjuvantes original ou algum convidado especial da nova temporada. Michael (Jason Bateman) é o fio condutor da narrativa e é o único a aparecer em todos os episódios. A partir dele é possível estabelecer um paralelo entre o restante da família e seus agregados.

Cada um segue por seu próprio caminho, mas sempre com a intervenção de um dos outros. O que mais surpreendeu na montagem da quarta temporada de Arrested Development foi o esmero usado para juntar todo esse conteúdo. É comum vermos uma mesma cena de três, quatro ângulos diferentes, deixando claro que não acontecia somente uma coisa naquele local e que as histórias se intercalam.

490 minutos depois

A escolha de assistir tudo de uma só vez foi minha e não me arrependo. Foi uma das maratonas mais difíceis que já fiz, além de ter sido extremamente cansativa. Após apenas algumas curtas pausas, um filme não-linear com mais de oito horas de duração estava sendo processado pelo meu cérebro, que se esforçou durante todo esse tempo para montar um enorme quebra-cabeça.

É certo que tudo fluiria mais suavemente se a escolha fosse assistir até dois episódios por dia. Contudo, a quarta temporada de Arrested Development não pode ser dada como convencional. Se exibida da forma como assistimos TV normalmente, um episódio por semana, informações se perderiam no passado e seria necessário relembrar o espectador com frequência do que aconteceu no início do ano.

A complexidade da trama é compreensível, levando em consideração que ficamos sete anos sem a comédia. É necessário explicar o que aconteceu com essas pessoas nesse "período sombrio". Contudo, a possibilidade de apresentar a série a um novo espectador é falha mesmo quando se reintroduz os integrantes da família Bluth e espalha ainda mais flashbacks entre cenas inéditas. É improvável que o novato entenda metade das piadas, que remetem a acontecimentos anteriores.

Deve-se apontar que a real intenção da Netflix, que disponibilizou os três primeiros anos da série cinco meses antes da estreia da nova temporada, foi fidelizar antes da chegada do quarto ano. Desta forma era possível conhecer a história da "família que perdeu tudo" para, depois, entender o que acontece com a "família que teve seu futuro abruptamente cancelado". A quarta temporada foi um esforço conjunto de fãs, que não deixaram que a série desvanecesse. Leigos precisam da introdução para poder acompanhar a quarta temporada. Afinal, o que temos aqui é uma continuação, não um reboot.

Arrested Development é uma comédia inteligente que comprova a necessidade de material de conteúdo nas TVs. Não é um humor fácil e repetitivo como tantas outras que vemos por aí, é o indício de que ainda há esperança.

Nota do Crítico
Bom

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